
Natal � o pensamento; amor, a palavra; e solidariedade, a obra. �s v�speras da chegada do Menino Jesus, muitos mineiros se unem para fazer a festa e ajudar quem mais precisa de carinho, alimentos, abra�os, roupas, acolhimento e brinquedos. Entram em cena “os ajudantes de Papai Noel”, profissionais de todas as �reas, aposentados e donas de casa dispostos a recolher doa��es, embrulhar presentes em papel colorido e depois participar de uma comemora��o na qual a grande estrela � o sorriso de alegria de crian�as e adultos. No domingo, no Bairro Jardim Felicidade, na Regi�o Norte de Belo Horizonte, uma dessas turmas vai ao encontro de cerca de 800 crian�as, que ganhar�o bolas, bonecas e at� livros para colorir a celebra��o.
Na tarde de quinta-feira, na casa de uma fam�lia no Bairro Sagrada Fam�lia, os volunt�rios mostraram entusiasmo para recepcionar a turma, j� que toda a prepara��o come�a no in�cio do ano. “A festa � realizada h� 16 anos consecutivos no Jardim Felicidade. Recebemos gente de toda a regi�o, especialmente da Vila Maria, onde moram crian�as muito carentes”, conta Denise Fernandes do Carmo, ao lado da m�e, Edna Fernandes Leite do Carmo, do cunhado Marcelo Valadas, fisioterapeuta, da aposentada Ana C�lida e do amigo Kau� Sampaio.
Tudo come�ou com o pai de Denise e Raquel, dono de um ponto de com�rcio na regi�o, e foi crescendo com a ajuda de parentes, familiares, colegas de trabalho e outros que valorizam a iniciativa. “Ser ajudante de Papai Noel n�o � f�cil; �s vezes cansa, mas � muito prazeroso. Ano passado, no dia 24 de dezembro, j� eram 23h e minha m�e e eu ainda est�vamos recolhendo presentes para a festa do dia seguinte”, recorda-se Denise, com bom humor. Para ela, o maior sentido da festa est� numa palavra: gratid�o, e com ela ser� poss�vel unir todo mundo num grande la�o de amizade. Para completar, um detalhe importante: o grupo j� tem a roupa do bom velhinho, faltando apenas o candidato. Quem se habilita?
N�o foi preciso treinamento, estrat�gia ou a��es t�ticas. Em pouco tempo, ele pegou o jeito e se sentiu � vontade para largar a farda e embalar presentes, ensacar balas, fazer lembrancinhas com chocolate e depois ajudar a arrumar tudo, com os nomes dos meninos e meninas em cada embalagem. Durante mais de dois meses, quando a folga permitia, o diretor de Meio Ambiente e Tr�nsito da Pol�cia Militar de Minas Gerais (PMMG), coronel Idzel Mafra Fagundes, se dedicou � solid�ria tarefa de colaborar no preparo de uma festa para cerca de 1 mil crian�as, em Santa Luzia, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. “Nada se compara � satisfa��o de ver o sorriso de uma crian�a recebendo um presente. Esse � o real significado de um Natal feliz, o fortalecimento de la�os, a garantia de que formamos uma grande fam�lia”, acredita. A exemplo do coronel Fagundes, outros mineiros e mineiras se tornam ajudantes de Papai Noel, fazendo a alegria de muitas comunidades.
H� 29 anos “e um m�s” na PM, conforme ressalta, o coronel define a vida militar como sacerd�cio, onde cada um deve estar de prontid�o para servir ao pr�ximo. “Nesta festa, como volunt�rios, tamb�m desempenhamos esse papel, praticando um dom que Deus nos deu e doando nossa melhor por��o”, afirma, com a certeza de que tudo o que se faz ainda � pouco. “Ter�amos que fazer ainda muito mais, mas essa participa��o j� me deixa feliz”, conta o oficial, que teve a presen�a da mulher, Heliane Andrade Fagundes, de cunhados muitos amigos, todos sob a coordena��o da advogada e professora Rosa Maria de Jesus Werneck, que come�ou a realizar a Festa das Crian�as h� 17 anos, a partir de uma promessa.
No in�cio, era apenas uma creche. Hoje s�o in�meras, de todo o munic�pio, ao lado de abrigos, de outras institui��es e bairros, diz Rosa Maria, que come�a a comprar os brinquedos em fevereiro e re�ne mais de 50 volunt�rios em casa, entre eles Fagundes e fam�lia. “H� muita colabora��o. Este ano, no dia 10, Papai Noel chegou num helic�ptero cedido por um empres�rio. Acho que o objetivo maior � entregar o presente, cuidadosamente embalado, nas m�os de cada um. E v�-los se divertindo com touro mec�nico, pula-pula, escorregador infl�vel e outros brinquedos, e comendo do bom e do melhor, ao som de um coral. As crian�as s�o as estrelas da festa, s�o as convidadas de honra”, diz a advogada.
