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Estado de Minas

Embora seja lei, dar prioridade ao pedestre � atitude de uma minoria em BH

Para especialistas em tr�nsito, atitude s� vai proliferar com o aumento da fiscaliza��o e a aplica��o de multas mais pesadas aos infratores


postado em 23/06/2016 06:00 / atualizado em 23/06/2016 07:34

Na Rua Aimorés, comportamento do taxista Marcelo dos Santos, que sinalizou para outros condutores, permitiu que mulher fizesse a travessia com o carrinho de bebê.
Na Rua Aimor�s, comportamento do taxista Marcelo dos Santos, que sinalizou para outros condutores, permitiu que mulher fizesse a travessia com o carrinho de beb�. "Quem est� atr�s costuma buzinar" (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)

(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Aten��o ao dirigir pelas ruas de Belo Horizonte: h� motoristas que param e d�o prioridade ao pedestre para atravessar na faixa. Embora a atitude n�o represente nada mais que o cumprimento da legisla��o de tr�nsito, ela ainda � rara. Ao obedecer a regra, os integrantes desse grupo se tornam exemplos de algo que deveria ser comum. E come�am a mudar h�bitos. Em uma cidade em que a prefer�ncia � quase sempre dos ve�culos, andar na linha, no entanto, exige cuidado redobrado para evitar atropelamentos ou acidentes. Para quem mant�m a pr�tica, tudo n�o passa de uma quest�o de respeito. Para especialistas em tr�nsito, a obedi�ncia s� vai se tornar efetiva mediante multa pesada aos infratores.

O C�digo de Tr�nsito Brasileiro (CTB) � claro: nos cruzamentos sem sem�foros, a prioridade de travessia � do pedestre. Em 26 anos de carteira de habilita��o, o taxista Marcelo Duarte dos Santos, de 56, segue a lei � risca. Ontem, em um dos pontos mais movimentados do Bairro Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul de BH, na Rua dos Aimor�s, esquina com a Cear�, foi gra�as a ele que uma mulher empurrando um carrinho de beb� conseguiu atravessar. O lugar tem fluxo intenso de autom�veis e, embora haja faixa de pedestres na Aimor�s e nas duas esquinas da Cear�, a espera para travessia pode ser longa, j� que atitudes como a de Marcelo s�o raras.

Mas, ao ver a pedestre, ele n�o teve d�vida. Na faixa da esquerda, parou, sinalizou com a seta, fez sinal para que ela passasse e ainda for�ou o condutor que trafegava � direita a adotar a mesma iniciativa. “Se eu vir qualquer pessoa na faixa, paro. � do meu comportamento”, diz o taxista, com 14 anos de profiss�o. “�s vezes, at� mato outros motoristas de raiva, porque acham que eu n�o deveria parar. Quem est� atr�s costuma interpretar mal, acha que estou fazendo gracinha. E buzina”, conta, acrescentando que n�o se deixa abalar.

A equipe do Estado de Minas passou duas horas observando v�rios cruzamentos com intenso movimento de ve�culos e pedestres na Regi�o Centro-Sul. E, neles, al�m de Marcelo apenas outros tr�s motoristas seguiram a lei. Um deles foi o eletricista Mois�s de Paula Ferreira da Silva, de 42. Ele fez sinal para uma jovem atravessar a Rua Outono, esquina com a Gr�o Mogol, no Sion, e ainda esperou, com a maior tranquilidade, um senhor que vinha atr�s. “Sempre ajo assim. Isso � respeito ao direito do pr�ximo. Temos que zelar pela dignidade do pedestre, como aprendemos na autoescola. Se queremos respeito, devemos t�-lo com o outro”, afirma.

No mesmo local, o motorista de guincho Deiverson Ferreira, de 35, tamb�m obedeceu a prioridade e garantiu que age assim em qualquer circunst�ncia. “Sempre deixo o pedestre passar, mas na maioria das cidades em Minas Gerais os motoristas n�o agem assim, talvez pela pressa”, afirmou. Na Rua Padre Odorico, esquina com a Rua Major Lopes, no Bairro S�o Pedro, os motoristas foram implac�veis com os pedestres, obrigando todos a esperar uma brecha para atravessar. A faixa parecia n�o existir. Houve condutores que avan�aram sobre a faixa mesmo diante de algu�m que j� havia come�ado a travessia – cena comum pelas ruas e avenidas da capital. Apenas um ve�culo, uma BMW, cedeu a passagem.

DOR NO BOLSO Em cruzamentos da Avenida Bandeirantes, cenas de desrespeito se repetiram. Por isso, n�o adianta faixa de pedestre sem fiscaliza��o intensa, na opini�o do professor de engenharia de transporte e tr�nsito M�rcio Aguiar, da Universidade Fumec. Ele considera que as multas s�o o meio mais eficaz para obrigar motoristas  a cumprir a lei. “Tivemos mobiliza��es na implanta��o do C�digo de Tr�nsito Brasileiro, mas n�o houve continuidade”, critica.

O especialista defende que campanhas sejam feitas paralelamente a a��es ostensivas. Aguiar cita o exemplo de Bras�lia (DF), conhecida nacionalmente pelo respeito ao pedestre. L�, basta que algu�m ponha o p� na faixa para que o condutor pare. “Foi preciso mais de um ano para as pessoas criarem o h�bito. No in�cio, os motoristas xingavam, mas a multa chegava mesmo assim. E os resultados come�aram a surgir. No tr�nsito, a educa��o passa por essa penalidade”, ressalta.

Para o taxista Marcelo dos Santos, um dos motoristas exemplares de BH, h� algo ainda mais precioso que envolve a decis�o de adotar a conduta certa. “Isso tem que vir de ber�o. E n�o pode ser de vez em quando. N�o quero para os outros o que n�o desejo para mim”, diz. Parar na faixa � uma quest�o simples: “� seguro para mim e para os pedestres. Temos que preservar o bem maior, que � a vida”.


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