
Embora as autoridades de sa�de mantenham o m�ximo de rigor em n�o divulgar os nomes das v�timas do H1N1, nem sempre o direito ao anonimato � preservado na era da internet e das redes sociais. “Converso com voc� e conto toda a hist�ria do meu marido, at� para ajudar outras pessoas, mas desde que ele seja s� mais um n�mero no sistema de sa�de, na contagem das v�timas da gripe”, desabafou a advogada. Segundo ela, nas duas semanas seguintes ao �bito, as fotos das duas filhas, retiradas sem autoriza��o do Facebook, foram divulgadas em rede nacional de televis�o e na rede mundial de computadores com a “marca” do H1N1.
“O caix�o do meu marido foi lacrado e teve gente que nem foi ao vel�rio, de tanto pavor da doen�a”, conta a advogada. Segundo ela, as duas filhas sofreram em dobro com a exposi��o desnecess�ria ap�s a perda do pai. A. ainda alerta para a seriedade deste tipo de divulga��o em localidades de menor porte, como Campo Belo, onde a sensa��o � de que todos se conhecem na cidade. Para ela, h� um pavor generalizado em rela��o � doen�a. Cuidei do meu marido todos os dias e n�o fui contaminada. Faria tudo de novo por ele”.
O banc�rio W., de 38, est� inconformado com a morte da m�e. “Minha m�e nunca saia de casa, n�o ia a lugar algum.” Ele n�o esconde o susto em rela��o ao v�rus da gripe quando foi buscar a mulher, que tinha 64 anos, em Funil�ndia, pequena cidade de 3,8 mil habitantes a 80 quil�metros da capital. Ele pede anonimato para preservar o nome da fam�lia: “A dor est� muito grande, a morte � recente”.
Segundo W., a idosa n�o tinha problemas de sa�de. Ao apresentar os primeiros sintomas da doen�a, a idosa foi encaminhada ao pronto-socorro de Sete Lagoas, a cidade mais pr�xima, como caso suspeito de dengue, em fun��o da febre. “Ela estava muito ofegante, mas parecia que era uma gripe qualquer”, relembra. Nos tr�s primeiros dias, a paciente foi atendida com soro e aplica��o de antibi�tico, mas a infec��o agravou-se tanto que, no quarto dia, ela foi internada no CTI, em regime de isolamento, com os pulm�es tomados. “Ela ainda ficou 25 dias no hospital, com muito sofrimento. A gente a visitava com m�scaras”, conta o filho, lembrando que ele, o irm�o e o pai idoso tomaram a vacina contra o H1N1, mas s� depois de consumada a morte. Cada um deles pagou R$ 170 pela dose. “Esta vacina � s� para quem pode pagar”, protesta.
CONTROLE
Os n�meros divulgados pela SES-MG neste ano mostram que o total de 76 pessoas infectadas pelo v�rus H1N1 da gripe A supera em muito o registro de 2015, quando seis casos da doen�a e dois �bitos foram confirmados. As cidades que registram mais mortes pelo H1N1 no estado s�o Campo Belo (4) e Frutal (2) e Lavras (2). Varginha, Betim, Contagem, Sete Lagoas, Pirangu�u, Capit�lio, Extrema, Pouso Alegre, Andradas, Funil�ndia, Juiz de Fora e Monte Santo de Minas registraram um �bito cada uma.
Segundo o m�dico epidemiologista Jos� Geraldo Leite Ribeiro, at� o momento, n�o h� altera��o expressiva nos n�meros de �bitos em Minas em rela��o a anos anteriores que possa provocar p�nico ou preocupa��o exagerada nas pessoas. “Os casos est�o sob controle”, afirmou o especialista.