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Estado de Minas

Seca fica exposta no leito dos rios de Minas e cidades j� adotam rod�zio

Especialistas alertam para a gravidade da situa��o dos mananciais do estado, com baixos volumes de �gua. Sete localidades do Norte e Leste j� adotam o rod�zio no abastecimento


postado em 13/09/2016 06:00 / atualizado em 13/09/2016 07:39

Morador de trecho às margens do Rio das Velhas na RMBH, Anselmo de Araújo encontrou uma canoa que estava submersa havia muitos anos, num sinal da baixa vazão no manancial(foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
Morador de trecho �s margens do Rio das Velhas na RMBH, Anselmo de Ara�jo encontrou uma canoa que estava submersa havia muitos anos, num sinal da baixa vaz�o no manancial (foto: Beto Novaes/EM/DA Press)
De caixa d’�gua do Brasil a um reservat�rio cheio de furos. A situa��o dos rios de Minas Gerais nesta temporada seca preocupa os presidentes de 36 comit�s de bacias hidrogr�ficas, que estar�o reunidos at� amanh�, no F�rum Mineiro de Comit�s, na Cidade Administrativa, em Belo Horizonte, para avaliar a situa��o h�drica no estado. “Estamos sem chuva e o quadro � muito grave, principalmente na regi�o do Rio S�o Francisco e no Norte de Minas”, afirma o presidente do Comit� da Bacia do Rio das Velhas, Marcus Vin�cius Polignano, tamb�m coordenador do Projeto Manuelz�o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

De acordo com a Copasa, sete localidades e dois distritos j� fazem rod�zio no abastecimento de �gua (de 24 horas ou mais) no Norte, incluindo Montes Claros, e no Leste, a exemplo de Caratinga. A estatal informa, no entanto, que a Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) n�o corre o risco de rod�zio ou racionamento. Os �ltimos levantamentos mostram que a vaz�o do Rio das Velhas, anteontem, atingiu 10,9 metros c�bicos por segundo, a mesma registrada nos dias 3 e 7. A mais baixa de setembro ocorreu na �ltima sexta-feira (9,9 m3/s).

Neste m�s, conforme o levantamento, o afluente do S�o Francisco est� com o �ndice pluviom�trico (32,3 mil�metros) abaixo de m�dia hist�rica (50,1 mm) para o m�s – o quadro � um pouco melhor do que em setembro do ano passado, quando foi registrado 30,2 mm. Mesmo que os dados oficiais ainda n�o tirem a tranquilidade dos t�cnicos, a realidade a olho nu j� tira o sono da popula��o ribeirinha.

EMBORCADA ”Nunca vi este rio t�o baixo e t�o sujo. Est�, no m�ximo, com um metro de profundidade”, afirma Jos� Anselmo de Ara�jo, de 33, morador do Parque Nova Esperan�a, mais conhecido como Pantanal, em Santa Luzia (RMBH). A prova do que fala est� na canoa, de 2,5 metros de comprimento, encontrada na semana passada, com uma l�mina de 10 mil�metros de �gua sobre a madeira. N�o se trata de uma embarca��o antiga, as famosas pirogas, usadas pelos �ndios, mas tudo indica, pelo estado de conserva��o, que a canoa estava havia muitos anos submersa.

“Ela estava virada para baixo, emborcada, enfiada no fundo do rio”, conta Jos� Anselmo, que, com um grupo de vizinhos, tratou de arrastar a embarca��o para a margem do Velhas. Acostumado a atravessar o rio num peda�o de isopor, Jos� Anselmo conta que a canoa, agora ancorada num p�er improvisado com degraus no barranco, est� presa por uma corrente. “Pensamos em consert�-la para usar, mas falta verba”, diz com bom humor o desempregado, embora mec�nico, motorista e operador de m�quinas de profiss�o.

