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Estado de Minas

Tombamento de carreta com gado exp�e dificuldades na Fern�o Dias

Acidente com carreta que transportava bois interrompe tr�nsito, provoca tentativa de saque e revela desafio de autoridades e concession�ria para contornar a situa��o


postado em 25/01/2017 06:00 / atualizado em 25/01/2017 07:58

Presença de 70 bois dificultou demais o trabalho para retirada dos animais e liberação da pista. População também se aglomerou e atrapalhou as ações no local(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Presen�a de 70 bois dificultou demais o trabalho para retirada dos animais e libera��o da pista. Popula��o tamb�m se aglomerou e atrapalhou as a��es no local (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
O tombamento de uma carreta com 70 bois de corte por volta das 4h30 de ontem, na tr�gica descida em curva do km 487 da BR-381, em Betim, exp�s as dificuldades das autoridades e respons�veis pela rodovia para lidar com a situa��o e uma s�rie de falhas, como a libera��o total da pista somente 13 horas ap�s o acidente. Tamb�m � mais um exemplo surreal de como parte da popula��o procura levar vantagem em detrimento do sofrimento de terceiros, pois, enquanto o motorista da Scania ainda se recuperava do ocorrido, moradores da regi�o tentavam saquear a carga.


Para cont�-los e ao mesmo tempo ajudar os funcion�rios da concession�ria que administra a rodovia a liberar o tr�fego, apenas dois policiais rodovi�rios federais. Somente �s 11h45 – ou pouco mais de 7 horas depois do tombamento – duas viaturas estacionaram com mais cinco agentes. A reten��o chegou a quase 10 quil�metros. O tr�nsito em dire��o a BH precisou ser desviado para a Via Expressa, onde a “frota extra” tamb�m fez o fluxo ficar lento.

A concession�ria da BR informou que, diante da complexidade do acidente, com carga viva, considera normal o tempo de 13 horas para a libera��o total da pista. J� o inspetor Aristides J�nior, da PRF, justificou que outros agentes atendiam ocorr�ncias diferentes enquanto dois policiais acompanhavam o acidente com a Sacania e a tentativa de saques. “Enviamos duas viaturas, �s 11h45, n�o s� por causa da carga, mas para quest�o do tr�fego e para (render os dois agentes) para que eles pudessem, por exemplo, almo�ar”, disse o policial.

A boa not�cia � que a Scania, que levava o rebanho de Iapu (Vale do Rio Doce) para Frutal (Tri�ngulo Mineiro), n�o atingiu nenhum ve�culo. Ainda por sorte, o motorista, Leandro Agostinho Silva, de 33 anos, deixou a boleia sem ferimento grave. Ele contou que perdeu o controle na descida, passou por cima da mureta de concreto que separa as dire��es contr�rias e invadiu a pista em sentido � capital mineira: “Senti a carreta pendendo para a esquerda e me preocupei em n�o acertar ningu�m”.

O estouro da boiada foi ouvido longe. E despertou alertas de especialistas, como Jos� Aparecido Ribeiro, consultor em assuntos urbanos e uma das lideran�as mineiras por melhorias nas rodovias que cortam a Grande BH. “Faltam planos de conting�ncia capazes de garantir uma resposta r�pida a epis�dios como este, que causa impacto na vida de milhares de pessoas, com preju�zos incalcul�veis. Sugiro um comit� de crises para fatos como este, com autonomia para resposta imediata, garantindo seguran�a e evitando a paralisa��o das BRs”.

Por fim, o acidente jogou holofote na quest�o dos maus-tratos a animais. Cinco bois morreram e dois fugiram. A desvirada da carreta esteve condicionada � retirada do rebanho da carroceria. Alguns volunt�rios ajudaram a socorrer os bichos, por�m, outros, mesmo com boas inten��es, aumentaram o estresse da boiada. Um homem escalou a ca�amba para mostrar a uma crian�a de colo o sofrimento dos animais.

O veterin�rio Lucas Lucena, que presta servi�o � Autopista Fern�o Dias, a concession�ria que administra o trecho da 381 entre BH e S�o Paulo, se esfor�ou para aliviar a dor dos bichos. Alguns tiveram patas amputadas e receberam doses de morfina. A carreta tombou em frente a uma empresa cujo estacionamento para visitantes � cercado por tela. O lugar foi improvisado como curral.

Os volunt�rios Diogo Henrique Silva, de 28, e Adriano Gon�alves Dias, de 40, ajudaram no resgate do rebanho. Puxaram os animais com cordas enquanto uma retroescavadeira rompia o metal da carroceria para facilitar a sa�da dos sobreviventes.

