
Em 5 de novembro, a Barragem do Fund�o, no Complexo do Germano, pertencente � Samarco, se rompeu, liberando 50 milh�es de metros c�bicos de lama. Os rejeitos desceram como uma onda pelo vale, atingindo primeiramente a Barragem de Santar�m, que continha �gua, depois os distritos marianenses de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, e na sequ�ncia o munic�pio de Barra Longa, as calhas dos rios Gualaxo do Norte, do Carmo e Doce, seguindo neste �ltimo at� chegar ao mar. Ao todo, 18 pessoas morreram e uma continua desaparecida, no que � considerado o maior desastre socioambiental da hist�ria do pa�s.

A constru��o dos diques foi um dos primeiros termos acordados entre a Samarco e o MP, na tentativa de cessar o dano ambiental continuado que o carreamento de lama e min�rio da barragem rompida ainda representa para os cursos d’�gua. A primeira estrutura, denominada S1-A, � uma barragem de cinco metros de altura, erguida na desembocadura de lama da Barragem de Santar�m. Terminado em fevereiro, esse reservat�rio tem capacidade para 16 mil metros c�bicos (m3) de rejeitos, para decanta��o em um primeiro est�gio de limpeza da �gua.
O segundo dique, denominado S2-A, tinha altura semelhante e capacidade para 45 mil m3, mas, segundo o MP, n�o resistiu �s chuvas de janeiro e se rompeu. Foi reerguido, mas novamente n�o foi capaz de reter a lama e os rejeitos, que chegaram mais uma vez aos rios atingidos. Um terceiro dique, chamado S3, tem projeto para uma barragem atinja 11 metros de altura e capacidade para armazenar e decantar 1,3 milh�o de m3 de rejeitos de minera��o.
Por�m, segundo o promotor de Justi�a Mauro Ellovitch, a Samarco n�o dimensionou as estruturas de forma eficiente para reter o volume de lama, sobretudo durante as chuvas. Por isso, avalia, medidas complementares e urgentes precisam ser tomadas para estancar a degrada��o ambiental na Bacia do Rio Doce. “O planejamento est� equivocado e � ineficiente para conter os danos j� existentes, que dir� os futuros. Muito material ainda � carreado para os tr�s rios. A empresa tenta fazer obras, mas nossa an�lise � de que n�o s�o interven��es suficientes para a dimens�o do impacto, que claramente tem se agravado”, afirma o promotor.
Para Ellovitch, essa situa��o ilustra a fragilidade do acordo feito entre a Samarco, a Uni�o e os estados, que j� prev� valores para os danos ambientais. “A degrada��o ainda n�o terminou. Como se pode impor um teto de repara��o, se a empresa sequer consegue impedir que mais lama e rejeitos cheguem aos rios?”, questiona o promotor, acrescentando que novas medidas judiciais para exigir o estancamento da polui��o est�o sendo preparadas.

PROJETOS Questionada sobre a efic�cia das estruturas, a Samarco avaliou que os diques t�m apresentado “bons resultados” na redu��o da turbidez da �gua, e informou planejar novas estruturas para diminuir a concentra��o de sedimentos. Os t�cnicos afirmam que, nas �reas marginais dos rios Gualaxo e do Carmo, est� em andamento a revegeta��o emergencial com gram�neas (com mais de 400 hectares conclu�dos), visando � conten��o dos sedimentos depositados nas margens.
A empresa acrescentou que trabalha na dragagem do reservat�rio da Usina Hidrel�trica Risoleta Neves (Candonga), em Santa Cruz do Escalvado, que reteve grande quantidade de rejeitos ap�s o desastre. A a��o contribuir� para a melhoria de aspectos como cor e turbidez da �gua que segue pelo Rio Doce ap�s o barramento, segundo a empresa. “Tamb�m j� est� em andamento a reabertura dos canais dos pequenos afluentes dos rios Doce e Gualaxo, permitindo que a �gua chegue mais limpa aos rios”, informou, texto da Samarco.
Segundo os t�cnicos “o que comumente � chamado de ‘vazamento’ na m�dia � o carreamento de sedimentos misturados � �gua da chuva e dos c�rregos presentes no vale de Fund�o”. “Para conter esse tipo de carreamento e melhorar a qualidade da �gua que chega aos cursos d’�gua, a Samarco construiu tr�s diques, sendo o �ltimo entregue em fevereiro, abaixo de Santar�m”, informou a empresa. (Colaborou Gustavo Werneck)