O termo, confirmado na noite de ontem pela assessoria de imprensa da administra��o municipal, foi assinado depois de um dia de pol�mica envolvendo o Carnav�lia, marcado para quatro dias (25 a 28 de fevereiro) e que pretendia reunir atra��es nacionais – Nando Reis, Paralamas do Sucesso, Buchecha, Havayanas Usadas e Gabriel, o Pensador – na maior �rea verde da capital, com 2,4 milh�es de metros quadrados de mata nativa e 59 nascentes do C�rrego da Serra. Ainda n�o foram divulgados detalhes do acordo. Consultada pelo Estado de Minas, a organiza��o disse que n�o foi notificada e que a agenda do festival permanece inalterada.
Ao longo do dia, o impasse ganhou grande destaque, foi tema de conversas entre vereadores e o prefeito Alexandre Kalil e de apreens�o entre os que compraram ingressos – h� lotes de R$ 180. Oficialmente, a Funda��o de Parques Municipais (FPM) informava que o evento ainda estava “em processo de licenciamento” junto aos �rg�os da prefeitura. Os organizadores do Carnav�lia, entretanto, afirmavam j� estar com a documenta��o pronta. Extraoficialmente, a Secretaria de Meio Ambiente se mostrava contr�ria ao evento no parque, criticado por ambientalistas e defensores dos animais e recomendava, segundo uma fonte do Executivo, a cassa��o de eventual autoriza��o para o festival.
O prefeito tratou do assunto com alguns vereadores, entre eles Orlei (PT do B), presidente da Comiss�o Especial em Defesa dos Direitos dos Animais, depois de o parlamentar ser procurado por ONGs que militam na �rea. “N�o sou contra eventos grandes, desde que em lugares apropriados. Temos outros espa�os para shows dessa natureza. O Mangabeiras n�o � �rea aconselh�vel. Pode causar impacto imensur�vel no lugar e regi�o”, justificou Orlei.
Ele foi procurado ontem por v�rios ambientalistas. Houve at� quem elaborou abaixo-assinado e divulgou protestos pela rede social. O Movimento Mineiro pelos Direitos dos Animais (MMDA), por exemplo, defendeu que o evento ocorra no parque de exposi��es do Bairro Gameleira, na Regi�o Oeste da cidade.
J� Carla Castro, que mora pr�ximo ao parque, divulgou uma carta direcionada aos artistas contratados para os shows. No texto, relatou a import�ncia do cart�o-postal para a cidade. “Os senhores sabiam que neste ‘o�sis’ vivem centenas de esp�cies de animais da fauna, algumas, inclusive, em extin��o? Sabiam que o parque faz parte de uma forma��o geol�gica denominada Serra do Curral, que � s�mbolo de BH. Essa serra, aos p�s da qual se realizar� os shows, se configura como uma verdadeira concha ac�stica, ampliando – e muito – os decib�is (do som)”, escreveu a moradora.
Outros vizinhos colocaram faixas em favor da prote��o ao Mangabeiras nas fachadas dos im�veis. Moradores de bairros distantes tamb�m se manifestaram contr�rios aos shows no local sob a justificativa de que o barulho e o vaiv�m de uma multid�o prejudicariam a fauna e a flora. “� dif�cil conciliar o som das bandas e blocos com o sossego da fauna e flora. Vale lembrar que em BH h� lugar para shows, como o Parque de Exposi��o da Gameleira”, disse o m�sico Samuel Barbosa, de 18 anos.
DOCUMENTA��O Por sua vez, a organiza��o do Carnav�lia informava que o evento seria realizado com aprova��o da PBH. Em nota no fim da tarde, divulgou que o festival “est� com toda a documenta��o e licenciamento necess�rios para realizar o evento no carnaval, que transcorrer� dentro das normas estabelecidas pela administradora do Parque das Mangabeiras e todos os �rg�os competentes”.
Os organizadores acrescentaram que o evento ser� no estacionamento do parque, n�o interferindo nas instala��es. Por fim, destacaram que “as produtoras envolvidas no projeto, em nenhum momento, foram contatadas pelos moradores do Bairro Mangabeiras e n�o receberam qualquer reclama��o direta at� ent�o. Seu �nico objetivo � contribuir para o entretenimento da cidade. Enquanto locat�rios do estacionamento do Parque, os produtores est�o seguindo todas as normas estabelecidas em contrato”.