
A influenza pode trazer complica��es e desencadear quadros graves, principalmente quando associada a algum fator de risco – caso de 66,7% das v�timas mineiras: adultos com idade superior a 60 anos, cardiopatas e portadores de outras doen�as associadas, de acordo com a secretaria. As mortes por H1N1 tamb�m acompanham esse perfil: pelo menos 10 das 16 v�timas tinha algum fator de risco associado.
O infectologista Adelino de Melo Freire J�nior destaca que a influenza � uma doen�a considerada benigna e autocur�vel na maioria das vezes, mesmo sem tratamento espec�fico. Segundo ele, a pequena parcela dos doentes que sofrem complica��es se deve a uma evolu��o da infec��o para pneumonia viral (causada pelo pr�prio v�rus) ou ainda por causa da associa��o de alguma outra doen�a (comorbidade) ou pneumonia bacteriana sobreposta (a complica��o mais frequente).
“As comorbidades aumentam a chance de complica��es pulmonares da gripe. A gripe por si s� tamb�m pode levar a um agravamento de comorbidades, como cardiopatias e doen�a de pulm�o, desequilibrando essas doen�as e levando a pessoa para o hospital. Ou seja, a comorbidade funciona como fator de risco e a gripe funciona como fator de desequil�brio dessas outras doen�as”, explica o m�dico do Hospital Fel�cio Rocho e do Laborat�rio S�o Marcos.

Ao contr�rio do que j� ocorria em outros pa�ses, ele afirma que apenas a partir de 2009, quando houve o surto no Brasil do subtipo H1N1, os brasileiros ficaram mais cientes do que � de fato a influenza. O infectologista lembra que, na �poca, a dificuldade de combate se deu primeiramente devido � inexist�ncia de diagn�stico para o quadro. “Passava como gripe. A forma mais grave e s�ria sempre existiu, os m�dicos s� n�o davam a devida import�ncia e a tratavam, muitas vezes, como pneumonia. N�o pensavam que podia ser uma doen�a viral”, afirma.
Segundo Adelino Freire J�nior, o mundo vai continuar convivendo com os v�rus influenza. “Ele passa por muta��es frequentes e tamb�m circula em animais, como porcos e aves. N�o temos muitas perspectivas de nos ver livres dele”, diz. “� uma caracter�stica do micro-organismo: conseguir se renovar, ter o mundo inteiro para circular e muitas pessoas que ainda n�o s�o imunes a ele”, acrescenta.
O especialista acredita, no entanto, que mortes poder�o ser evitadas a partir do momento em que houver estrutura adequada de diagn�stico. “J� temos acesso ao medicamento, mas o diagn�stico ainda � limitado. Na rede p�blica, os exames s�o restritos aos casos mais graves e os resultados demoram semanas para ficar prontos. Ou seja, o medicamento � muitas vezes aplicado sem certeza da doen�a, diferentemente do que ocorre na rede privada. Nela, em duas horas o teste est� pronto e se consegue saber se � influenza ou n�o.”
Demora de teste agrava o quadro
A coordenadora da Vigil�ncia em Sa�de do munic�pio de Extrema, no Sul de Minas, onde houve um �bito por H1N1, reitera as dificuldades representadas pela demora no diagn�stico. Segundo Ana L�cia Olivotti, para resolver o desafio a cidade est� tentando comprar o teste r�pido, para um resultado mais preciso. “Tanto nos casos de dengue quanto nos de gripe, trabalhamos com o quadro cl�nico do paciente primeiro, para depois ter o resultado. A demora � muito grande”, afirma.
A preocupa��o � que o n�mero de casos aumente a partir de agora, j� que o inverno se aproxima. Outro agravante � o fato de a cidade estar pr�xima a S�o Paulo. “Temos uma popula��o flutuante, de gente que vem e vai, trabalha aqui, mas � de S�o Paulo, e isso � um risco maior de contamina��o”, afirma. A Prefeitura de Extrema adotou procedimentos en�rgicos. Crian�a que est� resfriada, por exemplo, n�o vai � escola, at� o medico afastar a hip�tese de uma gripe mais forte ou de H1N1. “Todo cuidado � pouco, pois essa doen�a � assim: hoje tem tosse, amanh� tem pneumonia bilateral”, diz Ana L�cia.
Gerente de Vigil�ncia Sanit�ria de Andradas, tamb�m no Sul do estado, Daniele Casarotto Belavia refor�a que as an�lises em rela��o ao v�rus s�o muito mais importantes para se programar para o ano seguinte do que propriamente para an�lise e tratamento. “Elas permitem saber se houve muta��o e quais os tipos de v�rus est�o circulando mais, para fazer o pr�ximo cronograma vacinal”, diz.
MAIS V�TIMAS O n�mero de v�timas de H1N1 no estado pode aumentar. Em Monte Santo de Minas, no Sul do estado, onde houve um �bito, a Secretaria Municipal de Sa�de investiga uma segunda morte, de uma senhora de 63 anos, portadora de doen�a pulmonar obstrutiva cr�nica. Em Andradas, no Sul de Minas, a gerente de Vigil�ncia Sanit�ria contesta a inclus�o de um paciente na lista da SES de v�timas da H1N1. Segundo Daniela Belavia, o homem, de 54 anos, foi internado por causa de uma doen�a degenerativa e morreu em virtude dela, embora tenha contra�do a gripe. “A causa no atestado de �bito n�o � H1N1”, afirma.