
O lixo produzido e coletado no Centro de Belo Horizonte engrossa uma estat�stica preocupante dos pontos de vista econ�mico e ambiental. Com percentual de crescimento muito acima do verificado na produ��o de res�duos retirados mensalmente em toda a cidade, os materiais descartados por resid�ncias, com�rcios e demais estabelecimentos localizados dentro dos limites da Avenida do Contorno atingiram �ndice alarmante neste ano. Dados da Superintend�ncia de Limpeza Urbana de Belo Horizonte (SLU) mostram que a m�dia mensal de 6.403 toneladas coletadas no Centro, nos sete primeiros meses de 2016, � 65,5% superior �s 3.868 toneladas recolhidas mensalmente na regi�o em 2005.
Para especialistas, o quadro � preocupante e exige interven��o imediata do poder p�blico para implanta��o de coleta seletiva e de campanhas de conscientiza��o para o consumo consciente. Em rela��o ao lixo coletado em toda a cidade, a m�dia mensal este ano subiu 30,1% em uma d�cada, apesar de o volume ter sido menor em rela��o a 2015.
Os �ndices que traduzem a realidade da coleta domiciliar na capital mineira s�o tamb�m superiores � m�dia nacional apontada no Panorama dos Res�duos S�lidos no Brasil, da Associa��o Brasileira de Empresas de Limpeza P�blica e Res�duos Especiais (Abrelpe). Segundo o levantamento, o crescimento da gera��o de lixo observado no pa�s foi de 25% no intervalo entre 2005 e 2014. O diretor-executivo da Abrelpe, Carlos Silva, afirma que a eleva��o de 65% somente no Centro de BH � alta e merece a aten��o do poder p�blico. “Est� muito acima da m�dia da cidade e tamb�m do Brasil. � mais que o dobro. � preciso que a administra��o municipal verifique o que levou a esse aumento e interfira para controle dessa produ��o de res�duos”, defende.
Entre as poss�veis causas para explicar o crescimento do lixo coletado na Regi�o Central de BH, Carlos lista o aumento populacional, o desenvolvimento da cidade, os aumentos da renda e do poder de consumo, bem como a mudan�a de h�bitos da popula��o na hora de ir �s compras. “� preciso observar que o Centro de uma grande cidade, como � Belo Horizonte, concentra uma s�rie de servi�os, com�rcios, al�m de ser uma zona de passagem. Mas o crescimento registrado na �rea central de BH est� muito acima da m�dia”, alerta.
Gastos extras com manuten��o
O diretor-executivo lembra que a progress�o r�pida na gera��o de res�duos resulta em maior preju�zo ambiental, al�m de gerar cada vez mais impacto para os cofres p�blicos nos gastos com varri��o, coleta, transporte e acondicionamento desses materiais. Desde 2008, quando o aterro da BR-040 teve sua capacidade esgotada, todo o lixo de Belo Horizonte passou a ser levado para o Aterro Maca�bas, em Sabar�. O espa�o particular foi a solu��o encontrada pela PBH para destinar seus res�duos. “Esse trabalho, desde a coleta at� o destino final, tem um custo por viagem, que aumenta com o crescimento da produ��o da quantidade de lixo”, explica.
Assim como Carlos, especialistas lembram da import�ncia de pol�ticas p�blicas que possam reduzir a quantidade de lixo. Na avalia��o da doutora em res�duos s�lidos Cynthia Fantoni, pesquisadora do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), faltam incentivos para a programas de reciclagem e para a implanta��o de ind�strias que possam receber e tratar esses materiais. “Em Belo Horizonte, a coleta seletiva tem muito baixa cobertura e atinge apenas alguns bairros da cidade. O poder p�blico pode interferir diretamente na quantidade de lixo gerado e coletado, mas precisa rever suas pol�ticas”, afirma Cynthia. Dados da Abrelpe mostram que grandes cidades t�m capacidade para reciclar at� 30% do lixo que produz. Em BH, esse percentual est� em torno de 10%. “Para aumentar, precisa haver investimento e campanhas que levem a popula��o tanto a reduzir quanto a separar o lixo que produz”, afirma Carlos Silva.

Por meio de nota, a SLU informou que a compara��o dos n�meros que mostram o crescimento da produ��o de lixo na �rea interior da Avenida do Contorno deve levar em conta vari�veis, como o aumento da popula��o, replanejamento dos distritos de coleta, varia��o na ocupa��o do solo urbano (verticaliza��o, novas moradias, estabelecimento de com�rcio), mudan�a de comportamento das pessoas e de empresas (maior ou menor produ��o e consumo de bens descart�veis), entre outras. Segundo o �rg�o, � preciso considerar ainda o aumento da popula��o flutuante e entender que BH � considerada uma cidade-dormit�rio para consider�vel parte da popula��o do Centro, al�m da realiza��o de eventos que re�nem maior ou menor p�blico vindo de fora, a exemplo do carnaval e da Virada Cultural.
Sobre o Hipercentro, a superintend�ncia esclareceu que o servi�o de coleta de lixo na regi�o � di�rio (de segunda a s�bado), a partir das 20h. “Trata-se de uma �rea priorit�ria por causa da grande circula��o de pessoas”, informou a SLU por meio de nota. J� a varri��o � feita tr�s vezes ao dia (manh�, tarde e noite), inclusive nas pra�as Sete, Rio Branco e Raul Soares.