
A penitenci�ria mudou a vida na regi�o e fez com que surgisse uma cidade no seu entorno. Primeiro surgiram duas vilas, Esplanada e Cacique. Nelas, os dois filhos mais ilustres de Neves, o cartunista Henfil (Henrique de Souza Filho) e Wilson Piazza, tricampe�o mundial pela Sele��o Brasileira, no M�xico, em 1970.
Piazza conta que seu pai, Jos� Piazza, era guarda penitenci�rio, por isso, passou grande parte de sua vida junto de presos em recupera��o. “Meu tio, Angelino, era guarda da Fazenda da Laje, onde � hoje a Dutra Ladeira, que pertencia ao complexo de Neves. Ia pra l� com meu pai. E l�, os presos nos dias de folga, jogavam dama e domin�. Aprendi com eles. Divertia-me. Era tudo muito tranquilo. N�o havia essa viol�ncia de hoje.”

Piazza lembra que o time dos presidi�rios n�o se restringia a jogar somente dentro dos muros do pres�dio. “Muitas vezes joguei com eles em preliminares de jogos do Am�rica, na Alameda. Era tudo muito tranquilo. N�o se tinha not�cias de viol�ncia e as fugas eram raras.”
O campe�o mundial de futebol conta que naquela �poca, n�o havia nem fuga. “Os presos trabalhavam em v�rios setores. Meu pai era homem de agricultura e eu ficava mais nessa parte com eles. Lembro que na Fazenda da Laje eram dois galp�es. Num deles, ficava um sal�o de jogos, a cozinha e o refeit�rio. No outro, era o dormit�rio.”
A PAN foi mostrando, ao longo do tempo, sua import�ncia para o sistema carcer�rio. L�, era feito o p�o que era distribu�do nas cadeias de delegacias, assim como o almo�o tamb�m era feito l�, com produtos produzidos pelos pr�prios detentos.

A entidade enfrentou a primeira greve em 1948. Mas o pior viria a partir da d�cada de 1980. Foram duas rebeli�es seguidas, em 1984 e 1985. Os cerca de 60 detentos apontados como l�deres das rebeli�es para denunciar a superpopula��o carcer�ria foram transferidos para o Dep�sito da Lagoinha e para Delegacia de Furtos e Roubos (DFR). E esses internos viriam a liderar uma das maiores carnificinas da hist�ria das cadeias mineiras, epis�dio que ficou conhecido como “ciranda da morte”.

Nos anos 1990, as rebeli�es continuam. A �ltima foi em 2001, quando a PAN come�a a recuperar seu car�ter principal, o de recuperar presos pelo trabalho. Ainda no in�cio dos anos 2000, um protesto dos funcion�rios do pres�dio, inclusive dos carcereiros, amea�ou a seguran�a do local e deixou a popula��o de Neves temerosa. Nessa �poca, os funcion�rios, inclusive guardas, eram terceirizados. Em 2007, o Conselho de Patrim�nio Hist�rico e Cultural de Ribeir�o das Neves aprova o tombamento municipal da penitenci�ria.