A pol�mica em torno das capivaras da Pampulha se deve ao fato de serem hospedeiras do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. Tudo se iniciou em julho de 2013, depois que os animais come�aram a atacar os jardins do paisagista Burle Marx, na orla da lagoa. De l� para c�, houve apreens�o e soltura dos animais (veja quadro) e vaiv�m na Justi�a sobre seu destino. Em setembro do ano passado, um garoto de 10 anos morreu infectado pela enfermidade, supostamente contra�da no Parque Ecol�gico da Pampulha, que havia visitado dias antes de adoecer. Entre as v�rias decis�es judiciais no decorrer dos anos, a Justi�a determinou que o isolamento das capivaras teria que ser realizado at� 24 de novembro de 2016. Por�m, a PBH n�o cumpriu a decis�o.
Agora, o Secret�rio M�rio Werneck promete um fim para o impasse. Durante entrevista coletiva na tarde de ontem, Werneck informou que a partir da assinatura “imediata” do termo de ajuste e conduta, na pr�xima semana, os animais ser�o retirados da Lagoa da Pampulha e esterilizados. O retorno deles ao habit�t dever� ser feito em at� seis meses.“As capivaras j� fazem parte da paisagem da Pampulha. Definitivamente, elas n�o ser�o extirpadas. Atrairemos os animais com alimento at� o chiqueiro e fecharemos o cercado. A partir de ent�o, elas ser�o monitoradas e levadas de volta ao habit�t. Temos nos preocupamos com a qualidade de vida das pessoas e dos animais”, afirmou. A constru��o do recinto j� est� sendo preparada. Trata-se de um espa�o de 4 mil metros quadrados de �rea restrita na Pampulha para abrigar as 85 capivaras que vivem na regi�o.
Werneck ainda disse que a estrat�gia � eliminar os carrapatos. Ele chamou o procedimento de “tratamento t�cnico cient�fico”. “Nosso t�cnico contratar� especialistas imediatamente para que possamos combater tamb�m o carrapato”, disse o secret�rio. Werneck ainda frisa: “Retirar as capivaras n�o resolve, j� que existem outros hospedeiros como, por exemplo, o cavalo.
Cerca de R$ 500 mil ser�o destinados para a a��o. Segundo o secret�rio, trata-se de uma mediata compensat�ria de um bem p�blico. Portanto, foi feito um acordo com uma empresa privada. O secret�rio garante que todo o procedimento ser� coberto com esse valor.
ORDEM JUDICIAL
Sobre o impasse judicial, o secret�rio afirma que essas informa��es ser�o respondidas pela Procuradoria Geral do Munic�pio. Segundo ele, a secretaria n�o tem “legalidade nem autonomia para responder isso”. Na �ltima movimenta��o do processo, em 27 de janeiro, os autos foram encaminhados � Procuradoria Regional Federal para parecer do Minist�rio P�blico.
“Os autos dos processos foram passados hoje pela promotora, ent�o n�s sa�mos com um CD de l� e ainda n�o tivemos acesso. Mas quando h� uma multa e um acordo judicial, quer dizer que n�o ser� cobrada multa”, disse. J� em rela��o ao comando de senten�a de retirada das capivaras, esquivou-se: “Eu n�o estava aqui. Sei que alguns alegaram que foi de uma infelicidade total. Mas n�o posso externar se foi feito de uma forma certa ou n�o. Esperamos fazer da forma correta.”
A demora para o cumprimento da medida ainda incomoda a Associa��o de Moradores do Bairro Bandeirantes.”Vou atuar para agilizar esse parecer. Por ele ter uma urg�ncia, vou querer retorno r�pido. A gente atende uma transi��o de governo, que o novo prefeito tome as providencias, que ele cumpra o que o anterior n�o cumpriu. Ent�o, vamos esperar uma ordem judicia”, disse a advogada da entidade, Renata Vilela. “N�o queremos matar capivara, quero conviv�ncia harm�nica entre os animais e os seres humanos. N�s pedimos a vacina��o dos cavalos que circulam em torno da orla, al�m da dedetiza��o constante”, disse Renata.
FEBRE MACULOSA
O veterin�rio, professor de doen�as parasit�rias da Escola de Veterin�ria da UFMG, Rom�rio Cerqueira Leite, explicou que a febre maculosa � uma doen�a que fica armazenada na natureza por meio de vetores e, em condi��es favor�veis, ou seja, em locais onde encontra carrapatos e hospedeiros, ela se desenvolve. � uma patologia rara, que em geral apresenta n�mero pequeno de contamina��es, mas com impacto social grande j� que � uma doen�a muito grave que pode matar em at� sete dias quando n�o tratada corretamente. A taxa de letalidade � de 50%.
Por se tratar de uma doen�a hemorr�gica, que s�o similares entre si, o diagn�stico pode demorar ser demorado, o que contribui para o aumento da letalidade. Quando � tratada nos primeiros tr�s ou quatro dias, o paciente pode ser salvo, mas ainda corre risco de sequelas como necrose de extremidades, entope os vasos sangu�neos, isquemia e infartos.
Tr�s anos de pol�mica 2013
– A pol�mica em torno das capivaras da Pampulha come�ou em julho, depois que os animais come�aram a atacar os jardins do paisagista Burle Marx, na orla da lagoa. O vice-prefeito, D�lio Malheiros, prop�s ao Ibama uma plano de manejo para a retirada dos roedores 2014
– Empresa respons�vel pela captura dos animais s� foi contratada em mar�o. Somente depois de ajustes impostos pelo Ibama a PBH come�ou o isolamento, em setembro 2014
– Em novembro, exames realizados nas capivaras capturadas detectaram a contamina��o pelo causador da febre maculosa, o que acendeu o alerta entre moradores 2015
– Em mar�o, den�ncia de maus-tratos contra os animais que estavam isolados levou o MP a pedir a soltura dos roedores. Dos 52 capturados, 20 morreram. A Justi�a negou 2016
– Ap�s um ano de discuss�o, a Justi�a Federal deferiu pedido do Minist�rio P�blico e determinou a soltura dos animais em 4 de mar�o. Apenas 14 sobreviveram 2016
– A morte de um garoto de 10 anos contaminado por febre maculosa, reacendeu o alerta 2016
– A pedido da Associa��o de Moradores do Bairro Bandeirantes, o desembargador federal Souza Prudente, do Tribunal Regional Federal da 1ª Regi�o, determinou que os animais fossem novamente isolados, mas n�o estipulou prazo 2016
– Como a decis�o n�o foi cumprida, em 11 de novembro o desembargador determinou que o isolamento ocorra em cinco dias 2016
– Prazo para isolamento das capivaras se encerrou em 24 de novembro 2017
- Autos foram encaminhados a Procuradoria Regional Federal para parecer do Minist�rio P�blico em 27 de janeiro