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Estado de Minas

Viagens nas vans escolares viram roteiros de medo na Grande BH

Embarques em hor�rios de pouco movimento s�o situa��o mais vulner�vel


postado em 11/07/2016 06:00 / atualizado em 11/07/2016 07:41

Jornada de apreensão começa de madrugada, quando os escolares buscam os primeiros alunos em casa(foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
Jornada de apreens�o come�a de madrugada, quando os escolares buscam os primeiros alunos em casa (foto: Paulo Filgueiras/EM/DA Press)
A viagem come�a ainda no sil�ncio da madrugada, �s 5h30, sob a fraca ilumina��o dos postes das ruas do Bairro Castelo, na Regi�o da Pampulha. Nas vias desertas que cruzam a Avenida Her�clito Mour�o de Miranda, o motorista F�bio Gomes, de 30 anos, para a van escolar deixando o motor ligado, enquanto a ajudante Juliana Pretti Campos, de 32, se encarrega de abrir e fechar a porta de correr para o embarque dos alunos. “Aqui o medo � grande. Quando passa uma motocicleta com algu�m na garupa, ent�o, a gente sente aquela tens�o. Principalmente porque v�rios roubos ocorrem nesse bairro. Na quarta-feira, roubaram os celulares de estudantes e passageiros na Avenida Tancredo Neves (a menos de tr�s quil�metros de dist�ncia)”, afirma Juliana. O tempo entre a sa�da das crian�as de mochila de seus pr�dios para a entrada do ve�culo dura poucos segundos e, ao ser conclu�da a opera��o, o ve�culo arranca de forma a evitar a aproxima��o de qualquer estranho.

Dentro do ve�culo, ainda na escurid�o da madrugada, as crian�as conversam baixinho, sem entusiasmo, e evitam utilizar seus aparelhos eletr�nicos. “Minha m�e disse que n�o era para eu entrar mais no Facebook e no WhatsApp enquanto estivesse na van. Na escola, a gente ouviu muitos colegas contando que foram assaltados e ficaram sem o telefone. Os ladr�es est�o usando rev�lveres”, conta um dos estudantes, de 11 anos, que segue de escolar para o Col�gio Santa Maria, na Floresta, Regi�o Leste de BH. H� quem ainda se arrisque e, disfar�adamente, empurre por dentro do moletom o fio do fone de ouvido, escondido pelo capuz do agasalho, mas o medo tem desestimulado a pr�tica entre a maioria dos estudantes. “A gente tem medo de acontecer com a gente, de vir algu�m de moto e nos roubar”, conta outra estudante, de 12 anos, do mesmo col�gio.

PREVEN��O A ajudante de bordo Juliana Campos conta que pelo grupo de conversa dos transportadores institu�do no WhatsApp j� foi poss�vel mapear a forma de agir dos ladr�es e com isso tentar evitar algumas condutas. “J� sabemos que eles (os bandidos) agem entre as 6h e 6h30. � nesse hor�rio que a gente tem mais medo de trafegar por bairros mais afastados, onde come�amos as viagens. A pol�cia at� tenta nos orientar a mudar os trajetos e a rotina, mas n�o tem jeito, porque os alunos precisam ser transportados para suas casas e para o col�gio”, afirma.

Para Juliana, h� duas situa��es mais tensas: “Quando preciso descer do ve�culo e caminhar at� a portaria de um pr�dio em uma rua deserta, fico morrendo de medo, porque � uma hora em que a gente fica vulner�vel. Bandidos podem aparecer e nos render. Est� todo mundo trabalhando em p�nico, porque toda hora chega not�cia de mais um roubo. Ontem (quinta-feira), levaram tudo, inclusive a van, l� em Venda Nova. Os ladr�es est�o ficando mais ousados, porque sabem que aqui s� tem crian�as e pessoas desarmadas”, afirma.

Outra situa��o que traz medo para a transportadora escolar � a forma como as crian�as podem reagir no momento do assalto. “Levo crian�as de 2 a 16 anos. Muitas delas nunca passaram por uma viol�ncia dessas. No nosso grupo, contaram que em um assalto uma menina entrou em p�nico e come�ou a gritar. Os bandidos a amea�aram para que parasse, mas ela n�o conseguia. Foi muito tenso”, conta. “Temos outro problema, que � a grande quantidade de filhos de policiais que levamos para o Col�gio (Tiradentes) Militar. E se um pai desses, sabendo da viol�ncia, resolve esperar armado e flagra um assalto? Imagine se ocorre um tiroteio na rua com os meninos no meio”, teme.

Mesmo quando as crian�as chegam aos col�gios, ainda � poss�vel perceber que evitam sacar seus aparelhos eletr�nicos. “A gente evita, para n�o ser roubado. Fica complicado, porque na escola tamb�m n�o podemos usar. E o pior � que minha m�e precisa que eu leve meu telefone, para eu saber se vou almo�ar na casa do meu pai ou na da minha av�”, disse uma estudante de 13 anos, que saiu de uma van que a deixou no Col�gio Batista, na Floresta, Regi�o Leste de BH.


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