ABRA�OS CALOROSOS A campanha Natal da Alegria, coordenada pelo presidente da Federa��o das Associa��es, Pais e Alunos das Escolas P�blicas de Minas Gerais (Fapaemg), j� � famosa em BH e envolve cerca de 40 volunt�rios – gente que n�o recebe nem o valor da passagem de �nibus, mas faz quest�o de desenvolver o trabalho de solidariedade. “Nos �ltimos anos, notamos que as pessoas est�o meio descrentes, cansadas das brigas pol�ticas, desiludidas com a crise econ�mica. No entanto, sabemos que n�o devemos esquecer de nossos irm�os mais necessitados para que a vontade de ajudar acabe superando o des�nimo. Ent�o, insistimos e apelamos para que todos participem da forma que puderem”, refor�a.
H� 20 anos, a rotina se repete: em 25 de dezembro, M�rio de Assis se veste de papai Noel e segue para o Restaurante Popular de Belo Horizonte, onde recebe milhares de crian�as e seus familiares com um abra�o caloroso e presentes arrecadados na campanha Natal da Alegria. Ele conta que come�ou o projeto ao conhecer Herbert de Souza (1935-1997), o Betinho, e foi convidado a integrar a campanha Natal sem Fome, idealizada pela prefeitura. Desde ent�o, se engajou na causa, arrecadando brinquedos, novos ou usados em bom estado, al�m de livros e material escolar, balas, pipoca e outros produtos. “Para este ano, recebemos cerca de 3 mil itens, mas ainda precisamos de mais. Estamos chamando empres�rios que queiram doar polpa de suco para que as pessoas que participam do almo�o de Natal do Restaurante Popular possam matar a sede e fazer um brinde”, destaca. At� hoje, doa��es poder�o ser entregues em qualquer unidade do Restaurante Popular ou na central de recolhimento da campanha (veja endere�o no quadro).
Vale destacar que este ano o almo�o ser� servido na Unidade II do Restaurante Popular Josu� de Castro (Rua Cear�, 490, Bairro Santa Efig�nia, na Regi�o Centro-Sul). Geralmente, os assistidos pela a��o volunt�ria s�o pessoas em situa��o de rua, desabrigados, andarilhos, al�m de fam�lias carentes. Muitas vezes, a confraterniza��o e os presentes recebidos representam mais que uma alegria moment�nea, mas a possibilidade de esperan�a, recome�o, incentivo. “Chamo para participar quem deseja estar com o Menino Jesus. Esta � uma grande chance de contribuir para levar alegria ao pr�ximo”, afirma Assis.
Solidariedade n�o tem idade
Outra campanha que conquistou cora��es para doar um pouco de solidariedade ao Natal de quem precisa foi a “Juntos somos amor”, desenvolvida por iniciativa de D�bora Marques Vilas Novas, propriet�ria da Motion Assessoria, empresa especializada em promo��o da qualidade de vida, em parceria com a Garden Consultoria e Marketing. Volunt�ria, a a��o envolveu a arrecada��o de presentes e fraldas geri�tricas para 82 idosos, todos moradores da Casa do Anci�o da Cidade Ozanam, entidade sediada no Bairro Ipiranga, na regi�o Nordeste da capital. “Sempre tive o desejo de ajudar. Ent�o, quando fundei minha empresa, passei a ideia para os colaboradores e todos se engajaram. A parceria com a Garden, por meio da Naiara de Lima Costa, empresa que fez toda a arte gr�fica, foi fundamental para a divulga��o nas redes sociais e para espalhar a not�cia. Em apenas dois dias conseguimos um padrinho para cada um dos idosos assistidos pela entidade e at� produtos a mais”, conta.
D�bora afirma que esteve pessoalmente na casa para perguntar o que cada um desejava ganhar. “Muitos pediram r�dios AM/FM, chinelos com presilha no calcanhar, pijamas e camisolas, bijuterias e vestidos. No dia 15 fizemos a entrega, um evento que contou com mais parceiros e muita emo��o. A R�pido Light doou os lanches, a cantora Paula Mirella fez show ao vivo, unidades da Socila realizaram a��es de beleza. No ano que vem, pretendemos fazer mais edi��es e contribuir com outras entidades”, planeja.
Ela lembra ainda que a demanda por fraldas, material de higiene pessoal e outros produtos � constante e que a Cidade Ozanam e outras entidades precisam de ajuda o ano inteiro. “Durante o per�odo do Natal, o estoque costuma ser refor�ado, mas em poucos meses volta a cair. Ent�o, quem puder contribuir com fraldas G, GG e extra G, entre outros produtos, ajuda demais. E, no fim das contas, a a��o solid�ria tamb�m beneficia o doador pois � muito gratificante, n�o h� dinheiro que pague esse retorno em emo��o”, conclui.