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Estado de Minas

Taxista de BH quer publicar livro com relatos de sua passagem pelo Iraque

Conhecido como Saddam, motorista trabalhou dois anos no pa�s construindo uma rodovia na d�cada de 80. Agora, quer patroc�nio para levar anota��es �s estantes de livrarias


postado em 27/06/2016 06:00 / atualizado em 27/06/2016 07:53

Murilo Morais diz que o tempo que passou no país do Oriente Médio foi fascinante (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Murilo Morais diz que o tempo que passou no pa�s do Oriente M�dio foi fascinante (foto: Leandro Couri/EM/D.A PRESS)
Entrar na cova dos le�es com Daniel, visitar o castelo onde viveram Sans�o e Dalila, atravessar o portal que leva aos jardins suspensos da Babil�nia... Quem se deixar levar pelas hist�rias contadas pelo taxista Murilo Morais Maciel, de 62 anos, poder� escolher entre conversar sobre o presente, trocar impress�es sobre o frio ou a queda do �ltimo ministro e outros assuntos triviais ou embarcar em uma viagem m�gica pelos mais antigos monumentos do Oriente M�dio.

Contratado pela construtora mineira Mendes J�nior para trabalhar por dois anos no Iraque, na d�cada de 1980, Saddam, como Murilo � conhecido pelos amigos, atuou na constru��o de uma rodovia naquele pa�s, ao lado de milhares de oper�rios. O fato ocorreu h� 33 anos, mas o Saddam brasileiro – “o �nico que continua vivo!” – transformou em fortuna a experi�ncia vivida na �poca, forasteiro em meio ao deserto.

Al�m de trazer dinheiro suficiente para se casar e comprar a placa do t�xi, Saddam voltou com quilos e quilos de anota��es, cart�es-postais e inconfess�veis souvenires. A partir do material, o taxista escreveu o livro Viver e n�o morrer nas terras de Al�, que aguarda patroc�nio para ser lan�ado. S� o pref�cio tem 50 p�ginas. “Entre mais de 30 mil trabalhadores enviados ao Iraque, soube de gente que n�o trouxe nem uma foto. Confesso ter ido para l� por causa do sal�rio, mas tirei ouro dos conhecimentos. De repente, me vi no ber�o da cultura, das religi�es e das civiliza��es, onde est�o mais de 15 mil s�tios arqueol�gicos. Foi fascinante”, explica ele, natural de Pequi, interior de Minas.

Em frente ao portal da cidade de Babil�nia, ber�o da antiga civiliza��o, veio o impacto mais forte para Murilo, que infelizmente n�o est� documentado em fotos. Ao revelar o filme, Murilo descobriu que as fotos estavam veladas. Restou um instant�neo de uma Polaroid, feito pelo irm�o R�mulo, tamb�m contratado para trabalhar no Iraque. “N�o posso desmentir a B�blia, mas acredito que o mito da cidade castigada tenha surgido em fun��o de uma enchente catastr�fica do Rio Eufrates, que apresenta um desn�vel em rela��o ao per�metro da Babil�nia. Assim, ela teria sido soterrada”, afirmou o taxista.

No livro, Murilo descreve desde cenas pitorescas, como ele correndo atr�s de raposas no deserto, at� as fortes impress�es causadas ao subir at� a Torre de Samarra, com 72 metros que altura, que seria uma r�plica da Torre de Babel. Na ocasi�o, tornou-se irresist�vel para o taxista trazer um peda�o da torre que, at� hoje, ele havia mostrado apenas a um padre. “N�o fez falta. Eram mais de 200 metros de pedras soltas, como se fosse daqui at� a avenida Afonso Pena”, calcula ele, que costuma estacionar o ve�culo em um ponto da Rua Gon�alves Dias, no Bairro Funcion�rios. Acrescenta que Samarra � banhada pelo Rio Tigre, que segue em dire��o � cidade de N�nive, que daria nome a uma das filhas, caso ele tivesse mulheres. Murilo e sua habib (amor) Joana tiveram dois meninos, sendo que um deles se chama Daniel e o outro Lucas (escolhido pela mulher).

LEMBRAN�AS DO DITADOR Se der sorte, algumas vezes o passageiro poder� encontrar Murilo com o bottom de Saddam Hussein pregado no lado esquerdo do peito, o que acabou lhe rendendo o apelido na pra�a. “Na �poca, os sunitas, partid�rios da Saddam, usavam esse bottom e batiam com a m�o no peito, em rever�ncia ao seu presidente, que eles diziam governar para o povo. Eles perguntavam pra gente se Saddam era ‘very good’ e ai de quem respondesse n�o”, conta o taxista que diz ter estado duas vezes diante do ditador, capturado pelos Estados Unidos e Reino Unido em 2003 e condenado � morte por enforcamento em 2006.

Da primeira vez, ele conta que viu o l�der iraquiano descer de um helic�ptero, sob gritos, aclama��es, tiros de fuzil AK-47 e c�nticos de escolares e de mulheres. Da segunda vez, de acordo com o taxista, ele teria disputado uma partida contra um dos filhos de Saddam Hussein, Udai Saddam Hussein. Murilo diz que era goleiro no time amador da construtora que o contratou para trabalhar no Iraque. “Depois de conhecer o Iraque, aprendi a valorizar o Brasil, pois l� eles brigam por �gua e at� por meio metro de terreno. D� guerra”, compara o motorista profissional, que s� n�o fez quest�o de chegar perto do conflito Ir� e Iraque, que ocorria a cerca de 700 quil�metros de Ramadi, onde ele estava estabelecido.


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