
No Centro, as montanhas se multiplicavam pelas esquinas. Ao longo da Rua dos Guaranis, por exemplo, os res�duos ocupavam quase todos os cruzamentos. No encontro com a Rua Carij�s havia muitos sacos, inclusive os do material depositado pela varri��o, que ontem funcionou normalmente. O pedreiro Jos� Neto, de 48 anos, questionou a interdi��o por parte do Minist�rio do Trabalho. “Como fazer o servi�o sem gari no estribo do caminh�o? Ser� que eles querem uma caminhonete acompanhando os caminh�es?” N�o muito longe dali, no cruzamento das ruas Guaicurus e S�o Paulo, outra montanha se acumulava na base de um poste.
No ponto de reuni�o de caminh�es, em uma das sedes da SLU, na Avenida dos Andradas, havia ve�culos parados. Funcion�rios afirmaram que as tr�s empresas terceirizadas que prestam o servi�o de coleta domiciliar na cidade pararam completamente, deixando 650 garis sem servi�o. Nenhum funcion�rio da KTM, Localix e Consita trabalhou da noite de segunda-feira at� o in�cio da tarde de ontem. Dois deles, que preferiram n�o se identificar, disseram que n�o imaginam outra forma de fazer o servi�o que n�o em cima dos estribos. “Vamos andar a p� um trajeto inteiro de 18 quil�metros? N�o tem como”, afirma um deles. “Se o controle da velocidade for respeitado sempre, acho que n�o tem problema. Hoje, isso acontece bem, j� foi o tempo em que os caminh�es andavam na correria”, diz o outro.

Segundo a auditora-fiscal Carolina Mayr, que participou das a��es pelo Minist�rio do Trabalho, a interdi��o s� ocorreu devido ao risco grave e iminente de acidente de trabalho, pela maneira como os trabalhadores s�o carregados nos caminh�es. Ela diz que atropelamentos, colis�es com outros ve�culos e frenagem ou acelera��es bruscas t�m provocado diversos acidentes. Auditores tamb�m constataram v�rios problemas na rela��o entre as empresas e os garis, como aus�ncia de equipamentos de prote��o individual adequados e falta de manuten��o nos caminh�es, que apresentaram pneus carecas e estribos desnivelados em vistorias recentes.
RECUO Na tarde de ontem, os mesmos auditores que pediram a interdi��o do servi�o se reuniram com representantes da PBH, numa audi�ncia de media��o, e suspenderam a decis�o temporariamente, at� o munic�pio assinar um termo de compromisso com os empregados do setor de limpeza para cumprimento das determina��es. At� l�, o servi�o volta a ser feito como era antes pelas quatro empresas de limpeza urbana – uma p�blica e tr�s terceirizadas. N�o foi estipulado prazo para a PBH encontrar uma solu��o para o impasse.
De acordo com a SLU, o servi�o seria restabelecido ainda ontem, mas somente nas �reas onde havia previs�o de coleta para o dia, conforme o planejamento. Em locais com recolhimento alternado – tr�s vezes por semana – a limpeza tende a demorar um pouco mais.

Bem perto dali, o lixo tamb�m se acumulava na Rua Cristal, j� no Bairro Santa Tereza, mesma regi�o. Ainda pela manh�, muitos sacos j� estavam arrebentados, com sujeira espalhada de uma forma dif�cil para a coleta. No Bairro Ipiranga, Nordeste de BH, comerciantes estavam apreensivos com a possibilidade de serem multados pela fiscaliza��o municipal, j� que o material descartado acabou ficando fora do hor�rio regulamentado, com g�neros aliment�cios expostos.