

Enquanto se restabelece em seu apartamento, Maria Elisa conta que chegou a BH �s 23h de domingo, depois de participar das homenagens a Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, e assistir ao show do tenor Andrea Bocelli. “Foi tudo maravilhoso, havia muita gente, s� que eu n�o esperava acontecer algo assim na chegada. Estava com sacolas na m�o e acenei para um taxista, que, em vez de me ajudar com a bagagem, simplesmente mandou que eu entrasse no carro”, lamenta a aposentada, que depois do acidente teve de ficar sob os cuidados de um neurologista e de um ortopedista, foi submetida a uma s�rie de exames e ganhou uma atadura na m�o, al�m das manchas roxas.
“Talvez tenha que fazer uma cirurgia no nariz e estou preocupada com o olho, pois meu rosto est� muito machucado. Fiquei com dor de cabe�a, o p� d�i, afinal bati com o corpo inteiro no ch�o”, diz Maria Elisa, inconformada com o descaso das autoridades com um lugar por onde transitam milhares de pessoas, especialmente idosos que viajam em �nibus de turismo. “Quero que todos saibam desta hist�ria, para que fatos assim n�o se repitam”, diz.
PEDRAS PORTUGUESAS No dia seguinte ao acidente, Maria Elisa levou a equipe do Estado de Minas ao local onde ocorreu a queda. Na cal�ada, continuam faltando muitas pedras portuguesas, em especial ao lado de uma �rvore. Ao ver o cen�rio, a aposentada afirmou que, se fosse o caso, contrataria um pedreiro e mandaria arrumar o local, de forma a evitar que outras pessoas se machucassem. Ativa, praticante de ioga e com disposi��o di�ria para o exerc�cio na bicicleta ergom�trica, Maria Elisa queixava-se ontem de que o rosto ainda apresentava hematomas. “Estou com medo de estar com uma hemorragia, mas j� fui ao m�dico e ele me tranquilizou.”
O gerente do Condom�nio JK, Manuel Freitas, afirma que � feita a manuten��o di�ria das cal�adas, e, nesse caso espec�fico, vai verificar a situa��o de imediato. Mas destaca que o poder p�blico tem que fazer o servi�o, e n�o se omitir, “j� que n�o temos poder de pol�cia. “Hoje (ontem) mesmo comuniquei � Pol�cia Militar para que tome provid�ncias em rela��o ao tr�nsito de �nibus, muitos clandestinos, aqui no entorno. Eles estacionam em fila dupla, atrapalham o desembarque dos passageiros, enfim, � uma confus�o di�ria, diante da qual a PM e a BHTrans precisam tomar provid�ncias”, disse. “Quando os fiscais da prefeitura passam e veem uma cal�ada faltando pedras portuguesas, devem comunicar e n�o ir multando”, criticou.
PERIGO As quedas s�o um dos maiores riscos para os idosos, muitas vezes pelas condi��es prec�rias das cal�adas de BH, que abrigam verdadeiras armadilhas para pedestres. Segundo informa��es do Hospital de Pronto-Socorro Jo�o XXIII, da Funda��o Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), houve, em 2015, atendimento a 13.108 pessoas com mais de 60 anos, sendo 3.666 por queda. A maior parte dos acidentes nessa faixa et�ria decorre das chamadas “queda da pr�pria altura” (2.284), a exemplo de trope�os, seguindo-se escorreg�es (710), quedas de escada (397) e outros fatores, como atropelamento.
Atriz foi v�tima
Em julho de 2013, a atriz Beatriz Segall de 90 anos, int�rprete de grandes pap�is, como a vil� Odete Roittman, na novela Vale tudo, tamb�m n�o hesitou em mostrar as marcas no rosto e denunciar a situa��o das cal�adas no Rio de Janeiro (RJ). Ela ficou de molho por v�rios dias, depois de um tombo ao trope�ar em pedras portuguesas soltas em um passeio do Bairro G�vea, Zona Sul do Rio, onde ia assistir a uma pe�a de teatro. A situa��o resultou at� em um pedido p�blico de desculpas pelo prefeito do Rio, Eduardo Paes.