No primeiro dia livre depois da morte de uma crian�a de 10 anos com suspeita de contamina��o pela bact�ria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa, e passagem pelo Parque Ecol�gico da Pampulha, em Belo Horizonte, o n�mero de pessoas na �rea de lazer n�o diminuiu. Os frequentadores se dividiram basicamente em dois grupos. Os que tiveram not�cia do caso redobraram os cuidados na vigil�ncia contra o carrapato-estrela, que transmite a doen�a ao homem, com aten��o especial � conduta das crian�as. J� aqueles que n�o sabiam do ocorrido mantiveram o costume e aproveitaram o espa�o jogando futebol, correndo e at� rolando na grama. Quando perguntada sobre a situa��o das capivaras, que s�o hospedeiras da bact�ria da febre maculosa, a popula��o � un�nime em afirmar que a Prefeitura de BH precisa tomar uma provid�ncia que resolva o problema e deixe os frequentadores mais tranquilos para aproveitar o parque.

Ela tamb�m tem aten��o especial aos dois filhos mais velhos, vistoriando a roupa da dupla na busca por carrapatos. Para deixar pais e m�es mais tranquilos, ela acredita que � necess�rio uma a��o da PBH para remover as capivaras. “Acho que o certo seria retir�-las. A gente sabe que existem entidades que defendem os animais, mas e a sa�de das pessoas?”, questiona. O casal Roney Ramos Moura, de 37, e Elis�ngela Ferreira Moura, de 38, esteve ontem no parque com os filhos Manass�s, de 3, e Esther, de 7. “A gente sempre d� uma vistoriada na roupa das crian�as e nelas para ver se n�o tem carrapato. H� um m�s, tirei um carrapato do meu corpo aqui no parque, mas n�o tive problemas”, afirma Roney. “Tamb�m acho que deveriam dar uma solu��o para as capivaras”, diz Elis�ngela. Roney acrescenta que se novos casos aparecerem, o parque pode acabar perdendo seus frequentadores. “Esse � um dos melhores lugares da cidade. Se nada for feito, o p�blico vai sair daqui”, afirma.
J� o metal�rgico Valter Ronaldo, de 33, e a operadora de caixa Emiliana Maria dos Santos, de 36, n�o estavam sabendo da morte de um garoto que pode estar ligada � contamina��o pela bact�ria da febre maculosa. Os filhos Erick, de 7, e Everthon, de 10, gostam de subir os montes gramados correndo e tamb�m de deitar na grama. “A gente d� uma olhada r�pida nas crian�as para ver se est� tudo certo”, afirma Valter.
MORTE SUSPEITA A morte de T., de 10 anos, ocorreu depois que ele participou de uma atividade de um grupo de escoteiros em 20 de agosto no Parque Ecol�gico da Pampulha. Em 2 de setembro, deu entrada em um hospital de BH apresentando mal-estar. Segundo a Secretaria Municipal de Sa�de, o quadro se agravou e o menino apresentou machas no corpo (pet�quias), cefaleia (dor de cabe�a intensa), icter�cia (colora��o amarelada da pele), febre, mialgia (dor intensa) e dor abdominal. A secretaria aguarda resultados dos exames da Funed para saber se o caso ser� confirmado como febre maculosa. Segundo a pasta, n�o h� casos confirmados em 2015 e 2016 na capital.
Em 2014, exames feitos pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed) apontaram que 28 capivaras moradoras da Lagoa da Pampulha estavam com a bact�ria Rickettsia rickettsii. Na �poca, cerca de 90 animais viviam na orla, sendo que 46 foram capturados para exames. Apesar de a sorologia positiva n�o significar que os bichos estavam doentes, eles eram hospedeiros da bact�ria, que � transmitida ao homem pelo carrapato-estrela. Em setembro do mesmo ano, dentro do plano de manejo autorizado pelo Ibama, foram capturadas 52 capivaras. Elas foram levadas para dois recintos no parque ecol�gico com condi��es adequadas de tratamento, segundo a PBH. Ainda assim, 28 delas morreram. Em janeiro de 2016, por determina��o judicial, a Funda��o Zoo-Bot�nica (FZB) soltou 14 capivaras, que n�o apresentavam carrapato portador da bact�ria de febre maculosa.
A FZB informou que desenvolve a��es para evitar a incid�ncia de carrapatos no Parque Ecol�gico. Toda a vegeta��o � podada e a grama � mantida rasteira, para facilitar a penetra��o dos raios solares, que n�o s�o favor�veis aos carrapatos. Tamb�m � feita a irriga��o de toda a �rea de visita��o do parque, principalmente na �poca da seca, quando ocorre a maior prolifera��o de carrapatos. Neste momento, n�o h� previs�o de fechamento do parque ou restri��o das visitas.
Morte em 2014
No in�cio de 2014, o estudante Samir Assi, de 20 anos, morreu em decorr�ncia da febre maculosa, doen�a transmitida pelo carrapato-estrela. Familiares do jovem acreditam que ele foi contaminado ap�s um passeio de bicicleta na orla da Lagoa da Pampulha.
Samir apresentou os primeiros sintomas da doen�a no dia 31 de janeiro, 10 dias depois que ele andou de bicicleta pela orla da lagoa. Familiares do jovem disseram ainda que ele havia acabado de chegar de uma viagem pela Europa e estava bem de sa�de. No dia 4 de fevereiro, os m�dicos de um hospital particular onde o estudante estava internado passaram a tratar a febre maculosa, depois de descartar as hip�teses de dengue, hepatite A, leptospirose, entre outras doen�as. Apesar do tratamento, o rapaz morreu no dia 8 de fevereiro. O primeiro teste dando positivo para a doen�a foi confirmado no dia 11 de fevereiro pela Funed. No dia 14, uma an�lise complementar confirmou o diagn�stico.
Desde 2012, j� foram confirmados cinco casos de febre maculosa na capital. Dois com registros de morte.