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Estado de Minas

Febre amarela coloca regi�o da Serra da Canastra em alerta

Depois de quatro casos suspeitos de febre amarela com prov�vel infec��o em Delfin�polis, no Sul de Minas, funcion�rios monitoram o parque nacional em busca de macacos mortos


postado em 26/01/2017 06:00 / atualizado em 26/01/2017 09:23

Vista do Parque Nacional da Serra da Canastra: até o momento, não há registro da morte de primatas(foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Vista do Parque Nacional da Serra da Canastra: at� o momento, n�o h� registro da morte de primatas (foto: Leandro Couri/EM/DA Press)
Funcion�rios do Parque Nacional da Serra da Canastra, unidade de conserva��o que abriga as nascentes do Rio S�o Francisco e fica nas regi�es Centro-Oeste e Sul de Minas, est�o monitorando diariamente a �rea da reserva em busca de macacos mortos. O alerta ganhou import�ncia depois que quatro casos suspeitos de febre amarela, com prov�vel infec��o em Delfin�polis, no Sul de Minas, apareceram, sendo que apenas um deles era morador da cidade. Dos quatro, tr�s foram notificados � Secretaria Municipal de Sa�de da cidade e nos tr�s os pacientes morreram. H� um quarto caso suspeito, de uma mulher da mesma fam�lia de outra mulher que morreu, mas a paciente j� foi liberada e passa bem. A morte de macacos, que s�o hospedeiros da febre amarela, � o principal indicativo da circula��o do v�rus em ambiente silvestre.

Segundo o diretor do parque, Fernando Tizianel, ainda n�o h� registro de nenhum macaco morto no Parque da Serra da Canastra. “Recebemos uma liga��o da Superintend�ncia Regional de Sa�de de Passos (Sul de Minas) para fazer o monitoramento e informar os �rg�os de sa�de caso sejam encontrados macacos doentes. Por enquanto n�o encontramos nenhum e seguimos monitorando. O parque est� funcionando normalmente”, afirma.

Apesar de Delfin�polis n�o estar inclu�da na �rea formal e estruturada da unidade de conserva��o, a �rea do munic�pio faz parte de um territ�rio de 130 mil metros quadrados pertencente ao parque, mas que ainda n�o foi regularizada nem tem estrutura de uma reserva ambiental aberta � visita��o p�blica. Mesmo assim, a �rea � muito procurada por turistas por conta da represa de Furnas e das muitas cachoeiras pr�ximas da cidade.

Foi em um desses passeios que as professoras Joversi do Prado Santos Guardia, de 47 anos, e Camila Maira de Morais, de 32, podem ter contra�do a doen�a, que ainda n�o foi confirmada oficialmente. As duas, moradoras de Paul�nia, no interior de S�o Paulo, s�o tia e sobrinha e viajaram para Delfin�polis em um grupo de 20 pessoas da fam�lia, moradores de Paul�nia e Pirassununga, tamb�m no interior paulista. Infelizmente, o quadro de Joversi piorou muito e ela n�o resistiu aos problemas no f�gado e nos rins, morrendo na tarde de ter�a-feira no Hospital das Cl�nicas da Universidade de Campinas (Unicamp).

“Ficamos uma semana na cidade, entre 4 e 11 de janeiro. Na v�spera de nosso retorno, fomos a uma cachoeira e almo�amos. Ela sentiu enjoo e de noite teve febre, dor no corpo e tamb�m vomitou. Ao chegar ao atendimento municipal de Paul�nia, foi diagnosticada com dengue, depois de passar a madrugada no hospital. Foi liberada no dia seguinte”, afirma Eduardo Guardia, de 46 anos, marido de Joversi. J� no dia seguinte, ela come�ou a vomitar sangue, o que motivou a procura de um hospital conveniado com o plano de sa�de da fam�lia em Campinas. De l�, Joversi precisou ser transferida para o Hospital das Cl�nicas da Universidade de Campinas (Unicamp), onde entrou na fila por um transplante de f�gado, mas n�o conseguiu um �rg�o em condi��es a tempo.

Um dia depois de a tia ter sido internada em Campinas, Camila tamb�m come�ou a se sentir mal, com calafrios, dores nas costas, tonteira e �nsia de v�mito. Ela j� foi direto para a cidade vizinha e enquanto esteve internada teve desidrata��o e queda nas fun��es do f�gado, mas conseguiu se recuperar. “Quando viajamos, n�o sab�amos do surto e n�o havia nenhum notici�rio de zona end�mica. Se soub�ssemos, n�o ter�amos ido”, afirma Camila. A sobrinha destaca que vai guardar na mem�ria as coisas boas da tia, que era uma pessoa muito alegre. “Ela j� frequentava aquela regi�o havia 10 anos e nos apresentou h� cinco anos. Ficar�o boas recorda��es”, afirma. Nenhuma das duas era vacinada, assim como a filha de Eduardo e Joversi e o marido de Camila. Eduardo era o �nico imunizado da turma de cinco pessoas que saiu de Paul�nia. J� o grupo de Pirassununga era todo vacinado, segundo a fam�lia.

