
O caso ocorreu quando Taciana entrava em um coletivo da linha 3503, na volta para casa. “Quando me virei, ele me deu um tapa na cara e disse que meu cabelo era feio, al�m de fazer outras inj�rias raciais”, afirmou a jovem. Taciana conta que, com a rea��o de pessoas pr�ximas, o agressor desceu e tentou fugir em um t�xi. “As pessoas, revoltadas, n�o deixaram o taxista arrancar. Ele ent�o saiu andando a p�, em dire��o � Pra�a Sete. Fomos atr�s”, contou.
Mesmo detido pelos militares, o homem continuou com as ofensas. “As agress�es verbais, de cunho racista, continuaram na frente dos policiais, que n�o reagiram. Quando chegamos � delegacia e vi a quantidade de advogados que o esperavam, percebi que queriam passar a m�o na cabe�a dele”, reclamou a jovem. Por�m, em pouco tempo houve uma mobiliza��o via redes sociais e ativistas seguiram para o local, em apoio � cabeleireira.
Taciana revela que chegou a pensar em n�o fazer o boletim de ocorr�ncia, mas disse ter sido motivada a levar o caso adiante pelas pessoas presentes. “No in�cio, pensei que n�o ia dar em nada. Mas � exatamente por isso que as pessoas n�o denunciam, justamente pelo sentimento de impunidade”, afirma.
Levar o caso ao conhecimento das autoridades � exatamente a orienta��o dada pela delegada da Coordena��o de Direitos Humanos da Pol�cia Civil, Elizabeth Martins. Ela explica que, apesar de ainda haver muito desrespeito em rela��o � ra�a, cor, etnia, religi�o ou origem, � preciso denunciar. “Antes, ofensas eram encaradas como uma brincadeira. As pessoas se sentiam ofendidas, mas permaneciam caladas. Agora est�o tendo mais consci�ncia”, afirma. Ela diz ainda que, apesar de em alguns casos haver dificuldades para se comprovar a acusa��o, na maior parcela dos processos h� testemunhas, grava��es e registros de internet que funcionam como provas.

DESPREPARO A cabeleireira, no entanto, faz cr�ticas ao trabalho policial. Ela diz que na Central de Flagrantes da Pol�cia Civil (Ceflan) 2, no Bairro Floresta, na Regi�o Leste de Belo Horizonte, onde foi atendida, parte dos funcion�rios n�o estava preparada para lidar com a situa��o. “Quando todos viram a repercuss�o e v�rios rep�rteres na porta, um dos funcion�rios chegou a dizer: ‘Nossa, mas para que isso tudo?”, relatou.
Ela ainda se revoltou com a fian�a que permitiu a libera��o do acusado. “Quando cheguei em casa, fiquei me perguntando: que justi�a � essa? Eu n�o deixei que ningu�m encostasse a m�o no homem, justamente para garantir que a justi�a legal fosse feita. Mas a� o respons�vel, que foi pego em flagrante, paga R$ 1 mil e vai embora para casa?”, questionou. Taciana conta que em nenhum momento o agressor se mostrou arrependido. O Estado de Minas tentou contato com o homem detido pela agress�o, mas ele n�o atendeu �s liga��es. Na Ceflan 2, o advogado dele foi contatado, mas n�o quis se pronunciar sobre o caso.
Exposi��o no Detran
No Dia Internacional de Luta pela Elimina��o da Discrimina��o Racial, a Pol�cia Civil abriu exposi��o fotogr�fica chamada Invisibilidade Social. A a��o visa a marcar a data, trazendo fotografias do artista Felipe Soares, que retrata um homem negro subjugado nas ruas da cidade grande. A campanha foi iniciativa da Coordena��o de Direitos Humanos e do Departamento de Tr�nsito de Minas Gerais (Detran-MG), e ser� exibida no p�tio do departamento, na Avenida Jo�o Pinheiro, no Bairro Funcion�rios, Centro-Sul de Belo Horizonte, at� sexta-feira.