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Estado de Minas

Curso de portugu�s amplia horizontes de imigrantes e refugiados em BH

Depois de concluir primeiros m�dulos do idioma, turma passa para o intermedi�rio do programa oferecido gratuitamente pelo Cefet/MG


postado em 02/04/2017 06:00 / atualizado em 02/04/2017 07:45

A professora Paula Serelle ensina português a uma das turmas formadas por imigrantes, refugiados e portadores de visto humanitário no Cefet (foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
A professora Paula Serelle ensina portugu�s a uma das turmas formadas por imigrantes, refugiados e portadores de visto humanit�rio no Cefet (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Sonho � a palavra mais bonita da l�ngua portuguesa – n�o tem d�vida a jovem haitiana Na�shah Georges, h� tr�s anos e dois meses residente em Belo Horizonte. E por qu�? Com seguran�a, ela responde que o substantivo re�ne os seus desejos mais reais: “Crescer, trabalhar para dar melhor condi��o de vida � fam�lia e rever os parentes que ficaram na terra natal”.

Para tanto, nada melhor do que aprender corretamente o idioma falado no Brasil, onde tamb�m moram o pai, a m�e e o irm�o. “Quero conseguir emprego e fazer faculdade. Ser aeromo�a ou empres�ria, depois de estudar administra��o”, revela a garota de 17 anos, alfabetizada em franc�s e crioulo e agora cursando portugu�s numa turma formada por imigrantes, refugiados e portadores de visto humanit�rio, no c�mpus I do Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Minas Gerais (Cefet), no Bairro Nova Su�ssa, na Regi�o Oeste da capital.


“� preciso tamb�m coragem”, diz o pai de Na�shah, Evens Georges, que, por enquanto, n�o v� muito jeito de voltar ao pa�s caribenho assolado por crise econ�mica cr�nica e ainda sofrendo os efeitos do terremoto que destruiu parte do territ�rio em janeiro de 2010. Enquanto a filha n�o encontra problemas para falar portugu�s, “por ser parecido com o franc�s” aprendido na escola, Georges se mant�m atento ao quadro e aos ensinamentos da professora volunt�ria Paula Serelle Macedo para seguir adiante, sem trope�os.

No s�bado, Paula concluiu o primeiro m�dulo do curso intermedi�rio, oferecido gratuitamente assim como o b�sico, na sala ao lado. “Agora, como atividade, eles v�o produzir um v�deo”, adianta a professora, lembrando que h� pessoas de v�rias nacionalidades, falando ingl�s, franc�s, crioulo, espanhol e �rabe. A capacita��o terminar� em julho e resulta do projeto conjunto da Secretaria de Rela��es Internacionais e da Diretoria de Gradua��o, com apoio da Diretoria de Extens�o e Desenvolvimento Comunit�rio do Cefet.

A haitiana Naïshah Georges aprende a nova língua e aposta no sonho de estudar e conseguir um emprego(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
A haitiana Na�shah Georges aprende a nova l�ngua e aposta no sonho de estudar e conseguir um emprego (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)

TIRAR DE LETRA
Primeiro a entrar, s�bado, na sala de intermedi�rios – a mulher dele cursa o b�sico –, o engenheiro e mission�rio da Irlanda do Norte Timothy Johnston, de 35, est� no pa�s desde agosto e falava apenas “um pouquinho” de portugu�s antes de viajar para c�. O pior, assegura, � “a gram�tica, os tempos verbais”, mas procura tirar de letra conversando com as pessoas na rua e prestando muita aten��o nas explica��es da professora. Com um sorriso discreto, Timothy, que j� fala Tim�teo quando lhe perguntam o nome, considera “compartilhar” a palavra mais bonita em portugu�s.

Natural de Buenos Aires, na Argentina, a religiosa cat�lica Em�lia Salvidio chegou h� dois anos e j� falava um pouco da l�ngua portuguesa, da� se comunicar de forma tranquila. “Mas falo mais o portugu�s de Angola, onde morei tr�s meses.” Empenhada em falar o portugu�s da melhor maneira poss�vel, a novi�a Em�lia, da comunidade das Irm�s de Maria Menina, quer trabalhar a pron�ncia e acha bem peculiar o jeito mineiro de falar. Ao ouvir do rep�rter que o povo daqui corta as �ltimas s�labas das palavras e vai emendando tudo, ela concorda e compara o “quente” que se fala no Sul do pa�s com o “quenti” � mineira. E os olhos brilham, pela intimidade com o novo idioma, como se estivesse em casa com porta aberta e iluminada pelo conhecimento.

