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Estado de Minas CAMINHOS DO ABANDONO

Com status de estrada federal, BR-367 lembra trilha com buracos, valas e poeira

Suas m�s condi��es fazem de Chapada do Norte, Jacinto e Salto da Divisa tr�s dos �nicos cinco munic�pios mineiros sem liga��o asf�ltica


03/04/2016 11:00 - atualizado 03/04/2016 10:20

(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Berilo, Chapada do Norte e Minas Novas – O Fiat Uno de lataria maltratada, tanque de combust�vel, peito de a�o e c�rter com v�rias soldas e remendos � um guerreiro das estradas. Nele, o motorista Jo�o Soares de Mendon�a, de 56 anos, faz o que muitos no Vale do Jequitinhonha temem: leva gestantes, doentes, idosos, estudantes e trabalhadores de Chapada do Norte para Minas Novas (20 quil�metros de dist�ncia) ou para Berilo (21 quil�metros). Com experi�ncia e disposi��o, mergulha na poeira da BR-367, desviando-se de buracos, controlando a trepida��o sobre pedras, as quedas em valas, os atoleiros e os lama�ais escorregadios. Mas, �s vezes, nem mesmo o Uno batalhador de Jo�o Soares consegue vencer a degrada��o dessa rodovia federal, que � considerada uma das piores do estado – sobretudo quando chove por mais de dois dias ou quando o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) deixa de dar manuten��o nos trechos de terra que fazem de Chapada do Norte um dos cinco munic�pios mineiros ainda isolados por falta de asfalto.

BR-367 � uma das piores do Brasil: confira o v�deo


Apesar de n�o ter um t�tulo – como a BR-381, conhecida como a “Rodovia da Morte” pelo grande volume de v�timas de suas curvas fechadas – nem concentrar um n�mero acentuado de acidentes, como as BRs 040 e 116, a BR-367 figura no grupo de vias que n�o precisam de problemas pontuais em pontes e barreiras para se tornar intransit�vel. A reportagem do Estado de Minas acompanhou os dramas e as dificuldades de quem precisa trafegar por rodovias que s�o consideradas as mais prec�rias de Minas Gerais para mostrar que o abandono e a falta de melhorias para caminhos que s�o importantes liga��es regionais paralisam atividades econ�micas e impedem o desenvolvimento social em v�rios munic�pios, que s� podem recorrer a essas estradas.

O maior aperto que o motorista Jo�o Soares j� passou foi quando uma mulher teve de dar � luz dentro do Uno. “Fiquei preso no barro de um morro quando levava a mo�a para o hospital, em Chapada. A sorte � que passou uma caminhonete tra�ada (com tra��o nas quatro rodas) da Pol�cia Militar e o guarda fez o parto dentro do meu carro. N�o fosse isso, corria o risco de a mulher e de o beb� morrerem, porque n�o tinha ningu�m para fazer nascer a crian�a”, lembra. “Desde que tinha 8 anos escuto falarem que o asfalto vai sair, mas n�o sai nada. E a gente fica aqui, se arrebentando nesse mundo v�io (sic) de pedras e barro dessa rodovia”, desabafa.

Asfalto, quando existe, é em trecho de 700 metros que só aumenta a indignação dos motoristas(foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
Asfalto, quando existe, � em trecho de 700 metros que s� aumenta a indigna��o dos motoristas (foto: Juarez Rodrigues/EM/DA Press)
No meio da estrada, surge uma placa que indica in�cio do asfalto a 300 metros. Parece um alento. Mas o que deveria ser um al�vio engana quem desconhece a estrada. S�o apenas 700 metros de asfalto, que compreendem duas curvas, at� uma nova placa alertar para o fim do pavimento a 300 metros. Joaquim Santana, de 47, motorista de escolar, lembra quando constru�ram aquela parte. “Aquilo (o pequeno trecho pavimentado) � um tapa na nossa cara. Vieram uns engravatados aqui, mediram, trouxeram m�quinas, fizeram um quil�metro de asfalto e depois foram embora. Deixaram a gente aqui, destruindo os carros. A suspens�o quebra, os pneus cortam; temos pneus novos na garagem que j� est�o cortados por causa das pedras. E, pior, os alunos vivem chegando atrasados. Uma viagem que levaria menos de 40 minutos � feita sempre em mais de uma hora”, calcula. Por causa dessas condi��es, uma linha de �nibus que fazia o itiner�rio de Minas Novas a Chapada do Norte parou de circular desde janeiro. Segundo o especialista em transporte e tr�nsito Silvestre de Andrade Puty Filho, asfaltar um segmento t�o pequeno no meio de uma estrada de terra n�o faz sentido do ponto de vista da engenharia.

Uma das pontes de madeira do caminho para Berilo j� cedeu duas vezes, com caminh�es caindo no Rio Capivari. O limite de peso chegou a ser estabelecido em 12 toneladas, mas ve�culos de transporte de carga mais pesados do que isso continuam a passar pelo local, comprometendo ainda mais a seguran�a e a vida �til da estrutura j� prec�ria. Os mesmos problemas afligem outros munic�pios sem liga��es asf�lticas, como Jacinto e Salto da Divisa, tamb�m na BR-367, al�m de S�o Jo�o das Miss�es e Montalv�nia, na BR-135, no Norte de Minas.


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