
Opera��es policiais com blitz, apreens�o de ve�culos irregulares e abordagens educativas para coibir o tr�fego de motos e carros offr-road que fazem trilhas na �rea do Parque Nacional da Serra da Canastra s�o a aposta de uma for�a-tarefa formada para preserva��o da unidade de conserva��o ambiental no Sudoeste de Minas Gerais. O grupo, formado pelo Instituto Chico Mendes de Conserva��o da Biodiversidade, Pol�cia Militar e Pol�cia Federal, promete dar in�cio ao trabalho j� a partir do pr�ximo m�s. As a��es v�o ocorrer no per�metro urbano e em �reas rurais do parque, em quatro dos seis munic�pios que abrigam a unidade: Delfin�polis, S�o Jo�o Batista do Gl�ria, Vargem Bonita e S�o Roque de Minas, com destaque para os dois primeiros, onde � maior a devasta��o ambiental causada pelo esporte. A primeira fase, em maio, ser� o trabalho de conscientiza��o, com distribui��o de panfletos e cartazes em pousadas, bares, restaurantes, escolas e outros estabelecimentos das cidades. A a��o repressiva ser� o segundo passo.
Apesar de o problema ser antigo – ocorre h� cerca de cinco anos –, tem piorado nos �ltimos meses, com forte impacto na vegeta��o, como explica o chefe substituto do parque, Vicente Farias. Ele explica que os locais escolhidos pelos trilheiros fazem parte da unidade de conserva��o, mas est�o em propriedades particulares (fazendas) ainda n�o desapropriadas e sem fiscaliza��o. “Em Delfin�polis e S�o Jo�o Batista do Gl�ria n�o h� portarias para controle da entrada, ent�o motoqueiros e jipeiros entram nas fazendas que integram o parque, sem respeitar nem mesmo o direito de propriedade dos donos dessas �reas”, disse. Vicente explica que a passagem dos ve�culos � extremamente danosa � cobertura vegetal da unidade, formada de gram�neas e capim, em um terreno arenoso e pedregoso. “Os ve�culos v�o passando pelo mesmo local e isso causa eros�es, que se acentuaram ao longo do tempo. H� locais em que a profundidade � tamanha que a vegeta��o n�o se recupera mais, porque o buraco j� chegou � pedra bruta”, diz o chefe do parque.
Vicente alerta que pesa muito para a incid�ncia do problema a falta de regulariza��o fundi�ria do Parque da Serra da Canastra. Na semana passada, em 3 de abril, a unidade de conserva��o chegou aos 44 anos de cria��o. No Decreto 70.355, o parque tem �rea de 200 mil hectares, mas, do total, somente 82 mil hectares j� foram indenizados e regularizados. Estas �reas ficam no Chapad�o da Canastra e na Regi�o da Babil�nia. “A gente, na verdade, ainda n�o tem controle de toda essa �rea porque n�o temos funcion�rios em quantidade suficiente para trabalhar na fiscaliza��o. Al�m do mais, temos que respeitar o direito de propriedade dos fazendeiros”, explica Vicente. Atualmente, o parque conta com 11 analistas e t�cnicos ambientais concursados e 12 funcion�rios (vigilantes e servi�os gerais) terceirizados.
APREENS�ES As a��es policiais ser�o feitas tanto nas �reas urbanas quanto em �reas dentro do parque. De acordo com o comandante do Grupamento de Pol�cia Ambiental de C�ssia, subtenente Francisco Nascimento, motos de trilhas que estiverem circulando nas cidades ser�o apreendidas, tendo em vista que s�o proibidas de trafegar em via p�blica. “S�o ve�culos que n�o t�m placa, nem equipamentos obrigat�rios como setas, lanterna e farol, exigidos em legisla��o, al�m de serem isentas de impostos”, disse. Neste caso, o piloto ser� multado. Para chegar a trilhas, essas motos devem ser transportadas em caminhonetes ou carretinhas de reboque. O condutor, seja de moto ou jipe, que estiver fazendo trilha na �rea de preserva��o responder� por crime de dano ao patrim�nio ambiental. Segundo ele, as a��es est�o em fase de planejamento.
ESTRAGOS Willian John Highan, de 53 anos, � dono de pousada h� 17 anos em Delfin�polis e de uma empresa que faz passeios com turistas na regi�o da Canastra. Segundo ele, a regi�o recebe visitantes de v�rias partes do pa�s que buscam apenas fazer trilha com motos no entorno do parque, causando verdadeiras eros�es por onde passam. “Imagine voc� mais de 500 motos em um fim de semana passando por um �nico caminho? Eles deixam um verdadeiro ‘arranhado de gato’ no morro”, compara.
Segundo Willian, h� muitas trilhas legalizadas na regi�o, como a Caminho do C�u e a trilha do Condom�nio das Pedras, mas a maioria dos pilotos prefere unidades de conserva��o em fazendas que ainda n�o foram desapropriadas, embora fa�am parte do parque. “Em muitos estados � proibido fazer trilha em �reas de conserva��o. S� aqui na Canastra � permitido e n�o tem nenhuma fiscaliza��o. H� h�spedes do Paran� que viajam apenas para fazer trilhas no entorno do parque”, afirmou.