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Estado de Minas

Al�m do atendimento prec�rio, amplia��o de hospitais e postos � interrompida em Minas

Sem condi��es de atender � demanda crescente da popula��o, gestores municipais ainda sofrem com a car�ncia de recursos para constru��o de novas unidades


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À espera de atendimento, moradores de Montes Claros lotam a recepção da Santa Casa do município(foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS )
� espera de atendimento, moradores de Montes Claros lotam a recep��o da Santa Casa do munic�pio (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A PRESS )
 

Na Santa Casa de Montes Claros, maior hospital do Norte de Minas, o pronto-socorro est� sempre cheio, com macas nos corredores e muitas horas de espera para atendimento. A pra�a em frente funciona como esp�cie de sala de espera ao ar livre, com a presen�a di�ria de um grande n�mero de pessoas que se deslocam em ambul�ncias, vans e �nibus por longas dist�ncias em busca de consultas e exames que n�o conseguem mais ou nunca conseguiram nos lugares de origem. Gerente do pronto-socorro do hospital, Wendel Felix Guimar�es conta que a unidade tem uma demanda de 200 pacientes por dia, dos quais 40% s�o de outros munic�pios.

Wendel afirma que a demanda no hospital aumentou com a crise financeira dos pequenos munic�pios. “Eles j� sofriam com a falta de estrutura e de recursos humanos. Muitas vezes, chegam em nosso pronto-socorro pacientes de outras cidades precisando de procedimentos simples, que n�o s�o feitos nos lugares onde moram por falta de profissionais”, comenta. Exemplo dessa dificuldade foi vivido pela lavradora Ana Maria Fernandes Oliveira, de 46 anos, moradora da localidade de Maca�bas, no munic�pio de Bocaiuva. Na quinta-feira, ela viajou at� Montes Claros para se submeter a uma endoscopia, feita numa cl�nica particular. A viagem foi uma verdadeira via-cr�cis. Ana Maria teve que pagar R$ 200 por uma endoscopia porque n�o conseguiu o exame no servi�o p�blico. “Em Olhos D’�gua, o tempo para a gente conseguir uma endoscopia pelo SUS aumentou ainda mais. Agora demora um ano”, afirmou L�lia.
Em Sete Lagoas, obras do Hospital Dr. Márcio Paulino foram interrompidas por falta de recursos(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
Em Sete Lagoas, obras do Hospital Dr. M�rcio Paulino foram interrompidas por falta de recursos (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )

Constru��o suspensa

Depois da promessa do governo do estado de investir na constru��o de hospitais regionais para descentralizar a demanda por servi�os de sa�de em Minas, as obras foram interrompidas, afetadas pelos cortes or�ament�rios que se abatem sobre munic�pios. Um desses s�mbolos pode ser visto em Sete Lagoas, na Regi�o Central, onde a constru��o do Hospital Regional Doutor M�rcio Paulino j� teve 80% das obras executadas e R$ 70 milh�es investidos, mas o canteiro de obras foi fechado por falta de R$ 30 milh�es para a conclus�o. Em Par� de Minas, no Centro- Oeste, das oito obras da �rea da sa�de, cinco precisaram ser paralisadas e foram retomadas em ritmo lento.

Segundo o secret�rio municipal de Sa�de Cl�udio Ribeiro Figueiredo, o munic�pio enfrenta um “buraco” em seu or�amento de aproximadamente R$ 5 milh�es, entre recursos do estado e da Uni�o. “Todo e qualquer tipo de amplia��o foi suspenso na �rea da sa�de em Sete Lagoas. E a demanda � sempre uma crescente.”

Como reflexo disso, toda a estrutura do setor est� sendo readaptada. “Estamos tendo que adequar tamanho das equipes e atendimento nos equipamentos. Fizemos um corte de 10% no quadro de pessoal. Eram 2.000 funcion�rios e 200 foram demitidos”, disse. Ainda segundo ele, o conv�nio da secretaria com a Santa Casa – unidade d� suporte ao atendimento SUS – caiu de R$ 52 milh�es (valor anual) para R$ 43 milh�es e at� o fim do m�s ter� nova redu��o. As cirurgias tamb�m s� est�o sendo feitas em casos graves. “At� as ortop�dicas est�o sendo reprogramadas”, afirmou o secret�rio.

Em Par� de Minas, no Centro-Oeste de Minas, as obras atrasadas tamb�m impactam o quadro do pronto atendimento. Or�ada em R$ 3,6 milh�es, a amplia��o do pronto atendimento para transform�-lo em unidade de pronto atendimento e com isso se credenciar a receber recursos estaduais e federais, foi interrompida e sofreu atrasos. Cerca de R$ 1,2 milh�o deveria ser investido pela prefeitura, mas, sem dinheiro, depois da retomada da interven��o, apenas cinco funcion�rios trabalham a passo lento na unidade. A expectativa da prefeitura � terminar o servi�o em dezembro, seis meses depois do que estava previsto.

• Esfor�o para manter atendimento
Diante de extratos banc�rios negativos, as prefeituras est�o tendo que otimizar os servi�os para evitar a desassist�ncia. Em Par� de Minas, o secret�rio de Sa�de Cleber de Faria Silva diz que a crise financeira obriga a prefeitura a fazer uma verdadeira gin�stica para n�o encerrar a presta��o de alguns servi�os, principalmente porque os cortes mais vi�veis ocorrem no pessoal. Dos 900 funcion�rios da secretaria, 50 n�o tiveram os contratos renovados e outros 40 passar�o pela mesma situa��o, chegando a 10% de cortes. “Como voc� faz para manter porta aberta sem pessoal? Se continuar desse jeito, teremos que priorizar dentro de uma �rea que j� � prioridade, cortando servi�os como odontologia e sa�de mental”, diz o secret�rio.

