
Desde o surgimento da escrita, a carta � usada para pedir e dar not�cia do outro. Em plena era digital, � ela ainda o meio usado por milhares de crian�as e adolescentes para se comunicar com seus padrinhos – aqueles de cora��o, fruto da solidariedade. No apadrinhamento proposto pela Childfund (Fundo para crian�as), organiza��o internacional presente no Brasil h� cinco d�cadas, doa��o em dinheiro se reverte n�o apenas em a��es voltadas para quem est� em risco de vulnerabilidade social, mas tamb�m em carinho. A maioria dos afilhados e seus “dindos” n�o se conhecem nem nunca se encontrar�o, mas mant�m la�os afetivos na certeza de que o mundo pode ser melhor. O apoio de empresas a essa causa, como uma rede de hot�is em Belo Horizonte, tem ajudado esse sonho a ficar cada vez mais real.
Em algumas institui��es, aulas de lutas que t�m encantado os jovens, como muay thai, taekwondo e jiu-jitsu, t�m sido sin�nimo do encontro de jovens com a disciplina e a concentra��o. Tudo isso para envolver, convencer a sair da rua e, consequentemente, da situa��o de vulnerabilidade. O ChildFund tem parceria com 47 organiza��es parceiras em Minas Gerais, Pernambuco, Cear�, Rio Grande do Norte, Piau�, Bahia e Goi�s. O eixo central � a crian�a, mas os pais e a comunidade s�o constantemente envolvidos.
A coordenadora de marketing e mobiliza��o do fundo, Danielle Ferreira, conta que as crian�as brasileiras j� tiveram cerca de 60 mil padrinhos estrangeiros – a maior parte das contribui��es vem de outros pa�ses, principalmente dos Estados Unidos. Mas perderam 50% deles nos �ltimos anos. “O grande problema � o descr�dito que o brasileiro tem no exterior com organiza��es sem fins lucrativos, pelo hist�rico de algumas delas de atua��o irregular”, diz. No fundo, auditorias, incluindo uma internacional, garantem a lisura dos repasses de recursos, al�m de rigoroso acompanhamento para garantir a aplica��o do recurso at� a ponta, explica Danielle. J� o n�mero de padrinhos brasileiros se mant�m em aproximadamente 10 mil.
Al�m de doa��o de pessoas f�sicas, o Childfund conta tamb�m com o apadrinhamento feito por empresas. Uma das parcerias mais recentes � com a rede Vert Hot�is. As unidades em Belo Horizonte (Ramada Encore Luxemburgo e Suites Luxemburgo), no Rio de Janeiro (Ramada Encore Ribalta e Ramada Recreio Shopping) e em Recife (Ramada Recife Boa Viagem) t�m nas suas recep��es uma urna para arrecadar doa��es. A cada R$ 57 arrecadados, a Vert vai apadrinhar uma crian�a atendida pelo ChildFund Brasil. O objetivo � que, futuramente, com a conscientiza��o e participa��o dos clientes, a a��o seja ampliada para a toda a rede, segundo o gestor de sustentabilidade e qualidade da empresa, Rodolfo Oliveira.
A ideia dessa contribui��o, ali�s, veio dele, influenciado pelo que viu na Austr�lia, onde estudou administra��o. “L�, a sustentabilidade � uma quest�o de sobreviv�ncia no mercado empresarial. Aqui, algumas empresas j� entenderam a necessidade, outras n�o acordaram ainda. Ent�o, estaremos � frente quando isso se tornar um fato”, diz. O projeto-piloto feito nas unidades mineiras, cariocas e pernambucana inclui ainda material gr�fico de mesa, restaurante e quarto e adesivos nos elevadores para chamar a aten��o dos h�spedes. “A iniciativa ainda � um bebezinho, mas quando se tornar grandiosa, certamente, ser� uma refer�ncia de mercado”, diz.
Para Rodolfo Oliveira, � preciso atuar em todas as �reas – sociais, ambientais e econ�micas. “E acabar com a vis�o f�til de que sustentabilidade � apenas plantar uma �rvore”, afirma. “Devemos buscar for�a nas iniciativas privadas e nas parcerias e n�o apenas esperar a atua��o do estado para resolver os problemas sociais. Por isso, queremos aproveitar todas as oportunidades ao nosso alcance para reafirmar esse compromisso. Desejamos ser agentes de transforma��o pensando, principalmente, no futuro das crian�as brasileiras e para isso tamb�m esperamos receber o apoio dos nossos clientes, em defesa dessa causa t�o nobre.”
RESULTADOS Uma das institui��es que poder�o ser beneficiadas � o Centro Social de Apoio � Crian�a e ao Adolescente Conjunto Paulo VI, na Regi�o Nordeste de BH. A institui��o tem quase 400 crian�as inscritas e apadrinhadas e funciona em tr�s turnos, atendendo meninos da faixa et�ria entre 1 e 14 anos, na educa��o infantil, atividades socioeducativas e oficinas. As atividades mais recentes s�o as aulas de muay thai e jiu-jitsu e as de dan�a, voltados para adolescentes. Outro projeto marcante s�o os encontros mensais, nos quais os jovens se re�nem para trabalhar habilidades para a vida. Em outra ponta, alguns deles est�o sendo capacitados para se tornarem lideran�as na comunidade.
Na oficina de percuss�o, os pequeninos e os adolescentes confeccionam instrumentos com materiais recicl�veis para tocar v�rios ritmos. Na Casa de Cultura, crian�as e suas fam�lias t�m la�os estreitados no espa�o de brincar, de sonhar (cantinho da leitura), em jogos e oficinas. Na oficina de fotografia, os alunos emprestam seu olhar para retratar realidade e impress�es.
Segundo a coordenadora-geral do centro social, Ivanete Maria da Rocha, a maioria das crian�as tem v�nculos com seus padrinhos. Mesmo nos casos em que eles n�o se correspondem, uma vez por ano o afilhado manda uma carta para dar not�cias. Os padrinhos t�m acesso ainda a relat�rios sobre o desempenho e desenvolvimento da crian�ada. “O mais importante nessa parceria com a Childfund � a promo��o humana. Enquanto as crian�as e adolescentes est�o aqui, participam, aprendem e s�o afastadas do aliciamento. O tr�fico de drogas est� na porta. Aqui est�o se prontificando a recusar essa vida, a dizer n�o”, ressalta.
Servi�o
Informa��es sobre o programa podem ser obtidas no site www.apadrinhamento.org.br ou pelo telefone 0300-313-2003.