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Estado de Minas

Frota de ve�culos do transporte clandestino pode chegar a 25 mil em Minas

Estimativa � do sindicato das empresas de transporte. Entidade denuncia que ind�stria de liminares criou 'organiza��o criminosa' entre clandestinos, envolvendo de companhias a taxistas


postado em 27/03/2017 06:00 / atualizado em 27/03/2017 07:33

Embarque em Montes Claros: posto de combustíveis fechado virou uma espécie de rodoviária paralela, onde não se vê fiscalização(foto: Solon Queiroz/Esp.EM)
Embarque em Montes Claros: posto de combust�veis fechado virou uma esp�cie de rodovi�ria paralela, onde n�o se v� fiscaliza��o (foto: Solon Queiroz/Esp.EM)
Alvo de opera��o que envolveu o Minist�rio P�blico de Minas Gerais, a Pol�cia Militar, a Secretaria de Estado da Fazenda e o Departamento de Edifica��es e Estradas de Rodagem (DEER-MG), o transporte clandestino de passageiros movimenta uma rede formada por nada menos que 25 mil ve�culos em todo o estado. A estimativa � do sindicato das empresas do setor (Sindpas) e aponta uma frota formada por t�xis, vans, carros particulares e �nibus.


Assessora jur�dica do Sindpas, a advogada Zaira Carvalho Silveira sustenta que boa parte da rede do transporte pirata se ampara em decis�es judiciais que acabam protegendo os clandestinos da fiscaliza��o. O DEER informa que desde 2011 foi notificado sobre cerca de 1,9 mil liminares expedidas pela Justi�a estadual em favor de empresas e motoristas. “S�o diferentes decis�es, que inibem e impedem as a��es de fiscaliza��o do departamento, realizadas de forma rotineira em todo o estado. Entretanto o DEER/MG recorre de todas essas decis�es”, informou a assessoria do �rg�o.

Para o Sindpas, a judicializa��o favorece o aumento da ilegalidade. “Hoje � dif�cil encontrar em Minas um lugar onde n�o exista transporte clandestino. A situa��o � ca�tica na capital, no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha”, afirma Zaira Silveira. Ela reclama da falta de fiscaliza��o e afirma que a expedi��o de liminares e de outras decis�es que abrandam a puni��o contribuiu para que fosse criado um ambiente favor�vel a quem atua na clandestinidade. “Eles t�m muita tranquilidade para agir, porque raramente s�o fiscalizados, ou a puni��o � branda”, queixa-se a advogada, reclamando que h� decis�es impedindo at� a aplica��o da multa administrativa aos infratores, de R$ 1.625,70, dobrada a reincid�ncia.

LARANJAS Para o sindicato das empresas, esse quadro permitiu a constitui��o de verdadeiras organiza��es criminosas para atuar no transporte pirata e enganar a fiscaliza��o. “Essas organiza��es mant�m linhas clandestinas em todo estado, num emaranhado entre pessoas jur�dicas e f�sicas, com oculta��o dos verdadeiros donos, conforme detectado na Opera��o Ponto Final”, descreve a assessora jur�dica do Sindpas. A a��o a que ela se refere, conjuntamente deflagrada na semana passada pelo MP, fisco estadual, PM e DEER, representa uma tentativa no sentido de tratar a quest�o como crime, enquadrando a atividade em infra��es que v�o de sonega��o fiscal � usurpa��o de fun��o p�blica.

Al�m de t�xis, de donos de vans e dos falsos “caronas”, o transporte clandestino passou a feito com mais frequ�ncia por empresas que fazem viagens de linhas convencionais disfar�adas de operadoras de turismo. Segundo o Sindpas, suspeita-se de que metade das 722 companhias cadastradas no DEER para fazer fretamentos trabalhe com viagens ilegais. “Para burlar a fiscaliza��o, constantemente s�o constitu�das novas empresas. � muito comum encontrar v�rios CNPJs, com mesmo endere�o ou mesmos s�cios. H� tamb�m muitas pessoas f�sicas envolvidas”, ressalta a advogada Zaira Silveira.

