Ladr�es tentam arrombar igreja em Bento Rodrigues

Depois do saque �s ru�nas cobertas de lama e tamb�m �s casas que ficaram de p� na parte mais alta de Bento Rodrigues, o alvo dos ladr�es agora � o que restou do patrim�nio cultural do subdistrito arrasado pelo rompimento da barragem da Samarco, distante 23 quil�metros do Centro de Mariana, na Regi�o Central. De acordo com o Minist�rio P�blico de Minas Gerais (MPMG), houve tentativa de arrombamento da Igreja de Nossa Senhora das Merc�s, do s�culo 18, que foi poupada da trag�dia por ficar na parte mais alta do antigo povoado e est� cercada por tapumes, conforme orienta��o da Coordenadoria das Promotorias de Justi�a de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC/MPMG).

“Felizmente, n�o levaram nada, pois todas as pe�as foram retiradas logo ap�s a trag�dia e transportadas para o Museu Arquidiocesano de Mariana. Mas isso mostra que a mineradora Samarco n�o est� cumprindo o acordo de proteger a �rea”, diz o titular da CPPC, Marcos Paulo de Souza Miranda. Ao lado de moradores e outras autoridades, ele participa hoje, �s 18h, no Centro de Conven��es da cidade, da audi�ncia p�blica “Preserva��o da mem�ria de Bento Rodrigues e Paracatu – A import�ncia do tombamento”, promovida pelo Conselho Municipal do Patrim�nio Cultural de Mariana (Compat).

Durante vistoria no �ltimo dia 9, a equipe contratada pela empresa para monitoramento da �rea notou a falta do cadeado inferior da porta de entrada da Igreja das Merc�s, al�m de marcas da tentativa de arrombamento do cadeado superior. No relat�rio, os monitores informaram que, observando o entorno, outro local continha evid�ncias de arrombamento, na extremidade frontal sul, onde o tapume se sobrep�e ao corte do terreno. “Nesse local, os dois materiais distintos que garantem o isolamento (tapume e madeira) estavam danificados, apresentando exposi��o suficiente para acessar a �rea restrita”, diz relat�rio da inspe��o. Ap�s a comprova��o do arrombamento, funcion�rios pediram apoio � seguran�a patrimonial em Bento Rodrigues e registraram a ocorr�ncia.

O relat�rio encaminhando � CPPC informa que na �rea interna do templo n�o havia evid�ncias de arrombamento. O cadeado j� foi substitu�do e a Igreja das Merc�s est� novamente lacrada e isolada. “Acreditamos que o fato tenha ocorrido no per�odo noturno. A Samarco foi informada imediatamente”, relataram os t�cnicos.

TOMBAMENTO O destino de Bento Rodrigues, vilarejo quase riscado do mapa, e de Paracatu de Baixo, atingido duramente pela lama vazada da Barragem do Fund�o, da Samarco, em 5 de novembro, ser� discutido hoje, �s 18h, no Centro de Conven��es de Mariana. “Vamos conversar com os antigos moradores sobre o que � melhor para as localidades onde viveram”, diz a presidente do Conselho Municipal do Patrim�nio Cultural (Compat), Ana Cristina Maia. Ela conta que, dependendo dos depoimentos e ideias apresentadas, as discuss�es poder�o conduzir ao pedido de tombamento de Bento Rodrigues, que perdeu a Capela de S�o Bento, com o rompimento da estrutura de rejeitos de min�rio, e de Paracatu, cuja Matriz de Santo Ant�nio teve os bens sacros retirados.

Na audi�ncia p�blica de hoje, estar� presente o promotor Ant�nio Carlos de Oliveira e representantes do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan), do Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha), da prefeitura local, de universidades e de outras institui��es e entidades.

Segundo Marcos Paulo de Souza Miranda, o objetivo na audi�ncia � encontrar formas de prote��o, para que Bento Rodrigues, em especial, n�o se torne apenas um cemit�rio de pessoas e casas. “� fundamental buscar alternativas, como transformar o subdistrito em um Museu de Territ�rio”, afirma.

Em resposta, a mineradora informa que “dentro do escopo do acordo assinado entre a Samarco, seus acionistas (Vale e BHP) e os governos federal, de Minas Gerais e do Esp�rito Santo, est� contemplada a cria��o de um memorial na �rea do antigo Bento Rodrigues. Essa a��o se encontra em fase inicial de tratativas junto � Prefeitura de Mariana e demais �rg�os p�blicos. No dia 30 de novembro, a Samarco assinou um termo de compromisso preliminar com o MPMG, pelo qual a empresa ficou respons�vel pelo cercamento da Igreja das Merc�s, medida acatada e realizada na semana seguinte”.