

Os tr�s taxistas que protagonizam decis�o in�dita no pa�s s�o acusados de tentar matar o m�sico Marcel Telles e a mulher dele, a jornalista Luciana Machado, por motivo torpe. Em agosto do ano passado, o casal foi cercado e xingado quando pegava um carro do Uber. Ao tentar argumentar com os taxistas, Marcel foi agredido. No processo contra Leonardo Silva Rodrigues, Washington Silva Rodrigues e Erick Castelo Branco Rocha, a promotora Denise Guerzoni Coelho os acusa de tentar estrangular o m�sico, enquanto lhe davam socos e chutes. Leonardo teria dado um “mata-le�o” em Marcel, asfixiando-o, enquanto os outros dois batiam na v�tima. Eles tamb�m s�o acusados de amea�ar a jornalista de agress�o f�sica.
De acordo com a BHTrans, Leonardo e Erick s�o condutores auxiliares cadastrados. J� Washington foi condutor auxiliar cadastrado, mas, ano passado, deu baixa na autoriza��o para condu��o de t�xi. O juiz Maur�cio Leit�o Linhares, do 1º Tribunal do J�ri, abriu prazo para a defesa dos taxistas, que vai apresentar respostas � acusa��o de tentativa de homic�dio. Se recus�-las, o magistrado decidir� se v�o a j�ri popular. “Foi um al�vio saber desse desdobramento, porque no dia em que passamos por essa situa��o todo mundo fez barulho, mas, depois, ningu�m falou mais nada e ningu�m foi preso. Ontem, um motorista tomou um facada. V�o esperar algu�m morrer para tomar uma atitude?”, questiona Telles. Para o m�sico, a situa��o do servi�o de transporte deve ser resolvida logo na capital mineira: “Todo mundo que conhe�o usa o Uber. O poder p�blico tem que decidir logo”.
Ele conta que ligou imediatamente para a PM e foi orientado a procurar o posto de atendimento que fica dentro do Minas Shopping, pr�ximo ao estacionamento. Ao mesmo tempo, compartilhou sua localiza��o e informou outros parceiros por um grupo de WhatsApp. Quando voltou ao local indicado j� encontrou alguns colegas do Uber, que disseram ser necess�rio identificar os taxistas para registrar o boletim de ocorr�ncia. Naquele momento, os dois grupos se encontraram e o taxista que dirigia um Fiat Idea agrediu um dos condutores do Uber. “Resolvi sair do carro para intervir na situa��o. Outro taxista me segurou, um me deu um soco e um terceiro veio com a faca”, diz.
Rodrigo diz que conseguiu se desvencilhar e correu para dentro do shopping, onde encontrou um seguran�a armado. Uma ambul�ncia do shopping o levou ao Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII. Ele recebeu quatro pontos no bra�o esquerdo. O jovem teve alta no in�cio da tarde de ontem e se emocionou ao lembrar do ocorrido. “Eu vejo foto e v�deo do que aconteceu e fico emocionado, porque eu poderia n�o estar mais aqui. N�o precisava de chegar a esse ponto. � necess�rio regulamentar o servi�o e punir quem faz uma coisa dessas. Cidades como S�o Paulo e Bras�lia j� aprovaram o aplicativo”, disse ele, que vai voltar a trabalhar.
INVESTIGA��O A delegada que investiga o caso, Adriana das Neves Rosa, titular da 2ª Delegacia de Pol�cia Civil Leste, indiciou por tentativa de homic�dio dois dos agressores. Jo�o de Souza Lima, de 39 anos, e Roney Caldeira de Paula, de 43, foram detidos em flagrante e aguardam manifesta��o da Justi�a para saber se ficar�o em pris�o preventiva ou responder�o em liberdade. A delegada espera que o terceiro suspeito, acusado de dar as facadas, se apresente. Ela informou que dilig�ncias j� est�o em curso para esclarecer os fatos. “A informa��o inicial � de que o problema come�ou com uma briga generalizada entre motoristas do Uber e taxistas. Vamos identificar todos os envolvidos e saber quantos s�o”, diz. A policial avalia que o cerco a esse tipo de agress�o come�a e se fechar. “Uma das condi��es da investiga��o policial dentro do inqu�rito � definir a responsabiliza��o penal do infrator para inibir novos atos agressivos”, diz.
Por meio de nota, o Uber informou que ambos os casos representam “ataque” contra as pessoas, suas liberdades individuais e suas vidas. “Vamos continuar trabalhando junto �s autoridades para auxiliar nas investiga��es desses crimes. Mais do que isso, vamos continuar mantendo di�logo com o poder p�blico para criar regula��es modernas”, diz o texto. O presidente do Sindicato dos Taxistas (Sincavir), Ricardo Faeda, disse que o sindicato repudia qualquer ato de viol�ncia. “Aguardamos os fatos serem devidamente apurados e que as puni��es das partes envolvidas sejam justamente aplicadas, sem benef�cio de partes”, afirmou.
Entrevista
Rodrigo Mantovani, motorista do Uber esfaqueado
‘Eles gritavam que queriam me pegar’
Voc� j� tinha passado por um algum problema com taxistas?
Nunca aconteceu de ter agress�o como desta vez, mas eu j� tinha sido ofendido verbalmente na rua.
Quando a confus�o come�ou, voc� pensou no pior?
Sim, vi o sangue escorrendo do bra�o e pensei at� que tinha sido atingido na barriga. Eu vi a entrada do shopping e comecei a correr. Consegui empurrar um taxista, que me segurou. Eles gritavam que queriam me pegar.
Voc� vai voltar a trabalhar?
Preciso trabalhar e tenho uma filha para sustentar. Agora � aguardar pela recupera��o do bra�o e voltar � ativa. Vou tentar esquecer o trauma e levantar a cabe�a. Infelizmente, toda vez que deparar com um taxista acho que vou ficar apavorado, mas vou encarar essa situa��o.