(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas O FUTURO EMBALADO PARA PRESENTE

Fam�lias que lutaram para tratar os filhos contra o c�ncer falam sobre o passado de supera��o

Neste Natal, crian�as que superaram a doen�a e suas fam�lias comemoram a maior das d�divas: poder planejar a vida nova gra�as ao esfor�o de parentes e equipes de sa�de


postado em 25/12/2016 06:00 / atualizado em 25/12/2016 08:05

"Quando crescer quero ser pediatra e cuidar somente de crian�as com c�ncer", Fernanda Riguete Vital, de 11 anos, com a m�e, Marlene Riguete (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)

Os olhos verdes da menina t�m o tamanho da esperan�a, o brilho da vida e a alegria da inf�ncia. Uma hora est� abra�ada � m�e, Tatiane Reis Martins, ganhando carinho e beijinhos, em outra brinca com as novas amigas perto da �rvore de Natal e da imagem de Papai Noel. Aos 10 anos, Aisha Caroline Reis de Souza, moradora de Pomp�u, na Regi�o Central, j� ganhou seu maior presente. T�o grande, que � compartilhado com toda a fam�lia: a supera��o da leucemia. Agora quer esquecer tudo o que enfrentou em decorr�ncia da doen�a “de alto risco”, conforme explica��o da m�e, que surpreendeu a fam�lia h� cinco anos. “Sou feliz”, afirma, com determina��o, a garota, que j� tra�ou caminhos para o futuro: “Quero ser advogada, modelo ou cantora. Se n�o der certo, vou ser ent�o cabeleireira”. A exemplo de Aisha, muitas crian�as e adolescentes podem fazer planos para o futuro e comemorar neste Natal o fato de sa�rem vitoriosos da luta contra o c�ncer, doen�a que mais mata brasileiros de 0 a 19 anos no pa�s e segunda causa de �bitos nessa faixa et�ria, superada apenas pelos acidentes e mortes violentas, conforme dados do Instituto Nacional de C�ncer (Inca)/Minist�rio da Sa�de. M�es guerreiras ajudam nessa longa travessia de desafios e supera��o.

“Aprendemos demais com a vida e sei que nada se compara a ver um filho com sa�de. Esse � o melhor presente”, conta Tatiane, de 30, dona de casa, m�e tamb�m de Emanuela, de 12, que se manteve ao lado da ca�ula durante os tr�s anos e meio de tratamento quimioter�pico. “N�o � f�cil, n�o, mas nunca chorei na frente da minha filha. Ela, por sua vez, � muito inteligente e jamais mostrou o menor sinal de revolta.” Ao ouvir parte da hist�ria, Aisha come�a a dar sinais de que n�o gosta do assunto, e pula do aconchego da m�e para fazer o lanche da tarde.

Tatiane sorri e diz compreender bem a ca�ula. Com os olhos brilhando, se recorda de dois tempos nesse ciclo – do dia 27 de julho de 2013, quando foi dado o diagn�stico, e do fim do tratamento, no momento em que a m�dica a chamou e falou assim: “Agora ela n�o � minha mais, � sua”. Era o sinal verde para o que muitos pais chamam de cura, mas que, cautelosos, os oncologistas preferem falar em remiss�o da doen�a, pois � necess�rio acompanhamento durante alguns anos. De acordo com o Inca, a sobrevida estimada no Brasil por c�ncer na faixa et�ria de at� 19 anos � de 64%.

"N�o � f�cil, n�o, mas nunca chorei na frente da minha filha. Ela, por sua vez, � muito inteligente e jamais mostrou o menor sinal de revolta, Tatiane Reis Martins, com a filha Aisha Caroline Reis Souza, de 10 anos (foto: Beto Novaes/EM)

No per�odo em que precisou ficar em Belo Horizonte para o tratamento, Tatiane e Aisha se hospedaram na Casa de Apoio Aura, no Bairro Para�so, na Regi�o Leste da capital, fundada em 1998 e, por meio de doa��es, preparada para dar suporte �s pessoas do interior. A coordenadora Ana L�cia Aguilar Machado explica que a organiza��o n�o governamental atende apenas crian�as e adolescentes para tratamento oncol�gico, suprindo todas as necessidades de quem precisa. “Recebemos de beb�s a jovens de at� 18 anos. S� este ano, foram 160”, revela.

AL�VIO E GRATID�O
A secret�ria Marlene Riguete, de 39, moradora de Ipanema, no Leste de Minas, j� respira aliviada, pois precisa vir a BH apenas a cada seis meses acompanhando a filha Fernanda Riguete Vital, de 11. “Ele est� curada, mas precisa fazer o controle. Agrade�o a Deus todos os dias e procuro sorrir em todos os momentos. Tenho for�a e f�”, diz a m�e, com o semblante tranquilo. Mas nem sempre foi assim, “pois somos apenas eu e ela”, acrescenta.

A leucemia foi diagnosticada quando a garota, hoje com 1,57 metro de altura e cabelos pretos e longos, tinha 3 anos. No meio de uma noite, Fernanda acordou chorando, se queixando de dores intensas nos joelhos. “Isso ocorreu tr�s vezes numa mesma semana”, lembra-se Marlene, esclarecendo que a leucemia provoca dor nos ossos, segundo foi informada pela m�dica que a atendeu. Para descrever o instante em que recebeu o diagn�stico, a secret�ria repete o verso de uma can��o popular brasileira. “Meu mundo caiu!”

Na sequ�ncia vieram os v�rios est�gios dolorosos do tratamento, como os 44 dias de interna��o num hospital de BH, tr�s anos de sess�es de quimioterapia e depois muitas idas e vindas � capital, distante 370 quil�metros de Ipanema. “Precisei abrir m�o do emprego, entrei com a��o na Justi�a para garantir o transporte gratuito, enfim, fiz o que pude para n�o deixar faltar nada”, conta Marlene, que, formada em magist�rio e com curso superior incompleto de matem�tica, alfabetizou a menina. “Ao chegar � escola, com 7 anos, eu j� fazia letra cursiva”, diz a menina, com orgulho. Ela j� decidiu que vai ser pediatra e cuidar somente de crian�as com c�ncer.

A dedica��o integral � filha foi fundamental para ter a doen�a sob controle e garantir o conforto de Fernanda. “Sempre a tratei como uma crian�a normal, a eduquei, e felizmente n�o houve sequelas. Tem a altura de uma menina de 13 anos, gosta de estudar, aprende tudo f�cil e se interessa por teatro.” E � muito desinibida, acrescenta, olhando para a filha. Nessa hist�ria de amor, cumplicidade e busca imediata de recursos m�dicos, Marlene guarda no cora��o o sentimento de gratid�o, que vai perdurar, tem certeza, nesse Natal, no ano-novo e por toda a vida nova que a fam�lia ganhou de presente.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)