Promotores apuram a��es da Samarco na �rea do antigo povoado de Bento Rodrigues

O destino das ru�nas do subdistrito de Mariana mais atingido pelo rompimento da Barragem do Fund�o, o pequeno Bento Rodrigues, ainda � incerto, mas a j� declarada inten��o da mineradora Samarco de assumir o controle do terreno e us�-lo para operar diques e construir um parque memorial do acidente preocupa o Minist�rio P�blico estadual. Por esse motivo, o MP instaurou procedimento para apurar as a��es da mineradora na �rea do antigo povoado. Uma vistoria para levantar a situa��o das edifica��es, identificar pontos de interesse para o patrim�nio p�blico e os movimentos da empresa na regi�o afetada foi feita na quarta-feira e deve resultar em laudo a ser conclu�do at� o fim do m�s. No �ltimo dia 5, o diretor-presidente da mineradora, Roberto L�cio Nunes de Carvalho, afirmou em entrevista coletiva que � preciso operar os diques planejados para segurar a lama e os rejeitos que descem por c�rregos que cortam as barragens que vazaram. “Estamos discutindo com a Prefeitura de Mariana a desapropria��o de terrenos em Bento Rodrigues, vamos tamb�m construir um parque memorial nesses locais (Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo)”, disse o executivo.

Atualmente, a empresa opera tr�s diques nos limites de Bento Rodrigues. As estruturas come�aram a ser erguidas em novembro, logo que a Barragem do Fund�o se rompeu, liberando 50 milh�es de metros c�bicos de lama e rejeitos de min�rio de ferro. Esses detritos soterraram os subdistritos de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e parte do munic�pio de Barra Longa, matando 19 pessoas e poluindo a bacia hidrogr�fica do Rio Doce at� sua foz, al�m do litoral do Esp�rito Santo, no que � considerado o pior desastre socioambiental brasileiro. Um quarto barramento foi planejado para o limite com o Rio Gualaxo do Norte e � o que mais preocupa ambientalistas e defensores da preserva��o da mem�ria do acidente, j� que praticamente transformaria Bento Rodrigues em um novo reservat�rio de rejeitos.

“H� receio de que a constru��o de um novo dique nos limites de Bento Rodrigues transforme o distrito num dep�sito de lama e rejeitos de minera��o. Al�m de haver estruturas religiosas que s�o patrim�nio, como a Capela de S�o Bento e o muro da edifica��o, um trecho da Estrada Real passa dentro dessa �rea pretendida e poderia ser permanentemente perdido com as interven��es”, disse o coordenador da Promotoria Estadual de Defesa do Patrim�nio Cultural e Tur�stico de Minas Gerais (CPPC), Marcos Paulo de Souza Miranda.

A mineradora se limitou a informar que “dentro do escopo do acordo assinado entre a Samarco, seus acionistas (Vale e BHP) e os governos federal, de Minas Gerais e do Esp�rito Santo, est� contemplada a cria��o de um memorial na �rea do antigo Bento Rodrigues. Essa a��o se encontra em fase inicial de tratativas junto � Prefeitura Municipal de Mariana e demais �rg�os p�blicos”.

De acordo com a Prefeitura de Mariana, houve conversas com a mineradora sobre a constru��o de memoriais em Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, mas n�o h� entendimentos para desapropriar terrenos que seriam assumidos pela empresa. “Tudo o que a Samarco tem feito � dentro de sua �rea. O que se tenta fazer � um memorial (das comunidades atingidas)”, informou a assessoria de imprensa da administra��o municipal. Na ter�a-feira, audi�ncia p�blica com participa��o do MP e da prefeitura vai discutir o tombamento do antigo povoado e de Paracatu de Baixo.