
O resultado do painel foi apresentado ontem por meio de videoconfer�ncia e as informa��es foram repassadas pelo engenheiro civil respons�vel pelas investiga��es, Norbert Morgenster, que est� no Canad�. As conclus�es do estudo cont�m semelhan�as com as causas apontadas no inqu�rito da Pol�cia Civil, apresentado em fevereiro, e se baseiam em tr�s perguntas chaves: por que ocorreu o fluxo fluido de rejeitos?; por que ele ocorreu naquele local?; por que o rompimento ocorreu naquele 5 de novembro de 2015.?
Como resposta aos questionamentos, o especialista explicou que os problemas come�aram no sistema de drenagem da barragem, com entrada de lama em �reas n�o previstas. O projeto original era depositar areia atr�s do dique de partida e depois realizar o alteamento pelo m�todo � montante para aumentar, de forma progressiva, a capacidade de armazenamento da barragem. A areia deveria conter a lama depositada de forma que os dois materiais n�o se misturassem e, para isso, uma “praia de areia”, de 200 metros de extens�o, foi criada. Essa era a largura necess�ria para evitar que a lama chegasse pr�ximo � crista da barragem, onde impediria a drenagem.
Os primeiros erros come�aram a surgir em 2009, um ano ap�s o in�cio da constru��o de Fund�o. Na �poca, foram constatados defeitos de constru��o no dreno de fundo, que resultaram em revis�o do projeto inicial para reparo, em 2010. O novo projeto previa a constru��o de um tapete drenante destinado a controlar a satura��o do reservat�rio.
Ainda assim, em 2011 e 2012, enquanto o novo projeto estava sendo constru�do, houve um segundo incidente com a lama, com �gua chegando a apenas 60 metros da crista da barragem e n�o a 200 metros, como estava previsto com a cria��o da “praia de areia”. Com isso, a lama novamente se depositou em �reas indevidas. No final de 2012, mais problemas durante o processo de alteamento da barragem. Quando uma galeria do sistema de drenagem se mostrou estruturalmente deficiente e incapaz para suportar mais carga e, por isso, precisaria ser preenchida de concreto e desativa, o alinhamento da barragem na ombreira esquerda foi deslocado de sua posi��o para que as opera��es em Fund�o fossem mantidas. Esse processo colocou o maci�o diretamente em cima das lamas depositadas anteriormente, o que criou condi��es para que o processo de liquefa��o ocorresse.
Mesmo assim, as obras para alteamento continuaram e, em 2013, novas interven��es precisaram ser feitas para reparo de trincas na ombreira esquerda. No ano seguinte, o tapete drenante constru�do ao longo de 2011 e 2012 chegou � sua capacidade m�xima e as lamas por baixo do maci�o aceleraram o processo de liquefa��o da massas de areia depositadas acima desse material.

Os representantes das tr�s empresas estiveram presentes durante a apresenta��o do resultado do inqu�rito, mas n�o deram entrevista � imprensa. Diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho se limitou a dizer que lamentava os danos causados ao meio ambiente e �s v�timas e a comentar o trabalho. “Estamos empenhados em analisar os resultados e compartilhar com outras empresas para que trag�dias dessa natureza possam ser evitadas em todo o mundo”. Assim como ele, o diretor-presidente da Valle, Murilo Ferreira, pediu desculpas �s fam�lias das v�timas e afirmou que todas as empresas est�o comprometidas com a recupera��o ambiental e a assist�ncia aos atingidos pela trag�dia.
