
Isso porque, segundo o �rg�o, as obras previstas para conter os rejeitos do rompimento da Barragem do Fund�o, em Mariana, na Regi�o Central do estado, est�o atrasadas e n�o ficam prontas antes do in�cio das chuvas. Al�m disso, o instituto apontou que a��es previstas para recompor o solo da regi�o afetada e auxiliar na conten��o dos rejeitos t�m muitas falhas.
De 77 pontos monitorados, em 92% verificou-se eros�o em maior ou menor escala. Essa situa��o contribui diretamente para o carreamento da lama sem a reten��o natural garantida por esp�cies de gram�neas e leguminosas.
A conta do Ibama prev�, no pior cen�rio de chuvas estimado, que 2 milh�es de metros c�bicos de lama n�o possam ser retidos no reservat�rio da Usina Hidrel�trica Risoleta Neves, tamb�m conhecido como Candonga, que fica no curso do Rio Doce, na Zona da Mata. O instituto trabalha com a hip�tese de que 4,3 milh�es de metros c�bicos cheguem � represa caso haja chuvas muito acima da m�dia para a regi�o.
J� a Samarco acredita que, chovendo dentro da m�dia normal, ser�o 2,3 milh�es de rejeitos chegando ao reservat�rio da hidrel�trica. � justamente essa diferen�a que preocupa as autoridades ambientais, pois os 2 milh�es extras entre as duas previs�es podem extravasar os limites da usina e chegar ao Rio Doce rumo ao oceano.
Isso poderia causar novos problemas � capta��o de �gua para abastecimento humano em cidades como Governador Valadares, por exemplo, aumentando consideravelmente o n�vel de turbidez da �gua.
Segundo o superintendente do Ibama em Minas Gerais, Marcelo Belis�rio, o cen�rio admitido pela Samarco � considerado realista e o do �rg�o ambiental � pessimista, pois leva em considera��o o pior quadro poss�vel.
“Em um cen�rio realista, as obras de conten��o e as atividades de dragagem dentro de Candonga (Usina Risoleta Neves) ser�o suficientes. No quadro pessimista, vai haver uma sobra de rejeitos que podem de novo sobrecarregar a barragem, que est� est�vel, e comprometer sua estabilidade”, afirma o superintendente.
Como compara��o, o Ibama informa que, na �poca do rompimento da barragem, cerca de 12,8 milh�es de metros c�bicos de rejeitos extravasaram o reservat�rio de Candonga e desceram o Rio Doce abaixo da represa. Mesmo assim, a barragem acabou servindo como anteparo para segurar boa parte da lama. Hoje, estima-se que 43,5 milh�es de metros c�bicos estejam posicionados entre a Barragem do Fund�o e a hidrel�trica.
A presidente do Ibama, Suely Ara�jo, destacou que as obras de dragagem dos sedimentos da usina deveriam ter come�ado em mar�o, mas s� tiveram in�cio em julho. “Com a chuva, n�o se sabe muito bem o que vai ocorrer com a lama e com os rejeitos que est�o dispersos nesses cerca de 100 quil�metros entre a barragem que se rompeu e Candonga (usina hidrel�trica)”, disse.
As interven��es em curso, que incluem a constru��o de diques ao longo desse caminho e uma conten��o especial dentro da hidrel�trica, deveriam estar prontas antes das chuvas, conforme a representante do Ibama. “Elas ser�o suficientes para controlar (quando estiverem prontas), s� que as obras est�o atrasadas”, acrescentou Suely Ara�jo.
COBERTURA VEGETAL O atraso nas obras � potencializado por um problema que tem sido frequente nos pontos de monitoramento do Ibama previstos na Opera��o �ugias, que j� teve tr�s fases de observa��o em campo das atividades de recupera��o do meio ambiente.
Dos 77 pontos de acompanhamento, em apenas 8% n�o foi constatada eros�o em algum grau. Na mesma quantidade desses pontos os t�cnicos do Ibama n�o encontraram nenhum funcion�rio da Samarco trabalhando.
A orienta��o encaminhada pelo �rg�o ambiental foi para que houvesse o plantio de esp�cies de gram�neas e leguminosas, mas mesmo onde houve plantio foi verificada eros�o. Segundo o relat�rio da terceira fase da Opera��o �ugias, 55% de todas as recomenda��es feitas pelo Ibama � Samarco n�o foram cumpridas, 40% foram cumpridas parcialmente e apenas 5% foram cumpridas regularmente.
O Ibama informa j� ter notificado a Samarco 68 vezes e emitido sete autos de infra��o, em puni��es que totalizam R$ 292,8 milh�es. Ainda segundo Suely Ara�jo, n�o � poss�vel adiantar se os atrasos e os problemas verificados v�o gerar novos autos de infra��o � mineradora.
O governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad), tamb�m emitiu 38 autos de infra��o contra a empresa, totalizando cerca de R$ 200 milh�es em multas. S� o primeiro auto, que j� teve a condena��o da Samarco na �ltima esfera administrativa, chega a R$ 112 milh�es.
Samarco: obras v�o
conter os rejeitos
Em nota, a Samarco informou que as obras de refor�o de seguran�a das estruturas remanescentes no complexo onde ocorreu o acidente est�o totalmente conclu�das. Disse, ainda, que todas as obras no complexo consideradas emergenciais e acordadas com os �rg�os ambientais est�o dentro do cronograma previsto.
“A constru��o do dique S3 j� foi conclu�da. Esta estrutura est� sendo alteada em 800 mil metros c�bicos. A constru��o da barragem de Nova Santar�m ser� finalizada at� dezembro deste ano. O dique S4 teve suas obras iniciadas no fim de setembro e deve ser conclu�do em janeiro de 2017. Todas as estruturas planejadas e em constru��o ter�o capacidade de reter o rejeito remanescente da Barragem do Fund�o”, completou.
A mineradora informou, tamb�m, que recuperou cerca de 800 hectares de vegeta��o at� a Usina Risoleta Neves (Candonga). “O trabalho foi realizado em mais de 100 quil�metros de extens�o visando a reduzir as eros�es �s margens dos rios.
Essa recupera��o representa 100% do volume acertado pela empresa com os �rg�os ambientais, conforme cl�usula 158 do Termo de Transa��o de Ajustamento de Conduta assinado em mar�o deste ano”, diz o texto. Por �ltimo, acrescentou que o trabalho de revegeta��o est� sendo refor�ado e novas a��es est�o sendo implementadas at� o Rio Gualaxo do Sul.