A Secretaria de Estado de Transportes e Obras P�blicas (Setop) afirma que as a��es de fiscaliza��o s�o realizadas rotineiramente em todo estado por 150 fiscais do DEER. O departamento anuncia que tem intensificado a repress�o aos clandestinos e informa ter firmado parceria com a Pol�cia Militar, passando a contar com mais 650 militares treinados para atuar no setor.

Veículo do transporte irregular em Araçuaí: região teria 21 companhias de fachada(foto: Sérgio Vasconcelos/Gazeta de Araçuaí/Divulgação)
Ve�culo do transporte irregular em Ara�ua�: regi�o teria 21 companhias de fachada (foto: S�rgio Vasconcelos/Gazeta de Ara�ua�/Divulga��o)

'Gen�ricos' fazem at� publicidade

As empresas de turismo de fachada tiveram aumento expressivo no estado, e n�o parecem se preocupar em esconder suas atividades. Sem nenhum receio da fiscaliza��o, elas divulgam hor�rios e pre�os – bem mais baratos do que os das empresas regulares – para ida e volta a Belo Horizonte. Anunciam pelo Facebook, em propagandas afixada em postes e at� em folhetos entregues pelos Correios. A situa��o � comum no Norte de Minas e no Vale do Jequitinhonha.

Em Montes Claros, uma empresa oferece via Facebook viagens para a capital em micro-�nibus “todos os dias da semana”, com “pre�o promocional” de R$ 50, enquanto o mesmo tercho na linha convencional custa R$ 144. O estacionamento de um posto de gasolina fechado, no Bairro Alto S�o Jo�o, na cidade do Norte mineiro, virou uma esp�cie de “rodovi�ria paralela” da companhia. No local, a reportagem do Estado de Minas flagrou o embarque de passageiros sem qualquer tipo de fiscaliza��o.

A situa��o se repete nos munic�pios do Vale do Jequitinhonha, onde clandestinos s�o chamados pelos moradores de “gen�ricos”. O gerente de uma empresa de �nibus regular de Almenara disse que a via��o teve uma queda de 60% no faturamento devido � concorr�ncia desleal. Segundo ele, 21 “empresas de turismo” na regi�o fazem o transporte disfar�ado em linhas de passageiros que frequentemente partem para a capital.

CUSTOS A advogada Zaira Silveira afirma que, para o transporte p�blico, as empresas regulares t�m que cumprir muitas obriga��es – manuten��o de garagens e dos ve�culos, pontos de apoio, treinamento de m�o de obra, tributos e seguro, al�m de atender �s gratuidades. “O custo do servi�o � quase tr�s vezes maior do que o dos clandestinos”, reclama.

Com menos despesas, mesmo atuando ilegalmente as transportadoras clandestinas passaram a oferecer mais conforto aos passageiros. Em munic�pios do Jequitinhonha, as “gen�ricas” divulgam suas viagens oferecendo atrativos como �gua mineral, ar-condicionado e acesso � internet. Algumas recebem pagamento em cart�o de cr�dito/d�bito. Tudo isso com o pre�o bem mais em conta do que os valores dos �nibus de linhas convencionais.

Apesar da tenta��o representada pela conjuga��o de pre�o e conforto, o setor de Fiscaliza��o do DEER-MG alerta sobre os riscos para quem opta pelos clandestinos. “O transporte irregular causa severos danos a todos os setores da sociedade, devido � sonega��o fiscal; � n�o cobertura de seguridade do passageiro no caso de acidente; � falta de vistorias quanto a manuten��o dos ve�culos; � exist�ncia de motoristas n�o habilitados para dirigir ve�culos da categoria e � falta de treinamento para situa��es de riscos e para lidar com as necessidades emergenciais dos usu�rios”, informa o �rg�o.


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