Obra de arte da igreja de Lavras retorna a Minas Gerais

Depois de dois anos de espera, um tesouro cultural retorna ao estado. J� est� em Belo Horizonte, sob guarda do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), o quadro Ver�nica, do s�culo 18, devolvido a Minas pelo Museu de Arte de S�o Paulo (Masp). A superintendente da autarquia federal, C�lia Corsino, informou ontem que a pe�a medindo 1,20 metro de altura por 60 cent�metros de largura ser� restaurada e, para tanto, vai pedir or�amento a duas empresas especializadas e tamb�m ao Centro de Conserva��o e Restaura��o de Bens Culturais M�veis (Cecor) da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais. Por enquanto, a obra ficar� na caixa de madeira na qual chegou da capital paulista, devendo ser aberta apenas na presen�a da equipe respons�vel pelo restauro. O local de armazenamento do quadro n�o ser� divulgado por quest�o de seguran�a.

Pertencente � Igreja de Nossa Senhora do Ros�rio, tamb�m do s�culo 18, de Lavras, no Sul de Minas, a obra de autoria desconhecida ficou no acervo do Masp por mais de 12 anos e tem uma trajet�ria iniciada no fim da d�cada de 1950, quando um estudante do Instituto Gammon, tradicional escola do munic�pio, a encontrou na Igreja de Santana, na comunidade do Funil. Certo de que o templo n�o oferecia condi��es de seguran�a, ele doou a tela ao Masp, uma das maiores institui��es culturais do pa�s, quando j� era um m�sico de renome nos Estados Unidos.

A partir de den�ncias de moradores de Lavras, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), via Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico (CPPC), iniciou negocia��es com o Masp em 2009 e conseguiu a devolu��o. “A volta do quadro Ver�nica � um marco na recupera��o dos bens culturais de Minas, principalmente por n�o ter sido necess�rio entrar com uma a��o judicial para traz�-lo”, disse, ontem, o coordenador da CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda.

�TICA O retorno da tela est� dentro de um contexto internacional referente � proced�ncia il�cita de bens culturais. “Os museus t�m um c�digo de �tica e o Masp agiu corretamente”, afirmou Souza Miranda, certo de que o caso vai abrir precedentes e nortear iniciativas semelhantes. Conforme o Conselho Internacional de Museus (Icom), a pe�a de origem il�cita que for encontrada no acervo de um museu dever� ser devolvida.

H� exatos dois anos, Estado de Minas contou, com exclusividade, a trajet�ria da tela Ver�nica e os entendimentos entre a superintend�ncia do Iphan em Minas e os advogados da institui��o paulista. Na �poca, um dos maiores problemas era a seguran�a da igreja de Lavras, tombada pelo Iphan em 2 de setembro de 1948 – ainda n�o est� definido para onde ir� a rel�quia depois de restaurada. De S�o Paulo a BH, a pe�a teve toda a seguran�a quanto ao transporte, uma das exig�ncias do promotor de Justi�a de Lavras, Carlos Alberto Ribeiro Moreira, e tal cuidado est� sendo mantido, especialmente para garantir as condi��es adequadas de climatiza��o.

Na tarde de ontem, os especialistas da superintend�ncia do Iphan Andr� Lu�s de Andrade, restaurador, e Vanessa Taveira, arquiteta e conservadora-restauradora, mostraram a embalagem rec�m-chegada � capital. C�lia Corsino aguarda a presen�a dos restauradores, em especial do Cecor, para retirar a tela da embalagem, tendo em vista tamb�m a fragilidade da obra.

As autoridades envolvidas no processo de recupera��o explicam que nada impede que, um dia, o quadro volte � igreja de origem, desde que haja condi��es absolutas de seguran�a. Outra alternativa � o Museu de Arte Sacra de S�o Jo�o del-Rei, na Regi�o do Campo das Vertentes.

BENS CULTURAIS Se a devolu��o do quadro ocorre de forma tranquila, sem necessidade de a��o na Justi�a, o Minist�rio P�blico de Minas Gerais tem outra cruzada para reaver bens do seu patrim�nio cultural e religioso. E, no alvo, est� o governo de S�o Paulo, que mant�m um acervo de 13 pe�as sacras: imagens – uma delas atribu�da a Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1737-1814), quadro, orat�rio, fragmento de altar e mobili�rio – nos pal�cios dos Bandeirantes, sede do Executivo estadual, na capital paulista, e Boa Vista, em Campos do Jord�o. As pe�as teriam sido levadas de Minas na d�cada de 1970.

O Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), que est� � frente da investiga��o, entrou em contato com a autoridades do setor cultural para devolu��o do acervo do s�culo 18 que pertenceria a igrejas de Mariana, Caet� e Santa B�rbara, conforme consta dos cat�logos oficiais. O acervo � o seguinte: no Pal�cios dos Bandeirantes est�o a imagem de S�o Jos� de Botas; o quadro A flagela��o de Cristo, de Manuel da Costa Ata�de; dois pares de anjos tocheiros; lampad�rio de prata e Menino Jesus e orat�rio.

J� no Pal�cio Boa Vista h� duas poltronas de festa de reisado, de Diamantina; estante para lavanda e gomil e fragmento de coroamento de altar. Sem indica��o de local, h� um arcaz. Pesquisas do MP foram feitas nos livros Acervo art�stico-cultural do Pal�cio do Governo de S�o Paulo e Arte Sacra –G�nese da f� no novo mundo – Cole��o de arte no acervo do pal�cio do governo de S�o Paulo. Em Minas, continua a campanha de recupera��o dos bens culturais iniciada em 2003 e quem tiver informa��es pode entrar em contato com as autoridades de defesa do patrim�nio.

SERVI�O

EM CONTATO

Quem tiver informa��es sobre pe�as desparecidas e quiser fazer den�ncias pode acionar:

Minist�rio P�blico de Minas Gerais

 E-mail: [email protected] e telefone (31) 3250-4620. Pode tamb�m enviar correspond�ncia para Rua Timbiras, 2.941, Bairro Barro Preto, Belo Horizonte. CEP 30.140-062

Iphan

 Para obter ou dar informa��es, basta acessar o site www.iphan.gov.br e verificar o banco de dados de pe�as desaparecidas. Den�ncias an�nimas podem ser feitas pelo telefone (61) 2024-6342 2024-6355 2024-6370, telefone do Departamento de Patrim�nio Material e Fiscaliza��o (Depam) e pelo e-mail [email protected]

Iepha/MG

Pelo site www.iepha.mg.gov.br ou pelo telefone (31) 3235-2812 ou 2813