Gestantes de BH comentam prescri��o para limitar ces�reas

A Resolu��o 2144/2016 do Conselho Federal de Medicina (CFM), encaminhada para ser publicada no Di�rio Oficial da Uni�o ainda nesta semana, passa a permitir o direito � escolha pela cesariana, tanto pelo m�dico quanto pela gestante, somente a partir da 39ª semana de gesta��o. A nova regra � uma tentativa de frear a chamada epidemia de partos com hora marcada no Brasil, que atinge a m�dia de 84% na rede privada de hospitais. A meta � favorecer o parto natural e evitar complica��es, como o aumento da prematuridade.

A partir de agora, passa a ser definido como per�odo da gesta��o a termo o intervalo que vai de 39 a 40 semanas e 6 dias, redefinido em 2013 a partir de estudos analisados pelo Col�gio Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG). Antes dessa recomenda��o, beb�s que nasciam entre a 37ª e a 42ª semana eram considerados maduros. “N�o tenho pressa. Gostaria que minha filha viesse no tempo dela e no hor�rio dela. N�o vou agendar nada. Meu sonho � ter um parto natural”, explica a contadora L�via Afonso, que sabe calcular com exatid�o as 37 semanas e seis dias de Isadora. Pelo antigo crit�rio, a futura mam�e j� poderia agendar a cirurgia para amanh�, com 38 semanas. “Neste exato momento, ela est� sentada e estamos fazendo exerc�cios para esperar que ela se encaixe”, completou L�via, que acabava de sair de uma sess�o de fisioterapia.

De acordo com a ACOG, beb�s que nascem antes de 39 semanas t�m maior possibilidade de apresentar problemas respirat�rios, dificuldades para manter a temperatura corporal e para se alimentar. Al�m disso, t�m tend�ncia a registrar altos n�veis de bilirrubina, o que pode causar icter�cia e, em casos severos, gerar danos cerebrais, assim como problemas de vis�o e audi��o. “Tirar o beb� antes de 39 semanas e meia, antes de a gestante entrar em trabalho de parto, muitas vezes por comodidade do m�dico, � um risco muito grande para a crian�a. Chega a dobrar a taxa de prematuridade no Brasil, pois o feto ainda precisa concluir o desenvolvimento cerebral, podendo comprometer sua capacidade cognitiva”, afirma Gisele Maciel, obstetra do Instituto Nascer, de Belo Horizonte.

“A autonomia da paciente � um princ�pio relevante e foi um dos norteadores do CFM para a elabora��o dessa norma”, explica o conselheiro Jos� Hiran Gallo, relator da resolu��o e coordenador da Comiss�o de Ginecologia e Obstetr�cia do conselho. Para fazer a cesariana a pedido, passa a ser obrigat�ria a elabora��o de um termo de consentimento pelo m�dico, para que seja registrada a decis�o da parturiente. O documento deve ser escrito em linguagem de f�cil compreens�o, e o m�dico deve esclarecer e orientar a mulher, tanto sobre a cesariana quanto sobre o parto normal. “A paciente, quando devidamente esclarecida, decide com o m�dico as suas op��es de tratamento”, ressalta Gallo.


PER�ODO DECISIVO Entre 37 e 39 semanas, o beb� atravessa uma fase cr�tica de desenvolvimento do c�rebro, dos pulm�es e do f�gado, alerta o Instituto Nacional de Sa�de da Crian�a e Desenvolvimento Humano (NICHD), dos EUA, outra fonte de an�lise para elabora��o da resolu��o aprovada pelo CFM. O instituto afirma que “poucas semanas fazem uma grande diferen�a”. “Quanto mais o beb� estiver pronto para nascer, melhor. E ainda vem aquela coisinha t�o fr�gil e maravilhosa”, comenta a advogada Tha�s Cunha de Andrade, m�e de Jo�o, de 6 meses. Com previs�o para nascer em 15 de dezembro, o garoto chegou no dia 12, faltando tr�s dias para completar as 40 semanas. Apesar de a bolsa estourar e de a m�e sentir todas as contra��es, Jo�o veio ao mundo por cesariana, que se revelou o m�todo mais seguro para o caso.

“Quando n�o h� indica��o m�dica que justifique a antecipa��o do parto, � primordial respeitar o prazo de 39 semanas para realiza��o de cesariana a pedido da gestante. Um dos reflexos dessa norma ser� a redu��o de casos de rec�m-nascidos com dificuldades de adapta��o � vida extrauterina e, consequentemente, a redu��o das taxas de interna��o em unidades de terapia intensiva (UTI) neonatal”, aponta o pediatra e corregedor do CFM Jos� Fernando Maia Vinagre.