“Eu passava de moto e me pediram ajuda. V�rios bichos ficaram espremidos”, disse Adriano. Por sua vez, Diogo, que afirmou ter facilidade na lida com animais, se tornou uma esp�cie de pe�o boiadeiro, sempre se preocupando em n�o machucar a cria��o alheia.

Voluntários tiveram que virar peões boiadeiros para dar conta de retirar animais de dentro das ferragens da carroceria do caminhão(foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)
Volunt�rios tiveram que virar pe�es boiadeiros para dar conta de retirar animais de dentro das ferragens da carroceria do caminh�o (foto: Beto Novaes/EM/D.A PRESS)

O local j� foi palco de v�rios acidentes. Muitos ocorreram por imprud�ncia ou imper�cia dos condutores. Outros, por sua vez, pelas caracter�sticas ultrapassadas do trecho. “H� falhas de geometria ser�ssimas, com curvas fechadas. Precisam ser corrigidas e n�o s�o”, alertou Jos� Aparecido.

Uma das sa�das para evitar acidentes envolvendo ve�culos de carga pode ser o Rodoanel, que aliviaria o tr�nsito no trecho. A obra completa, contudo, n�o tem previs�o de sair do papel, segundo o poder p�blico. O valor do empreendimento do trecho Norte, por exemplo, foi considerado incompat�vel, na modalidade parceria p�blico-privada (PPP), com a disponibilidade or�ament�ria do estado.

Ver galeria . 10 Fotos Carreta que transportava pelo menos 30 cabeças de gado tombou na BR-381, em Betim. Alguns animais morreramGuilherme Paranaíba/EM/DA Press
Carreta que transportava pelo menos 30 cabe�as de gado tombou na BR-381, em Betim. Alguns animais morreram (foto: Guilherme Parana�ba/EM/DA Press )

Clique para ampliar(foto: Arte/EM)
Clique para ampliar (foto: Arte/EM)

�rea vira a�ougue a c�u aberto

Moradores da regi�o transformaram a entrada de uma pequena vila de casas simples, a cerca de 300 metros do acidente, numa esp�cie de a�ougue a c�u aberto. Quatro dos animais mortos foram levados para o local, depois da autoriza��o do dono da carga, segundo os pr�prios moradores, e cortados com fac�es e machados.

Havia crian�as, adultos e idosos. Homens e mulheres. Alguns levaram carrinhos usados na constru��o civil. Outros estacionaram os autom�veis e encheram o porta-malas. Cada peda�o retirado era comemorado como se fosse um gol de futebol. Apenas as tripas foram deixadas de lado.

As patas, consideradas iguarias para quem saboreia caldo de mocot�, foram disputadas at� por crian�as. “Meu pai sabe fazer e far� logo mais”, disse um garoto de aproximadamente 12 anos. J� um casal de desempregados conseguiu retirar cerca de 3 quilos, na matem�tica do pr�prio marido, de costelas.

“Haver� churrasco hoje e amanh�”, prometeu o homem, enquanto a esposa, sem esconder o sorriso, se apressava para buscar mais um punhado de carne. Outro rapaz levou o rabo e parte do pernil de um dos bois sem se incomodar com o sangue do animal escorrendo em sua camisa.

Os bois s� foram picotados no per�odo da tarde, numa cena que chamou a aten��o de quem passava pela regi�o. Mas a tentativa de levar os animais que morreram no acidente come�ou pela manh�.

Ali�s, n�o demorou muito para os primeiros curiosos come�arem a dificultar o trabalho da Pol�cia Rodovi�ria Federal, o de funcion�rios da Autopista Fern�o Dias e o de volunt�rios que retiraram os animais da Scania. Muitas pessoas tentaram puxar animais que aparentavam estar mortos para cortar, ainda no asfalto, nacos de carne.

“A maior dificuldade � a aglomera��o de pessoas, que, mesmo diante de uma situa��o ca�tica, insistem em saquear a carga”, lamentou o policial Christian Costa. Enquanto mais de 50 pessoas tentavam atrapalhar a situa��o, apenas dois agentes da PRF trabalhavam na ocorr�ncia. Algumas delas subiram na ca�amba de um dos caminh�es usados para remover os bois mortos.

Bois mortos foram liberados pelo dono do rebanho à população do entorno do acidente(foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)
Bois mortos foram liberados pelo dono do rebanho � popula��o do entorno do acidente (foto: Juarez Rodrigues/EM/D.A PRESS)


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