
Ontem, o indiano apareceu na portaria do Estado de Minas, tentando fazer contato com o maior jornal de Belo Horizonte. Foi desta mesma maneira que Somen foi tema de reportagem no The Guardian, um dos principais peri�dicos ingleses, em outubro de 2009. Por onde passa, o indiano deixa ensinamentos que v�o al�m da coragem e persist�ncia: ‘N�o escolho um lugar de que mais gostei. Amo todos os pa�ses. Onde estiver no momento, procuro respeitar o tempo, o lugar onde estou e a pessoa com quem estou conversando.”
“J� visitei 124 pa�ses, sendo 22 na �sia, 45 na Europa e outros 60 na �frica e Oriente M�dio. No total, dei palestras a 3,3 mil crian�as em aldeias, escolas e comunidades, falando sobre a import�ncia da preven��o contra o HIV. N�o digo esses n�meros por orgulho, mas porque s�o uma d�diva para mim”, afirma o homem, que acredita na religi�o hindu e se comunica em ingl�s. Ele disse ter sido procurado seis anos depois por uma delas, da B�snia Herzeg�vina, que contou ter se tornado jornalista inspirada na trajet�ria dele. Ao t�rmino da aventura, Somen planeja lan�ar livro e document�rio.
A batalha contra o preconceito em rela��o � Aids, doen�a que atinge cerca de 38,8 milh�es de pessoas no mundo, de acordo com dados da Unaids (programa das Na��es Unidas para HIV e Aids) � o que move Somen a pedalar de 100 a 150 quil�metros por dia. Em um ano, o indiano � capaz de percorrer at� 12 mil quil�metros. Ele foi inspirado a esta miss�o com a idade de 14 anos quando leu o artigo intitulado “Aids � mais mortal do que o c�ncer”. A pessoa citada no artigo era sem-teto e estava sentada em frente � Faculdade de Medicina de Calcut�, abandonada por seus habitantes e deixada para morrer sozinha.
Em Belo Horizonte, hospedou-se em um hostel, mas leva um peso de cerca de 50 quilos de bagagem na bicicleta, que incluem livros, algum mantimento, escova de dentes, roupas e uma barraca de camping. “Se estiver no meio da estrada, acampo onde for. N�o tive muitos problemas”, conta ele, que gastou sete bikes no trajeto, incluindo uma perdida e tr�s furtadas na Bulg�ria, Pol�nia e Alemanha.
Entre outros apuros, enfrentou -35 graus Celsius de temperatura na antiga Uni�o Sovi�tica, foi oito vezes espancado por skinheads, viveu com animais selvagens (rinocerontes, elefantes e leopardos no deserto). At� agora, uma das mais felizes pessoas que ele conheceu foi uma bengali que vivia com uma renda de 25 r�pias por dia, mas se dizia feliz por estar com sua fam�lia.
Desde 2004, Somen est� rodando o mundo de maneira quase ininterrupta. Por dois momentos, sentiu-se obrigado a parar: durante um intervalo de 24 dias, quando ficou em poder dos talib�s. O segundo motivo deveu-se ao Brasil. Quando chegou � Amaz�nia, com a inten��o de ficar dois dias, o indiano estendeu a viagem por dois meses. “Era um sonho de inf�ncia desde que ouvi falar da floresta amaz�nica, aos 8 anos, nos livros de geografia da escola. � incr�vel como as pessoas das aldeias de �ndios interagem com a natureza e com os animais”, afirma o indiano.
Ap�s pernoitar na capital mineira, Somen segue hoje para o Rio de Janeiro, S�o Paulo, Curitiba (PR) e Foz do Igua�u. De l�, atravessa a fronteira com o Paraguai, Uruguai e a Patag�nia. Em agosto, desembarca na Ant�rtica. Seu objetivo final � conhecer 191 pa�ses. “Assim como o g�nio da l�mpada de Aladim era apenas um homem comum, mas que acreditava ser capaz de realizar desejos, acredito ter vindo ao mundo para viajar”.