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Estado de Minas TRAG�DIA EM MINAS

Expedi��o pelo Rio Gualaxo do Norte mostra impactos da lama vinda de Mariana

Lama que invadiu calha com tanta viol�ncia que n�o seguiu o curso natural: subiu 5,5 quil�metros pelo leito


postado em 01/05/2016 06:00 / atualizado em 01/05/2016 09:39

Nas margens, pilhas de rejeitos ainda se acumulam. Material é carregado com a água durante as cheias(foto: Leandro Couri/Em/D.a press)
Nas margens, pilhas de rejeitos ainda se acumulam. Material � carregado com a �gua durante as cheias (foto: Leandro Couri/Em/D.a press)

Mariana – A for�a da onda de rejeitos que desceu ap�s o rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central de Minas, foi capaz de causar efeitos que impressionam at� quem est� acostumado a enchentes e enxurradas, inclusive especialistas em fen�menos hidrol�gicos. Al�m de atingir mais de 15 metros de altura, o tsunami, ao invadir o Rio Gualaxo do Norte, n�o apenas desceu pela calha, como se poderia prever: ignorou a correnteza do curso d’�gua que nasce em Ouro Preto, subindo por mais cinco quil�metros e meio e destruindo uma ponte que estava no caminho. Para mostrar a extens�o desse estrago, a equipe do Estado de Minas percorreu o leito, passando por curvas formadas por matas densas, at� o ponto m�ximo em que a lama subiu, a uma eleva��o de 21 metros do local onde a onda atingiu o Gualaxo do Norte, em Bento Rodrigues, distrito mais arrasado de Mariana. Para se ter uma ideia, esse tipo de evento corresponde a um cheia com per�odo de retorno de 10 mil anos. Ou seja, a cada ano h� chance de 0,01% de uma concentra��o de chuvas conseguir reunir tanta �gua, segundo dados do Ibama.


No local de impacto da onda de rejeitos, a lama ainda � espessa e por isso n�o h� como transitar com seguran�a. Para encontrar o ponto m�ximo de avan�o da cheia, � preciso seguir pela antiga estrada que ligava Mariana aos distritos de Bento Rodrigues e Camargos, rio acima, e s� ent�o descer em uma das pontes de madeira sobre o curso d’�gua. Esse ponto se encontra a aproximadamente 12 quil�metros da nascente, localizada na �rea da Mina de Timbopeba, da Mineradora Vale.
Só algas resistem em alguns trechos sobre a lama. Em outros, destruição é evidente nos barrancos(foto: Leandro Couri/Em/D.a press)
S� algas resistem em alguns trechos sobre a lama. Em outros, destrui��o � evidente nos barrancos (foto: Leandro Couri/Em/D.a press)

Nos primeiros metros de avan�o, em um dia de estiagem do �ltimo m�s chuvoso (abril), a profundidade da �gua variava de 30cm a cerca de meio metro. O fundo do rio � pedregoso, composto por seixo rolado, fragmentos de rocha que foram arrendondados pela correnteza ao longo dos anos. Uma areia espessa ainda cont�m alguma concentra��o de min�rio de ferro, abundante na regi�o e que torna a �gua turva em alguns pontos. Apesar disso, h� trechos de �gua l�mpida, onde se v� com facilidade o fundo do rio. A flora aqu�tica vis�vel � composta por algumas concentra��es de l�quens e algas verde-escuro, principalmente nos remansos e curvas.

Peixes e outros animais aqu�ticos n�o foram vistos, apenas aranhas e insetos que cruzam as �guas pela superf�cie. Nas margens, por outro lado, na areia fina se avistam pegadas de animais de v�rios portes. H� tamb�m lixo, ainda que em pequena quantidade, preso �s ra�zes de �rvores e bancos de areia, como garrafas de pl�stico, cal�ados velhos e at� um pneu.

Depois de um quil�metro descendo entre gargantas de pedras que sustentam uma mata fechada � que se come�a a ver marcas da lama da minera��o, de colora��o mais escura e mais fina que a areia, por esse motivo mais movedi�a. Nos pontos mais altos, parece que a pr�pria for�a do rio conseguiu limpar a sujeira que se depositou j� sem for�a, deixando apenas alguns bols�es pelo caminho.
Uma cerca de madeira retirada da pr�pria vegeta��o, usando arbustos e folhas como uma esp�cie de rede, foi constru�da – n�o se sabe por quem – aparentemente na esperan�a de deter o avan�o da sujeira. Mais alguns metros abaixo e a lama j� � evidente, tomando completamente as margens e a calha do rio. A partir da�, o avan�o a p� se torna muito dif�cil, uma vez que o material depositado em grande volume n�o suporta o peso do corpo, que atola at� os joelhos, tanto nas margens quanto no fundo do rio. Depois de cerca de 200 metros, o avan�o s� pode se dar a nado, mas � n�tida a devasta��o que a lama provocou, tornando invi�vel prosseguir. Nesse ponto, nada mais de sinais de animais ou vegeta��o: o rio se torna um caminho de lama homog�nea e sem vida.

Consultoria definir� a��es de recupera��o

A Samarco informou que uma empresa especializada em impactos ambientais foi contratada para tra�ar um plano de recupera��o ambiental das �reas degradadas pela lama de rejeitos de min�rio. “A empresa realiza an�lises do material ao longo do rio, para determinar a melhor solu��o ambiental para o rejeito. Isso � preciso, porque n�o existem acessos em algumas situa��es. Se tentarmos remover o rejeito da margem, podemos causar um impacto ainda maior. Por isso, pode ser mais interessante procurar plantios, conforma��es, recuperar sem remover. Em outros locais, vamos retirar e decidir como e para onde levar o rejeito”, disse o diretor de Projetos e Ecoefici�ncia da mineradora, Maury de Souza J�nior.

O trabalho dos especialistas, segundo o diretor, come�ou em dezembro e deve ficar pronto em julho. “Est� dentro do acordo firmado com a Uni�o e os estados de Minas Gerais e do Esp�rito Santo. Ap�s apresentarmos os estudos � que ser� definido em quanto tempo retiraremos rejeitos e recuperaremos outras �reas”, acrescentou.

Algumas medidas j� v�m sendo tomadas, como o plantio em baixadas e plan�cies onde o rejeito se espraiou pela Bacia do Gualaxo do Norte. “Identificamos �reas cr�ticas e fizemos plantio de vegeta��o de leguminosas e gram�neas, que t�m crescimento r�pido e podem ajudar a estabilizar esse material, para que n�o corra com enxurradas para dentro do rio novamente. Plantamos 740 hectares, do total de 800 hectares identificados no rio”, disse o representante da mineradora. A Samarco destaca ainda que, dentro do acordo com estados e Uni�o, foram tra�ados 41 programas, sendo 18 iniciativas ambientais e 23 de cunho social.


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