
Nos �ltimos tr�s anos, foram quase 388 mil ocorr�ncias registradas por crimes relacionados � viol�ncia ligada ao g�nero no estado: sexual, f�sica, moral, psicol�gica e patrimonial. Os dados fazem parte do Diagn�stico da Viol�ncia Dom�stica e Familiar em Minas Gerais, divulgado �s v�speras do Dia Internacional da Mulher pela Secretaria de Estado de Seguran�a P�blica. Embora os n�meros globais de ocorr�ncias apresentem queda quando analisados ano a ano, entre 2014 (131.808) e 2016 (126.710), a delegada Dan�bia Quadros, que chefia a Divis�o Especializada no Atendimento � Mulher, ao Idoso e � Pessoa com Defici�ncia de BH, acredita que na capital os casos com rela��o direta com a Lei Maria da Penha est�o aumentando desde 2011, per�odo em que a policial vem atuando em diferentes fun��es na mesma �rea.
“Uma das quest�es que explicam o aumento que vivenciamos � o empoderamento das mulheres, que est�o denunciando mais os crimes”, afirma a policial. O diagn�stico elaborado pelo governo do estado considera v�rios tipos de crime, como homic�dios, roubos e les�es corporais. Muitos casos que n�o configuram rela��o direta com a Lei Maria da Penha acabam direcionados para outras delegacias da Pol�cia Civil, e por isso as provid�ncias s�o tomadas por outras equipes e n�o entram na estat�stica exclusiva da divis�o especializada.
Dan�bia Quadros destaca que recebe apenas ocorr�ncias com v�timas acima de 18 anos nas quatro delegacias especializadas e tamb�m na unidade de viol�ncia sexual, enquanto os dados do diagn�stico abrangem v�timas de todas as idades. Essa diferen�a pode ajudar a entender o fato de o estudo mostrar ligeira queda nos crimes praticados contra mulheres em BH desde 2014. Por�m, segundo a delegada, s� nos dois primeiros meses de 2017 j� foram 1.510 atendimentos exclusivos nas delegacias especializadas da capital, com solicita��o de 1.074 medidas protetivas � Justi�a.

RISCO EM CASA O estudo mostra que as pardas s�o os principais alvos da viol�ncia (46,2%), seguidas das brancas (32%) e negras (14,9%), enquanto amarelas e albinas aparecem com menos de 1%. A grande maioria dos agressores � bem pr�xima das v�timas. “Uma s�rie de fatores contribui para isso. Muitos homens acham que s�o donos das mulheres, mas tamb�m h� outras quest�es, como o alcoolismo e o uso de drogas”, acrescenta a delegada.
Apesar de a policial acreditar que as den�ncias est�o aumentando, ela sustenta que o n�mero de casos n�o notificados ainda � muito grande, em raz�o justamente de o agressor estar dentro de casa, intimidando a companheira. Dan�bia Quadros encoraja todas a denunciar. Em BH, o endere�o para isso � a Avenida Augusto de Lima, 1.942, no Barro Preto, Centro-Sul da capital, onde fica a divis�o especializada. H� ainda cerca de 70 unidades que investigam apenas casos contra as mulheres no interior. Caso determinada cidade n�o ofere�a a estrutura, o caminho � procurar a delegacia de plant�o.
Uma das dificuldades encontradas pela Pol�cia Civil para enfrentar casos de viol�ncia dom�stica � a maior complexidade da investiga��o, j� que muitos epis�dios acontecem em casa, muitas vezes sem testemunhas. Para a advogada Carla Silene, diretora do Instituto de Ci�ncias Penais de Minas Gerais, organiza��o aut�noma que congrega criminalistas de v�rios setores, muitas vezes trata-se da vers�o da suposta v�tima contra a palavra do suposto agressor. “Entendo que dever�amos ter outras institui��es p�blicas que pudessem intervir antes que a situa��o se torne um crime. Um �rg�o para auxiliar o casal nos momentos de dificuldade, algo parecido com o papel do Conselho Tutelar com as crian�as”, avalia.
Preven��o nas ruas e avan�o nas alturas
Motoristas parceiros da empresa Uber receber�o uma cartilha com conceitos sobre machismo, feminismo e informa��es sobre o espa�o da mulher na sociedade. A campanha em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, comemorado amanh�, tem objetivo de inibir comportamentos machistas, como os que t�m levado parceiros do aplicativo a ser alvo de den�ncias de ass�dio e viol�ncia sexual. J� no campo do trabalho, a posi��o de uma oficial do Corpo de Bombeiros de Minas exalta o avan�o da mulher na sociedade: a major Daniela Lopes Rocha da Costa � a primeira militar a comandar uma unidade a�rea no Brasil. Com 41 anos, ela est� desde janeiro � frente do Batalh�o de Opera��es A�reas da corpora��o.