O estudante Renan Afonso, de 17 anos, morador de Montes Claros (Norte de Minas), passou por uma fase dif�cil e se tornou exemplo de supera��o: em abril de 2014, na v�spera de completar 15 anos, ele recebeu o diagn�stico de um osteosarcoma, um tumor �sseo maligno que amea�ava sua vida. O rapaz foi levado para S�o Paulo, onde permaneceu por um ano em tratamento. L�, passou por cirurgia e teve a perna esquerda parcialmente amputada para a retirada do tumor, localizado na t�bia.
As dificuldades n�o tiraram o �nimo de Renan para os estudos e na semana passada, o estudante – que se recuperou, mas ainda � submetido a avalia��o m�dica peri�dica – teve o seu nome aprovado para o concorrido curso de Medicina da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes).
E fez bonito. A aprova��o se deu por meio do Programa de Avalia��o Seriada (Paes) da Unimontes, cujo resultado foi divulgado na quarta-feira. Renan foi o quarto colocado na classifica��o-geral dos candidatos do sistema de reservas de vagas da institui��o, sendo que concorreu �s vagas para deficientes.
O futuro m�dico revela que o pr�prio processo de tratamento do c�ncer contribuiu para que escolhesse a profiss�o. “Quando estava em fase de tratamento, percebi como era decisivo o papel de um m�dico na vida de um paciente. Com isso, tive vontade de cuidar das pessoas, assim como fui cuidado”, afirma. “Decidi que com a minha experi�ncia poderia fazer uma grande diferen�a em seguir nesse caminho, atuando com esse papel”, disse.
Renan foi encaminhado para o tratamento e cirurgia no hospital do Grupo de Apoio ao Adolescente e Crian�a com C�ncer (GRAACC), de S�o Paulo, um dos maiores centros especializados no tratamento do c�ncer infantil na Am�rica Latina, cujo custo � bancado, na maior parte, por doa��es. Conveniada com a Universidade Federal de S�o Paulo (Unifesp), a unidade presta atendimento gratuito, sendo tamb�m vinculada ao Sistema �nico de Sa�de (SUS).
Ap�s a cirurgia e o t�rmino das sess�es de quimioterapia, Renan voltou ao Norte de Minas h� quase dois anos. No entanto, a cada 40 dias, se desloca at� a capital paulista, para exames e acompanhamento m�dico do processo de recupera��o.
A fam�lia do estudante mora em Montes Claros. Mas, os pais dele s�o comerciantes e trabalham em Mirabela, na mesma regi�o, a 72 quil�metros de dist�ncia, onde administram um supermercado. O pai de Renan, Paulo Mota Afonso, relata que, al�m de ser muito estudioso, o filho sempre gostou de praticar esportes. Gostava de futebol e de artes marciais – jud�, karat� e jiu-jitsu –.
Ainda segundo o comerciante, o adolescente encarou bem a doen�a e jamais reclamou das limita��es que passou a enfrentar depois da amputa��o parcial da perna. A limita��o � amenizada com uma pr�tese, que ele usa h� dois anos.
A m�e do calouro de medicina, Rosemay Gon�alves Mota Afonso, destaca que Renan sempre foi focado nos estudos. Ela conta que, pouco depois de completar 14 anos, o filho come�ou a reclamar de uma dor na perna esquerda, “que n�o melhorava”.
A comerciante tamb�m relata que o filho � marcado pela f�, o que, acredita, contribuiu no tratamento. “Quando terminaram as sess�es de quimioterapia, em S�o Paulo, e os m�dicos informaram que os resultados dos exames foram satisfat�rios e que meu filho estava liberado para voltar �s atividades normais, ele disse que queria ir ao Santu�rio de Aparecida (SP) para agradecer pelo tratamento. O pedido foi atendido”, lembra Rosemary.
Aulas em hospital
Durante o per�odo do tratamento em S�o Paulo, Renan continuou os estudos. Para isso, foi atendido pelo projeto “Escola M�vel”, do GRAACC. A iniciativa permite que crian�as e adolescentes em quimioterapia e outras formas de tratamento do c�ncer assistam �s aulas do ensino regular dentro do pr�prio hospital.
“Desde o primeiro dia que estive em S�o Paulo na investiga��o do meu problema, eu estava preocupado com o vestibular, pois estava no primeiro ano do ensino m�dio, no ano em que o aluno come�a a fazer as provas do Paes da Unimontes”, lembra Renan.
Agora, o sonho dele � se especializar em ortopedia. “Meu sentimento � de realiza��o, com a certeza de que, com determina��o e persist�ncia, � poss�vel alcan�ar nossos objetivos”, afirma o estudante ao comentar o pr�prio exemplo de supera��o.