Na tarde de ontem, com o sol quente, Jos� Anselmo levou a equipe do Estado de Minas � beirada do rio. O estado n�o poderia ser pior: a cor � de �leo diesel queimado; o cheiro, de podrid�o; e a apar�ncia, de uma gosma escura. Ao ver o resultado de tanta polui��o, descarga de esgoto dom�stico e industrial, al�m dos efeitos da minera��o, o ribeirinho comenta: “Falaram tanto que o rio ficaria limpo, mas est� cada dia pior”.

EX-CAIXA D’�GUA Na tarde de ontem, ao participar do encontro dos presidentes do comit�s das bacias hidrogr�ficas, Marcus Vin�cius Polignano fez uma triste compara��o: “Minas Gerais j� foi chamada de caixa d�gua do Brasil, mas hoje n�o passa de um reservat�rio cheio de furos”. Ele lembrou que a luta maior � para manter a vaz�o do rio dentro dos limites aceit�veis, usando �gua de duas represas, como do Ribeir�o do Peixe, em Nova Lima (RMBH), no distrito de Acur�, em Itabirito, na Regi�o Central.

“No F�rum Mineiro dos Comit�s, estamos analisando os dados sobre v�rios rios no estado. A situa��o pior est� na Regi�o Norte, especialmente em rela��o ao Rio Verde Grande, e na Regi�o do S�o Francisco. Alertamos as autoridades para o problema s�rio e pedimos a��es para impedir que aumente”, disse Polignano. Sobre o aparecimento da canoa, ele diz que isso significa realmente que o �ndice de �gua est� muito baixo, trazendo � tona a “hist�ria” desse meio de transporte.

ALERTA Depois de amargar vaz�es muito baixas, que ligaram o alerta para a possibilidade de restri��o de uso da �gua, a chuva da madrugada do dia primeiro dia de setembro foi significativa na capta��o da Copasa, em Hon�rio Bicalho, distrito de Nova Lima. Os 29,8 mil�metros registrados representaram mais da metade do que � esperado para todo o m�s na regi�o. Apesar da boa not�cia, o presidente do Comit� da Bacia Hidrogr�fica da Bacia do Rio das Velhas ressaltou que as medidas acertadas para aumentar a vaz�o do rio est�o mantidas. As decis�es foram tomadas na �ltima reuni�o do CBH/Velhas, em conjunto com a Copasa, Cemig e a mineradora Anglo Gold, empresas que operam reservat�rios no Ribeir�o do Peixe, em Itabirito (Regi�o Central) e Nova Lima (Grande BH). No encontro, ficou decidido que as companhias liberariam �gua com a inten��o de melhorar a vaz�o do Velhas.

Al�m de liberar mais �gua para o manancial, ficou definido que se a situa��o ficar ainda mais cr�tica, a Copasa reduziria a capta��o, compensando com mais �gua retirada do Sistema Paraopeba. Atualmente, a empresa retira 6,5 metros c�bicos por segundo e j� informou ao comit� que diminuiria para 5,5 metros c�bicos, caso seja necess�rio.

Monitoramento


A crise h�drica do ano passado levou o Instituto Mineiro de Gest�o das �guas (Igam) a adotar uma s�rie de regras para monitorar a situa��o dos mananciais do estado. No caso do Rio das Velhas, em Hon�rio Bicalho, a vaz�o de 10,25 metros c�bicos por segundo � considerada a m�nima medida por sete dias consecutivos nos �ltimos 10 anos, par�metro conhecido por Q7,10. Isso significa que se as vaz�es ultrapassarem esse limite por um per�odo de sete dias seguidos, o curso d’�gua entra em estado de alerta, �ltimo est�gio antes da obriga��o do corte de 20% nas capta��es para uso humano da �gua. Nos dias 12, 13, 15, 19 e 27 de agosto, a Copasa contabilizou registros abaixo de 10, sempre na casa dos nove metros c�bicos, o que ligou o alerta dos gestores da bacia.


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