
Motorista que dirigia o micro-�nibus assaltado no Bairro Nazar�, Leandro Tadeu Pimenta Borges, de 35 anos, relata momentos de p�nico pelos quais passou por volta das 6h30, desde que o bandido encostou a arma em sua cabe�a pelo vidro do �nibus e pediu para desligar o ve�culo. “Ele deu a volta, com o rev�lver na m�o, e entrou. Alguns meninos n�o queriam entregar o celular, ent�o ele amea�ou me matar”, disse, lembrando que a a��o durou entre dois e tr�s minutos. “Em um primeiro momento, voc� acha que o bandido vai atirar. Fiquei desnorteado, tive at� uma dor no peito”, contou na tarde de ontem, pouco antes de fazer mais uma viagem. “A gente vai, mas, com o p� atr�s agora.”
A suspeita � de que os dois crimes de ontem tenham sido cometidos pelo mesmo homem. Segundo militares da 24ª Companhia do 16º Batalh�o da Pol�cia Militar (PM), o primeiro caso ocorreu na Rua Lauro Rodrigues da Cunha (Acaiaca). O outro assalto foi na Rua D�a M�rcia Chalup (Nazar�). Na sexta-feira, o ataque a uma van com estudantes do Col�gio Tiradentes, da Pol�cia Militar, foi registrado tamb�m na Regi�o Nordeste de BH (Bairro Uni�o) e por volta das 6h30. De acordo com a Pol�cia Militar, o motorista contou que parou na Rua Edson para embarcar um aluno quando um motociclista armado parou na frente dele. O bandido exigiu que ele entregasse a chave, entrou no ve�culo e roubou quatro celulares. Os passageiros tinham entre 15 e 18 anos. Logo em seguida, o criminoso devolveu a chave e fugiu.
Presidente do Sindicato dos Transportadores de Escolares da Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (Sintesc), Carlos Eduardo Campos, afirma que a categoria est� preocupada e avalia os fatores de risco que colocam escolares na mira de bandidos. “O transporte escolar � vulner�vel. O motorista n�o anda armado, n�o vai e nem pode reagir. Os ve�culos transportam crian�as, que entram em p�nico e isso pode resultar em uma trag�dia”, enumera. “Al�m disso, os escolares seguem uma rota e o ladr�o pode programar a a��o, em um hor�rio em que as ruas ainda est�o desertas”, acrescenta.
Para Campos, o fato de estudantes portarem celulares, tablets e outros eletr�nicos cada vez mais caros tamb�m faz do transporte escolar alvo de bandidos. Os tr�s casos levam motoristas e donos de empresas de transporte escolar a cobrar mais policiamento. “� preciso mapear as regi�es onde esses crimes est�o ocorrendo e intensificar as opera��es de abordagem a motociclistas”, defende o empres�rio Anderson Gontijo Pascoal, de 37, dono do ve�culo assaltado ontem no Nazar�. Segundo ele, todos os aparelhos levados eram de valor superior R$ 500.
PROVID�NCIAS Sobre os casos em sequ�ncia, a assessoria de imprensa do Comando de Policiamento da Capital (CPC) informou que a corpora��o est� aberta para discutir medidas de preven��o com o sindicato que representa o transporte escolar. Entre as medidas citadas para aumentar a seguran�a, o CPC listou reorganiza��o de rotas e hor�rios e orienta��es aos pais de alunos. O CPC informou ainda que redes protegidas como as que j� existem em coletivos e no sistema de t�xi podem ser adotadas pelos escolares.
Por meio de nota, o 16º Batalh�o de Pol�cia Militar (BPM), respons�vel pela �rea dos crimes, informou que todas as provid�ncias foram tomadas para atendimento �s ocorr�ncias, como rastreamentos na regi�o, coleta de imagens, entre outras, al�m do direcionamento do registro � Pol�cia Civil, que vai investigar os crimes. Ainda segundo o documento, o 16º BPM mant�m policiamento constante nas �reas de sua responsabilidade, com patrulhas de preven��o ativa, de atendimentos comunit�rios, de opera��es, e tamb�m por meio de redes de prote��o com comerciantes e moradores.
Entrevista
Ana Carolina Santiago, dona de micro-�nibus assaltado ontem no Bairro Acaiaca
“As crian�as come�aram a chorar”
Como foi abordagem do bandido?
Vinte e cinco alunos estavam no carro, sendo 18 crian�as. O escolar parou para pegar um estudante e o assaltante bateu na porta depois que ela j� estava fechada. Como pais costumam chamar depois que o aluno entra, o motorista abriu e foi abordado com uma arma na cabe�a. O bandido o obrigou a desligar o carro e gritou para os alunos entregarem os celulares, amea�ando matar o motorista. O p�nico foi geral. As crian�as come�aram a chorar e apenas um aluno entregou. A� ele foi embora.
Qual sensa��o ficou depois desse assalto e dos outros registrados nos �ltimos dias?
Estamos apreensivos. Essa � uma situa��o muito complicada. Os pais n�o mandam os filhos de �nibus para a escola por medo da viol�ncia. Somos um servi�o que oferece seguran�a e tranquilidade �s fam�lias e esses assaltos comprometem esse objetivo.
O que pode ser feito para evitar esses ataques?
Dif�cil falar com os pais para n�o entregar um celular para o filho, porque o aparelho � �til para qualquer situa��o de emerg�ncia com as crian�as na escola, para dar um recado, para se comunicarem de modo geral. � preciso que o policiamento seja refor�ado, com a��es espec�ficas para motociclistas em atitude suspeita, j� que eles est�o agindo de moto.