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Estado de Minas

Morte de menino por febre maculosa em BH completa 30 dias sem solu��o para cont�gio da doen�a

As poucas a��es adotadas recebem cr�ticas de especialistas, havendo mesmo quem atribua a elas o agravamento do problema


postado em 04/10/2016 06:00 / atualizado em 04/10/2016 10:22

Barreira ecológica ou ameaça? Destino de capivaras da orla da Pampulha virou ponto central da polêmica(foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
Barreira ecol�gica ou amea�a? Destino de capivaras da orla da Pampulha virou ponto central da pol�mica (foto: Gladyston Rodrigues/EM/DA Press)
A morte do estudante Thales Martins Cruz, de 10 anos, v�tima de febre maculosa depois de ter contato com carrapatos no Parque Ecol�gico da Pampulha, em Belo Horizonte, completa hoje um m�s sem que haja uma solu��o � vista para a amea�a. Al�m disso, as poucas a��es adotadas recebem cr�ticas de especialistas, havendo mesmo quem atribua a elas o agravamento do problema. A expectativa � de que medidas mais concretas de enfrentamento sejam divulgadas quinta-feira, quando representantes de �rg�os ambientais e de sa�de se re�nem novamente, na Promotoria do Meio Ambiente, para discutir a situa��o. Transmitida  pelo carrapato-estrela, a doen�a tem mais dois casos confirmados e outros quatro sob investiga��o na capital.


No encontro, um grupo intersetorial criado para estudar a febre maculosa no entorno da Lagoa da Pampulha apresentar� sugest�es para fazer o controle do parasita, assim como da fauna no entorno – representada principalmente por capivaras, cavalos, c�es e gatos. As a��es adotadas at� o momento, al�m de n�o solucionar a quest�o, n�o t�m consenso entre estudiosos. Enquanto isso, especialistas na doen�a e defensores dos animais cobram celeridade do munic�pio no enfrentamento do problema. Alguns defendem, com urg�ncia, o manejo populacional dos roedores, considerados os principais dep�sitos dos carrapatos. Outros acreditam que a solu��o � a retirada de todas as capivaras da regi�o da Pampulha e um controle constante para evitar seu reaparecimento.

O professor Tarc�sio Ant�nio R�go de Paula, do Departamento de Veterin�ria da Universidade Federal de Vi�osa, respons�vel por um programa que conseguiu diminuir a popula��o de capivaras e de carrapatos-estrela no c�mpus da institui��o da Zona da Mata, � um dos convidados para a audi�ncia de quinta-feira. Ele apresentar� informa��es sobre a a��o de controle populacional dos roedores por meio de vasectomia em machos e de ligadura em f�meas. “Deixaram de se reproduzir e houve morte natural ao longo do ano. Hoje, se a gente tiver quatro ou cinco capivaras � muito”, disse.

O especialista considera “desastrosa” a retirada de 52 capivaras da orla da Lagoa da Pampulha, em setembro de 2014, como parte de um plano de manejo autorizado pelo Ibama. Na ocasi�o, os roedores foram levados para dois recintos separados no parque ecol�gico. Exames feitos pela Funda��o Ezequiel Dias (Funed) apontaram que 28 deles eram portadores da bact�ria Rickettsia rickettsii, causadora da febre maculosa.

“Realmente, j� passou da hora de se fazer alguma coisa, h� um ano atr�s. Inclusive, a morte desse menino pode estar ligada ao recolhimento das capivaras. Ao remov�-las, colocaram em risco muito mais as pessoas, pois retiraram uma fonte de alimento dos carrapatos e deixaram uma popula��o de parasitas famintos no ch�o”, disse o professor. “Foi uma a��o desastrosa, tanto do ponto de vista ecol�gico quanto sanit�rio e ambiental. Simplesmente prenderam as capivaras, morreram mais da metade delas e depois as soltaram estressadas e cheias de problemas. Isso pode ter desencadeado esse surto que est� acontecendo agora”, acredita o professor.

LENTID�O Para a fundadora do Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais, Adriana Ara�jo, desde a d�cada de 1930 h� estudos comprovando que Belo Horizonte � regi�o end�mica para o carrapato-estrela. “A prefeitura esperou acontecer uma morte para tomar provid�ncia”, reclama. Ela sustenta que, nas audi�ncias p�blicas para discutir a quest�o das capivaras na Pampulha, a administra��o sempre demonstrou mais preocupa��o com os roedores atacando os jardins de Burle Marx – pensando no t�tulo de patrim�nio mundial da Unesco – do que propriamente com a presen�a do carrapato-estrela e a amea�a da febre maculosa. “Houve uma audi�ncia em que a prefeitura mandou o secret�rio de Cultura, e n�o o da Sa�de”, denuncia.

Adriana est� entre os que defendem a perman�ncia das capivaras na Pampulha como barreiras biol�gicas ao avan�o da doen�a. “Na Universidade de Vi�osa, o Ibama retirou as capivaras a mando da Reitoria e os carrapatos come�aram a migrar para os pr�dios, que precisaram ser interditados. Foi a� que surgiu o professor Tarc�sio e resolveu o problema. As capivaras permaneceram como barreiras de prote��o. Os carrapatos v�o para elas e nelas se faz o combate”, defende.

Ela sustenta que, se houver retirada dos roedores da Pampulha, os carrapatos podem migrar para v�rios outros hospedeiros. “A orla da Pampulha � rodeada por haras, h�picas e tem m�dia de 250 carroceiros, conforme n�meros da pr�pria prefeitura. O cavalo � hospedeiro mais frequente do carrapato-estrela do que a capivara”, completa Adriana, lembrando que o foco do combate � doen�a n�o podem ser os hospedeiros, mas o pr�prio parasita.



Mobiliza��o em secretarias

A Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura informou que foi feita uma reuni�o na sede do Ibama em Belo Horizonte, com representantes do Minist�rio P�blico, da Funda��o Zoo-Bot�nica, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, da Sudecap e do setor de Zoonoses, em que ficou decidida a forma��o de um grupo de trabalho envolvendo esses �rg�os para a elabora��o de um plano de a��es conjuntas de combate ao carrapato-estrela em toda a orla da Pampulha e de manejo da fauna local.

“Inicialmente, a prefeitura avalia a possibilidade de inclus�o das a��es de combate ao carrapato-estrela e de manejo das capivaras em processo licitat�rio que est� em andamento pela Sudecap, cujo objeto � a contrata��o de servi�os especializados para a realiza��o de monitoramento ambiental e de qualidade das �guas na bacia hidrogr�fica da Lagoa da Pampulha”, informou a Secretaria de Obras.

J� a Secretaria Municipal de Sa�de deve divulgar hoje o resultado de exames feitos na regi�o para determinar a incid�ncia do carrapato-estrela. V�rios locais foram visitados para coleta do transmissor da febre maculosa. Uma das medidas que dever�o ser tomadas � a interdi��o de �reas infestadas. Ainda de acordo com a Sa�de, o relat�rio indicar� as a��es a serem adotadas.


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