Em Uberaba, no Tri�ngulo, o d�bito do estado com o munic�pio j� gira em torno de R$ 2,5 milh�es e, al�m do atraso, parte dos pagamentos est� sendo parcelada, o que tem levado a atraso no pagamento de fornecedores e exigido um rearranjo para dar conta do atendimento. Nos procedimentos eletivos, a crise j� mostra seus efeitos. “A fila eletr�nica para consultas e exames tem ficado cada vez maior, informa o secret�rio municipal de Sa�de Marco T�lio Azevedo Cury.

Para manter atendimento de urgência e emergência em Sete Lagoas, prefeitura estabeleceu uso racional de material médico(foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )
Para manter atendimento de urg�ncia e emerg�ncia em Sete Lagoas, prefeitura estabeleceu uso racional de material m�dico (foto: Jair Amaral/EM/D.A PRESS )

No Hospital Municipal Monsenhor Fl�vio Damato, em Sete Lagoas, refer�ncia para 33 munic�pios na Regi�o Central em urg�ncia, emerg�ncia e trauma, foi necess�rio adotar iniciativas mais r�gidas no ordenamento externo, o uso racional de materiais m�dicos e hospitalares e articula��o mais pr�xima com as duas unidades de pronto-atendimento (UPAs), que somente encaminham pacientes para interna��o com contatos pr�vios e que tenham real necessidade de hospitaliza��o. A medida evita pacientes esperando por leitos nos corredores. Os munic�pios vizinhos tamb�m fizeram um acordo para evitar o envio desnecess�rios de pacientes. O hospital � refer�ncia para cerca de 600 mil pessoas, com 3 mil atendimentos por m�s e 5 mil procedimentos no pronto-socorro.

Na UPA Belo Vale, o coordenador de assist�ncia Thiago Boaventura Almeida da Silva conta que precisou remanejar funcion�rios para n�o prejudicar o atendimento. “Ortopedista e cirurgi�o ficam s� das 19h �s 23h, mas a legisla��o permite. Depois desse hor�rio, os pacientes s�o encaminhados para o hospital municipal”, disse Thiago. A UPA faz 9 mil atendimento por m�s. “Para conseguir conviver com a crise econ�mica, a prefeitura est� retirando verbas do tesouro municipal”, comentou ele.

O coordenador de enfermagem do Hospital Municipal, Luiz Ot�vio de Souza, conta que uma das medidas adotadas para enfrentar a crise foi otimizar a gest�o de leitos. “Tanto da busca ativa da alta, assim que ela � pass�vel de ser dada com seguran�a, agilidade no atendimento de enfermagem e m�dico, e ordenamento da demanda externa”, disse Luiz. Segundo ele, as unidades pr�-hospitalares submetem a necessidade de transfer�ncia a um sistema regulat�rio, o que controla a vida do paciente para c�”, disse.

Classifica��o de risco

Outro ordenamento externo � a classifica��o de risco feita por um m�dico do pr�prio hospital, que analisa a necessidade da transfer�ncia. “O paciente s� vem para o hospital com leito dispon�vel. Buscamos o entendimento de todos os munic�pios vizinhos e de outras unidades pr�-hospitalares de que corredor de hospital n�o � leito, que n�o � um espa�o digno de colocar o paciente, disse.

Segundo Luiz Ot�vio, o tempo de ociosidade dos leitos foi reduzido. “Se tornou muito din�mico. Eu trago o paciente de uma cidade vizinha ou da UPA e a gente faz a admiss�o dele no pr�prio leito que est� reservado para ele”, disse. O aut�nomo Warley Aur�lio Souza, de 40, est� internado no hospital desde o dia 20, com infec��o urin�ria, e conta que n�o teve dificuldade de interna��o. “Cheguei e fui direto para o leito”, disse. S�o 136 leitos dispon�veis. Na sexta-feira, n�o havia nenhum paciente aguardando nos corredores do hospital e nem na portaria.

Ainda assim, a unidade sofre com o atendimento na ponta. A comerciante Sandra Gon�alves de Oliveira, de 43 anos, que h� um m�s acompanha a m�e Maria da Gl�ria Gon�alves de Oliveira, de 68, reclama que a m�e, que teve um derrame cerebral, pegou infec��o hospitalar naquela unidade. “Ela est� com pneumonia, problemas nos rins e eles demoraram demais para medic�-la. Os dedos dos p�s dela est�o todos roxos e est�o querendo amput�-los”, reclama a comerciante. O coordenador de enfermagem admitiu que a mulher pegou infec��o hospitalar, mas disse que n�o houve falha no atendimento.

D�vida antiga de R$ 1,5 bi
A Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES-MG) confirmou, por meio de nota, o atraso nos repasses de recursos aos munic�pios e informou que herdou uma d�vida de R$ 1,5 bilh�o e que o trabalho da equipe est� focado em saldar o d�bito e pagar todas as contas mensais do sistema junto aos munic�pios e prestadores. “Nos �ltimos meses, com todas as quest�es or�ament�rias amplamente divulgadas pela m�dia, a d�vida chegou a R$ 1 bilh�o”. A nota esclarece ainda que a SES-MG vem quitando o saldo devedor sempre que entram recursos no Fundo Estadual de Sa�de. Procurado na quinta-feira para repercutir os atrasos informados pelas prefeituras, o Minist�rio da Sa�de n�o respondeu ao Estado de Minas e adiantou, por meio de sua assessoria de imprensa, que n�o h� registro de atrasos nos pagamentos.

 


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