Quinze meses depois do rompimento da Barragem do Fund�o, a Samarco informou ontem que concluiu as obras de conten��o de rejeitos e instalou 22 sirenes de alerta sonoro tanto no complexo em Mariana quanto num trecho de 70 quil�metros entre a cidade hist�rica e a vizinha colonial Barra Longa, tamb�m devastada pelo mar de lama. Especialistas e sobreviventes acreditam que mortes seriam evitadas se o local contasse com os equipamentos na tarde da maior trag�dia socioambiental do Brasil, em 5 de novembro de 2015, quando 19 pessoas perderam a vida. O superintendente do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renov�veis (I bama) em Minas, Marcelo Belis�rio, confirma que os rejeitos est�o contidos dentro do Completo de Germano, mas pontua que cerca de 115 quil�metros ainda continuam prejudicados pelos sendimentos.
Aproximadamente 620 moradores, segundo Zezinho, moravam no lugarejo quando do rompimento. Sobreviventes acreditam que o n�mero de mortes no povoado s� n�o foi maior por milagre. Tamb�m porque trabalhadores da Samarco que tinham parentes em Bento telefonaram avisando sobre o rompimento.
Os equipamentos sonoros, agora, fazem parte do sistema de seguran�a da mineradora. “Foram colocados em todas as regi�es e ao longo dos rios Gualaxo e Doce. S�o testadas periodicamente por n�s e pela Defesa Civil. O sistema � monitorado de uma sala”, disse Rodrigo Vilela, diretor de Opera��es e Infraestrutura da joint-venture entre a brasileira Vale e anglo-australiana BHP Billiton.
A Samarco garantiu ter conclu�do as obras de conten��o de rejeitos, aumentando a capacidade de reten��o de sedimentos remanescentes do rompimento em cerca de 6 milh�es de metros c�bicos. As �ltimas estruturas finalizadas foram a Barragem de Nova Santar�m,parte do complexo, e o dique S4, perto de Bento Rodrigues.
“As duas obras complementam as estruturas j� constru�das na fase emergencial, como o dique S3 e as barreiras de conten��o. Elas fortalecem e d�o mais robustez e seguran�a ao sistema de conten��o de rejeitos constru�do durante o ano de 2016”, disse o diretor da mineradora. Ele n�o trabalhava na empresa na �poca do desastre. Questionado se houve erro na �poca, optou por concentrar as declara��es na conclus�o das obras. Assegurou, por exemplo, que n�o h� risco de novo rompimento no complexo. “N�o h� mais nada para fazer para a conten��o de rejeitos. Completamos todo o sistema e n�o h� risco depois dos trabalhos extensivos”, afirmou Vilela.

RU�NAS Na pr�tica, as obras de conten��o consistiram no refor�o dos diques j� existentes e na constru��o de Nova Santar�m e do dique S4 (veja mapa). Bento Rodrigues est� entre os diques S3 e S4. A Samarco informou que a �rea a ser alagada com a nova estrutura n�o vai afetar as ru�nas e edifica��es que n�o atingidas pelos rejeitos, como a capela e o cemit�rio.
Ainda de acordo com a mineradora, no caso do S4, o dique tem car�ter tempor�rio. Erguido com a miss�o de impedir carreamento de s�lidos da �rea impactada de Bento Rodrigues para o Rio Gualaxo, a conten��o ser� desativada na �poca de recupera��o final da �rea.
DEGRADA��O O superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belis�rio, considerou a finaliza��o das obras de conten��o no complexo como “um marco”, mas ressaltou elas abarcam apenas o controle interno dos rejeitos, faltando ainda fazer o mesmo com o material depositado em 115 quil�metros fora dessa �rea. De acordo com ele, mais da metade da lama que vazou de Fund�o ainda est� ao longo desse trecho, provocando degrada��o ambiental. Nos pr�ximos dias, uma equipe do Ibama far� monitoramento na regi�o. (Com Larissa Ricci)