
Em 2016, 228 pessoas morreram em todos os tipos de acidentes apenas nas BRs 040, em todo o trecho mineiro, 262 (de BH ao Tri�ngulo Mineiro) e 153 (em todo o trecho que corta o Tri�ngulo), segundo a PRF. A corpora��o n�o tem um levantamento espec�fico de quantos desses mortos perderam a vida em uma colis�o frontal, mas, segundo o inspetor Aristides J�nior, assessor de comunica��o da PRF em Minas, esse � o tipo de acidente que mais mata no Brasil. “A duplica��o reduz bastante a possibilidade de uma colis�o frontal. Como a batida de frente � o acidente mais letal, se voc� o reduz, a tend�ncia � que diminua tamb�m o n�mero geral de mortes”, ressalta o inspetor. Por�m, J�nior lembra que a duplica��o n�o resolve todos os problemas, pois propicia o aparecimento de outros acidentes, como sa�das de pista e capotamentos. “A duplica��o � uma medida muito importante, mas o motorista n�o pode achar que vai poder andar acima dos limites de velocidade”, afirma.
N�VEIS O professor Paulo Resende, que � coordenador do N�cleo de Log�stica da Funda��o Dom Cabral, explica que toda rodovia tem um n�vel de servi�o, levando em considera��o uma escala que vai de A at� F, com base em um manual norte-americano. No Brasil, ficou definido, segundo o especialista, que as concession�rias deveriam elevar os n�veis de qualidade at� as categorias B ou C, o que s� � poss�vel com duplica��o. Por�m, como elas foram entregues em condi��es muito ruins, isso ainda n�o ocorreu. “As interven��es iniciais em v�rias dessas rodovias foram para sair do ruim para o razo�vel, portanto, o usu�rio ainda n�o conseguiu perceber grandes melhoras, que s� vir�o com as duplica��es”, afirma. O especialista acrescenta que, em contexto de necessidade de investir mais para fazer as melhorias substanciais, as perspectivas n�o s�o boas. “Primeiro, o tr�fego caiu com a recess�o econ�mica. Segundo, os financiadores externos fugiram do pa�s pela falta de confian�a. E, por �ltimo, o governo retirou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social) quase que inteiramente como grande financiador do pa�s”, afirma.
No caso da BR-040, ainda n�o h� uma licen�a ambiental que permita que a empresa inicie as obras no trecho mineiro entre Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Bras�lia. A Empresa de Planejamento e Log�stica (EPL), estatal respons�vel por solicitar as licen�as, informou que forneceu as informa��es necess�rias e aguarda um parecer do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov�veis (Ibama). J� o Ibama diz que aguarda manifesta��es do Instituto Estadual de Florestas de Minas Gerais (IEF/MG) e do Instituto Palmares, que n�o responderam as solicita��es. Tanto Ibama, quanto EPL e ANTT s�o taxativos ao informar que, no caso das BRs 262 e 153, j� existe uma licen�a ambiental, que est� nas m�os da Triunfo Concebra, empresa respons�vel pela concess�o, desde abril do ano passado. A companhia confirma que possuiu a licen�a, mas afirma que protocolou outros dados que ainda est�o sendo analisados pelo Ibama.
A m� not�cia � que o problema n�o parece que ser� resolvido apenas com a regulariza��o de todas as pend�ncias para emitir as licen�as ambientais. Tanto a Triunfo Concebra quanto a Via-040, empresa que administra a BR-040, j� sinalizam que n�o h� dinheiro para as obras. A Via-040 informou que, na �poca da assinatura do contrato, o governo federal prometeu liberar o financiamento via BNDES, o que n�o aconteceu. J� a Triunfo informou que aguarda o mesmo financiamento. O BNDES se limitou a informar que ainda n�o houve contrata��o para os financiamentos de longo prazo das duas concess�es, o que explica o fato de n�o ter ocorrido nenhum desembolso.

COMO FICOU?
Capacidade da BR-381
Enquanto a duplica��o de estradas concedidas � iniciativa privada est� patinando, a situa��o � ainda pior com o processo de aumento da capacidade da BR-381, entre Belo Horizonte e Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, o processo que � conduzido pelo poder p�blico. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), dos 11 lotes de obras, dois j� tiveram interven��es conclu�das, que correspondem � constru��o de t�neis e representam apenas dois quil�metros de extens�o. Outro lote com obras em andamento significa mais um quil�metro de rodovia e tem, at� agora, 38% das interven��es conclu�das. Esse lote inclui a constru��o de um viaduto de 600 metros. Em dois lotes, as obras est�o paradas, por falta de capacidade operacional, t�cnica e financeira do cons�rcio vencedor. Em outros quatro houve rescis�o de contrato, sendo que em um deles novo termo assinado com a segunda colocada. Por fim, n�o houve interessados em outros dois trechos e o Dnit estuda a melhor solu��o.