A Secret�ria Municipal de Sa�de de Delfin�polis, Luciana Rodrigues Pereira, diz que est� em contato com autoridades de sa�de de S�o Paulo para garantir a notifica��o do caso de Camila, que ainda n�o est� devidamente contabilizado pelo munic�pio. Os outros tr�s casos notificados, que terminaram em morte, s�o de Joversi e de mais dois homens, sendo que um deles � paulista, mas morava em Delfin�polis. O outro � de um morador de S�o Paulo que tamb�m visitou a zona rural da cidade mineira. “Esse caso j� teve a sorologia confirmada, mas ainda aguarda a conclus�o das investiga��es”, afirma.

A respons�vel pela sa�de municipal explicou que em virtude das suspeitas o munic�pio est� agindo em tr�s frentes. “Estamos fazendo a vacina��o na cidade e nos dois distritos, analisando os casos em que realmente existe a necessidade da imuniza��o. Tamb�m estamos vacinando casa a casa na zona rural e fazendo a busca por primatas mortos. Ainda n�o encontramos nenhum, mas os relatos das equipes s�o de um sumi�o desses animais”, afirma.

A Secretaria de Estado de Sa�de de Minas Gerais (SES) informou, por meio de nota, que as informa��es repassadas pelos munic�pios s�o avaliadas pelas �reas t�cnicas da pasta e que, at� o momento, s� havia informa��o de um paciente residente em Delfin�polis que morreu por febre amarela. Entretanto, segundo a SES, o local prov�vel de infec��o (se no pr�prio munic�pio, ou n�o) ainda est� sendo investigado. Em rela��o ao refor�o vacinal, a secret�rio explicou que ele est� sendo feito nas quatro regionais de sa�de priorit�rias para a doen�a e em munic�pios nas �reas de abrang�ncia das regionais de sa�de de Pedra Azul, Diamantina e Janu�ria.
Joversi (E), que morreu depois de passeio na zona rural de Delfinópolis, e a sobrinha Camila: casos suspeitos de febre amarela contraída no Sul de Minas(foto: Arquivo pessoal/Divulgação)
Joversi (E), que morreu depois de passeio na zona rural de Delfin�polis, e a sobrinha Camila: casos suspeitos de febre amarela contra�da no Sul de Minas (foto: Arquivo pessoal/Divulga��o)

Tr�s perguntas para:

Camila Maira de Morais, de 32 anos, professora da rede municipal de Paul�nia (SP)

Como a fam�lia est� lidando com a morte de sua tia? Foram todos pegos de surpresa?
Sim, quando viajamos, n�o sab�amos do surto e n�o havia nenhum notici�rio de zona end�mica. Se soub�ssemos, n�o ter�amos ido. Estamos todos reunidos na casa da minha m�e, irm� da Jo (Joversi) dando o suporte necess�rio um ao outro. Assim � a fam�lia.

Qual � a sensa��o de ter passado por um problema semelhante e ter se recuperado?

A sensa��o � de ter nascido de novo. Para mim � um recome�o, mas com o cora��o pela metade. Por algum motivo, Deus permitiu que eu retornasse para casa. Infelizmente, minha tia retornou para a casa do Pai.

Como foi a semana que passaram em Delfin�polis?
Ficamos hospedados em um rancho alugado na zona rural, fizemos trilhas e visitamos v�rias cachoeiras. Ela (Joversi, tia de Camila) j� frequentava aquela regi�o havia 10 anos e nos apresentou h� cinco anos. Ficar�o s� boas recorda��es.

Outras �reas s�o fechadas


O surto de febre amarela em Minas Gerais j� provocou a recomenda��o pelo fechamento de duas unidades de conserva��o mineiras abertas ao p�blico, em virtude da situa��o de emerg�ncia decretada no estado pelo governador Fernando Pimentel. A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) atendeu pedido da Secretaria de Estado de Minas Gerais (SES/MG) e fechou os parques estaduais do Rio Doce e da Serra do Brigadeiro, �reas que mais recebem pessoas do Leste de Minas, �rea de abrang�ncia do surto. A visita��o ser� retomada assim que a situa��o for contornada na regi�o.


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