
Norte-americana filha de imigrantes de Taiwan, Candy participou em BH do Festival da Gentileza e conheceu outros pontos da capital, entre eles a Pra�a da Liberdade, na Regi�o Centro-Sul, onde o evento ganhou corpo na forma de m�sica, dan�a, literatura, palestras, poemas e arte. Um dos destaques foi o painel “Antes de morrer, eu quero...” (“Before I die, I want...”, em ingl�s), idealizado pela arquiteta e que j� foi erguido em 70 pa�ses. “Noto que, em todos os locais por onde passei, h� uma preocupa��o universal. As pessoas escrevem sobre temas como a paz, a harmonia, a busca de um mundo melhor”, informa.
Depois de admirar o painel sobre a vida de S�o Francisco na igreja da Pampulha e os mosaicos de Paulo Werneck (1907-1987), a “taiuanesa-norte-americana”, como gosta de se declarar, comentou baixinho que estava sendo realizada naquela hora (meio-dia) a cerim�nia de um casamento na igrejinha. Como profissional de arquitetura, revelou que tem o foco no planejamento urbano e na ajuda imprescind�vel para conjugar espa�os p�blicos e sa�de mental da popula��o. “As pessoas, hoje, est�o muito sozinhas, mesmo vivendo no meio de multid�es. Os espa�os p�blicos devem estar conectados com a paz, com a harmonia”, disse Candy, enquanto contemplava a Lagoa da Pampulha.

Mergulhada numa tristeza profunda, Candy encontrou um jeito especial de canalizar os sentimentos. Numa casa abandonada no bairro onde mora, ela pintou uma parede e nela escreveu a frase que se tornaria �cone na sua trajet�ria e ganhou retorno imediato dos vizinhos. A parede rapidamente se encheu com as respostas, de v�rios tipos, entre profundas e curiosas. Exemplos: Antes de morrer eu quero “...ver minha filha formada”, “...abandonar todas as inseguran�as”, “...ter minha mulher de volta”, “...comer todos os doces e sushis do mundo”, “...ser uma sensa��o do YouTube”, “...dizer � minha m�e que eu a amo” e “...estar completamente sozinho”.
MUNDO AFORA A parede ganhou aten��o global e muitas pessoas, desde ent�o, t�m feito contato com Candy para a cria��o de uma parede em sua comunidade. Entusiasmada, a arquiteta criou um site do projeto e j� registra, gra�as aos seguidores interessados, mais de 2 mil pain�is mundo afora, incluindo Iraque, China, Cazaquist�o e �frica do Sul.
“Revelando anseios da comunidade, ansiedades, alegrias e lutas, o projeto mostra como o espa�o p�blico pode cultivar o autoconhecimento e a empatia entre os vizinhos”, afirma a arquiteta e designer. “A iniciativa tamb�m inspirou dezenas de reprodu��es que oferecem novas maneiras de nos envolvermos com as pessoas ao nosso redor”, acrescenta.
Certa de que a frase � uma forma de compartilhar “medos e hist�rias”, a arquiteta e designer que veio a BH a convite dos organizadores do festival e com apoio do consulado americano em Minas e da Funda��o Assis Chateaubriand est� certa de que h� esperan�a para o mundo. E como foi a primeira a complementar a frase criada por ela mesma, manifestou seu desejo: “Antes de morrer, eu quero... fazer uma biblioteca no deserto”.