
Peritos da Pol�cia Federal estranharam a aus�ncia de mensagens no hist�rico do chat usado por Ricardo Vescovi, presidente licenciado da Samarco, entre 4 de novembro de 2015, um dia antes do estouro da Barragem de Fund�o, e o dia 30 do mesmo m�s. A institui��o avaliou a falta de conversas no intervalo como ind�cio de que o conte�do tenha sido apagado, pois “n�o h� hist�rico de per�odo t�o longo sem uso de tal meio de comunica��o”.
A aus�ncia de mensagens no chat de Vescovi em quase um m�s � considerada at�pica pelos peritos, o que levou os pr�prios investigadores da �rea t�cnica da corpora��o a investigar o canal interno de conversas de mais quatro diretores ou gerentes da mineradora. Os dados chamaram a aten��o dos peritos.
O chat do ent�o diretor de Opera��es, Kleber Terra, ficou inativo das 16h05 – o desastre ocorreu por volta desse hor�rio – at� as 15h07 de 13 de novembro. O de Germano Silva Lopes, gerente-geral de Projetos, est� sem registro das 14h39 do dia 5 �s 12h28 do dia 9 daquele m�s. O de Wagner Milagres Alves, gerente de Opera��es, n�o registrou troca de mensagens entre os dias 4 e 15. O de Daviely Rodrigues Silva, respons�vel t�cnica pela mina, do dia 5 ao 11.
O sistema de comunica��o entre os diretores levou policiais civis e federais a descobrir que alguns diretores j� visualizavam, desde 2012, a possibilidade de Fund�o se romper. Ainda assim, a empresa n�o implantou medidas capazes de evitar a vaz�o de quase 30 milh�es de metros c�bicos de rejeitos de min�rio. Nem mecanismo que pudesse avisar � comunidade de Bento Rodrigues, o primeiro povoado de Mariana devastado pela lama, da aproxima��o do perigo.

A presen�a do equipamento poderia ter salvo vidas no lugarejo. Dos 19 mortos, cinco eram moradores de Bento Rodrigues. “Sempre diziam que iriam colocar um sistema de alarme no distrito, mas nunca colocavam”, reclamou Zezinho, segundo o relat�rio da Federal, o qual questiona o plano de emerg�ncia no complexo de minas em Mariana.
Consta o seguinte no relat�rio: “O plano de emerg�ncia da Samarco previa a��es apenas em caso de vazamento da barragem, n�o tratando, portanto, de rompimento total (…) � poss�vel concluir que a Samarco, atrav�s de seus representantes legais, tinham pleno conhecimento dos riscos de rompimento que corria a Barragem de Fund�o, vez que, j� em 2012, foi apresentado relat�rio de vistoria indicando a sobrecarga na referida barragem e elencando um rol de provid�ncias que deveriam ser tomadas para minimizar os riscos”.
Em agosto de 2012, por exemplo, numa troca de mensagens entre Kleber, o ent�o diretor de Opera��es, e Germano, gerente-geral de Projetos, o primeiro escreve ao amigo: “Vamos ter fazer um estudo de caso bem feito... Inclusive, com uma simula��o de rompimento das estruturas atuais... Para ver qual o real dano...”.
A Samarco informou que “tinha um plano prevendo a hip�tese de rompimento e o mesmo foi colocado em pr�tica”. Em rela��o aos diretores, os advogados responderam que os indiciados “v�o responder nos autos”.