M�rcia Maria Cruz, Fernanda Ribeiro e Sandra Kiefer
Aos poucos, o cinza do asfalto da Avenida Afonso Pena, na Regi�o Central de Belo Horizonte, ganhou ontem novo colorido. Foram 160 sacos de serragem, 300 quilos de sal e centenas de m�os volunt�rias riscando de giz os s�mbolos lit�rgicos, preenchendo-os de cores e tamb�m de significado, em comemora��o a Corpus Christi. Mais do que um feriado santo, a celebra��o � uma refer�ncia � quinta-feira santa para a Igreja Cat�lica, quando foi institu�da a Eucaristia, durante a �ltima ceia de Jesus Cristo com os ap�stolos.
O tapete artesanal interligou as igrejas da Boa Viagem e S�o Jos�, tecendo um percurso de mais de um quil�metro ao longo da Afonso Pena, uma das principais avenidas do Centro da capital. Para participar da confec��o do tapete, as amigas Ana Karoline Sena, de 19 anos, e Sara Gon�alves, de 20, come�aram o trabalho � meia-noite de anteontem, quando a BHTrans liberou uma faixa para os fi�is riscarem os desenhos, antes de ser enchidos com serragem e outros materiais reciclados.
“� a primeira vez que participo. Estou adorando. A igreja d� todas as condi��es para pormos em pr�tica nossa criatividade”, diz Sara. As meninas v�m de fam�lias do Vale do Jequitinhonha, Setubinha e Rio Vermelho. “Em Rio Vermelho, era serragem em p� que us�vamos no contorno e pint�vamos com cal”, lembra Sara. Ana participa pelo segundo ano. “Durante a semana, a gente vem para pintar a serragem e o sal. Na noite de ontem (quarta-feira), riscamos. Hoje (ontem), �s 6h, j� est�vamos de p� para fazer o tapete”, diz Ana.
P�roco da Boa Viagem, o padre Nelson Ant�nio Linhares diz que a proposta � resgatar a tradi��o dos tapetes t�o forte do interior de Minas. “Colocamos tapete em nossa casa como forma de receber bem quem a gente ama. Colocamos o tapete na Afonso Pena para receber Jesus no Centro da cidade para que ele transforme o com�rcio, a prefeitura, o Parque Municipal. � uma forma de Deus estar presente”, comparou.
Os fi�is, inclusive as crian�as, aprovaram a ideia. O pequeno Jo�o Ant�nio Cardoso Catapreta, de 6 anos, que estuda em col�gio cat�lico, segundo revelaram os pais Gerl�ndia e C�cero, achou bonito o tapete que contava a hist�ria de como nasceu Jesus. “J� vi tamb�m na cidade da minha av� (Montes Claros). Os dois s�o lindos”, elogiou o menino.
Depois de terminados os trabalhos, centenas de fi�is acompanharam, a partir das 16h, a missa especial de Corpus Christi, celebrada pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo. A cerim�nia ocorreu em palco montado ao ar livre, no adro da Catedral da Boa Viagem. Durante a homilia, o religoso relembrou o compromisso dos crist�os com a l�gica de partilha e da doa��o. “Se n�o a aprendemos (a l�gica da partilha), provocamos os descompassos que pesam sobre os homens envolvidos em esc�ndalos de corrup��o que geram as crises econ�micas, produzindo mais de 11 milh�es de desempregados”, alertou.
A missa acabou se prolongando com o ritual da comunh�o. Anteriormente programada para terminar �s 17h30 a prociss�o iniciou-se j� � noite, seguindo pela Avenida Afonso Pena at� a Igreja de S�o Jos�, na Pra�a Sete, restaurada em suas cores originais. Com velas acesas, os fi�is sa�ram em prociss�o pelo Centro, que teve o tr�nsito temporariamente interrompido nos dois sentidos, provocando engarrafamento. “N�o perco as prociss�es, que s�o uma das mais lindas tradi��es da f� cat�lica, pois acolhem a todos, voltados para Deus, de cora��o aberto e com bons prop�sitos”, definiu a assistente social Alcina Maria Borges, de 65, que tamb�m estuda artes visuais. Ela aproveitou a celebra��o para enviar fotos para outros estados e pa�ses dos motivos religiosos: “Al�m do mais, � lindo!”.
MONTES CLAROS Centenas de fi�is participaram de uma missa campal em frente � Matriz de Nossa Senhora e S�o Jos�, em Montes Claros, na tarde de ontem A celebra��o foi presidida pelo arcebispo metropolitano de Montes Claros, dom Jos� Alberto Moura, com participa��o de v�rios padres.
Por volta das 17h30, os fi�is sa�ram em prociss�o em dire��o � Catedral de Nossa Senhora Aparecida. Eles passaram pela Pra�a Doutor Chaves e pelas ruas Doutor Veloso e Dom Pedro II. As ruas foram decoradas com tapetes feitos de tinta, serragem e material recicl�vel.
As pe�as foram confeccionadas por grupos de jovens. Tamb�m foram realizadas prociss�es em outras par�quias da cidade. (Colaborou Luiz Ribeiro)