Para a professora Paula, uma turma com pessoas de l�nguas diferentes facilita o aprendizado do novo idioma, j� que elas s� podem se comunicar em portugu�s. “Eles est�o progredindo muito. Fico muito feliz ao corrigir um texto bem-escrito”, conta a professora, destacando que um ponto fundamental � a integra��o de culturas. “Ouvimos aqui v�rios sotaques. Al�m de aprender a l�ngua, eles conversam sobre temas ligados � cultura, consumo, publicidade, sa�de e outros.” Ela nota as dificuldades, a exemplo da fon�tica, para quem fala espanhol, ou de escrita, para os de l�ngua francesa. “Recebemos at� alunos de pa�ses de l�ngua portuguesa que querem se adaptar.”

H� dois anos no Brasil, o m�dico urologista da L�bia Abdurazzag Elmudi, de 44, j� estudou portugu�s num curso para estrangeiros na Universidade Federal de Minas Gerais e pretende se estabelecer em BH, embora n�o possa desempenhar a profiss�o antes da valida��o do diploma do curso superior. Solteiro, ele confessa sentir muita saudade da m�e e n�o tem planos de voltar. “Meu pa�s n�o est� em guerra, mas h� muita instabilidade, conflitos pol�ticos”, diz Abdurazzag, lembrando que as diferen�as entre �rabe e portugu�s o deixam confuso. “Carro em �rabe � feminino e aqui � masculino”, cita como exemplo.

Chegados ao pa�s como refugiados e hoje com a situa��o legalizada, os professores Hussam Alset, de l�ngua �rabe, e George Azarm, de ingl�s e literatura, t�m certeza de que o melhor lugar para se aprender uma l�ngua � mesmo na escola. H� um ano e 10 meses em BH, Hussam revela que falava um pouco de portugu�s e, pela conversa, mostra que o banco da sala de aula, o tempo de aprendizagem e a coragem s�o perfeitos aliados nessa caminhada.

A equipe de professores do intermedi�rio, em tr�s m�dulos, � formada por Paula Serelle Macedo (l�ngua), Br�ulio Silva Chaves (cultura e sociedade) e Ana Paulo Costa (produ��o textual). J� no b�sico, trabalham Guilherme D�vila Hurtado e Marcos F�bio Cardoso de Faria (l�ngua), J�nia Moreira da Cruz (produ��o textual) e Neyuri Watanabe (cultura e sociedade).

Chegados ao país como refugiados, os sírios George Azarm e Hussam Alset voltam aos bancos de uma escola(foto: Edésio Ferreira/EM/D.A PRESS)
Chegados ao pa�s como refugiados, os s�rios George Azarm e Hussam Alset voltam aos bancos de uma escola (foto: Ed�sio Ferreira/EM/D.A PRESS)

ESPECIALISTAS
De acordo com o Cefet, que ofereceu uma turma para iniciantes no ano passado, as aulas s�o conduzidas por bolsistas do curso de Letras, alunos de p�s-gradua��o em estudos de linguagens e professores do Departamento de Ci�ncias Sociais e Filosofia, todos acompanhados por especialistas da �rea de Portugu�s como L�ngua Estrangeira do grupo de pesquisa InforTec. Para o primeiro semestre de 2017, foram formadas duas turmas, sendo uma para os alunos que j� participaram do curso em 2016 e outra para novos, que, para matr�cula, tiveram que informar o n�mero da Carteira de Identidade de Estrangeiro (CIE) e outros dados pessoais.

Ainda de acordo com o Cefet, o curso busca oferecer uma abordagem comunicativa intercultural, com foco “no letramento (dom�nio do idioma nos usos sociais) cr�tico e na vis�o de l�ngua como cultura”. A capacita��o tamb�m oferece a possibilidade de contato com o meio acad�mico brasileiro e amplia��o dos conhecimentos do imigrante sobre a forma��o da sociedade brasileira, preparando para a comunica��o no mundo do trabalho. As aulas v�o das 13h30 �s 17h45 e terminam em 24 de julho.


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