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Estado de Minas

Game que faz pacto pelo suic�dio � desafio para especialistas

Pesquisas apontam que cresce o n�mero de suic�dio entre adolescentes e jovens


postado em 14/04/2017 07:46 / atualizado em 14/04/2017 08:17

Voluntária da CVV, Ordália recebe cada vez mais chamados de jovens no 141, que ajuda a salvar vidas(foto: Beto Novaes/EM/D.A Press 27/2/12)
Volunt�ria da CVV, Ord�lia recebe cada vez mais chamados de jovens no 141, que ajuda a salvar vidas (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press 27/2/12)

Press�o emocional, car�ncia e fragilidade. As pesquisas mostram que, no Brasil, cresce o n�mero de suic�dio entre adolescentes e jovens. “Antes, era maior entre os mais velhos, embora esse patamar tamb�m continue aumentando. Agora a situa��o mudou”, diz a volunt�ria Ord�lia Mendes Soares, do Centro de Valoriza��o da Vida (CVV), entidade que atua no Brasil h� 55 anos para apoio emocional e preven��o do suic�dio. O primeiro estado no ranking � o Rio Grande do Sul e Minas Gerais est� em oitavo.

“O Minist�rio da Sa�de acompanha o nosso trabalho, tanto que foi criado, inicialmente no Rio Grande do Sul, um novo telefone para atendimento das pessoas necessitadas do servi�o. Em Belo Horizonte e interior, as pessoas podem continuar ligando para o n�mero 141”, informa Ord�lia, que trabalha como volunt�ria no CVV h� 21 anos. “Recebemos liga��es de gente de todas as idades”, diz a volunt�ria, que cita uma diferen�a de comportamento. “Antes, as pessoas ligavam, conversavam e falavam dos seus problemas. Agora, j� v�o dizendo logo que querem se matar.”

A entrada em cena de jogos ou desafios como o Baleia Azul, que nasceu na R�ssia, onde j� pode ter causado a morte de 130 adolescentes, se espalhou pelo mundo e j� chegou a Belo Horizonte, e da s�rie norte-americana Os 13 porqu�s preocupa a volunt�ria do Centro de Valoriza��o da Vida. “Os jovens s�o muito fr�geis, vulner�veis. Como se trata de algo muito novo, n�o temos informa��es sobre os impactos, mas tudo isso n�o deixa de nos preocupar. Jogos e s�ries desse tipo incentivam, estimulam e influenciam os jovens a se machucar. E eles sofrem muita press�o emocional”, ressalta.

Entre as maiores causas do suic�dio entre jovens est�o as drogas e os demais v�cios, al�m do bullying e das car�ncias inerentes � idade. “A situa��o est� assim em todo lugar, tanto em Belo Horizonte quanto no interior”, destaca Ord�lia, que recentemente participou de um semin�rio no qual foi descrito o caso de um menino de apenas 12 anos, de S�o Roque de Minas, na Regi�o Centro-Oeste, que se matou.

O Brasil est� entre os 28 pa�ses, de um universo de mais de 160 analisados pela Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS), que t�m estrat�gia de preven��o ao suic�dio. A taxa no Brasil est� bem abaixo da de outros pa�ses da Am�rica do Sul, mas � o oitavo do mundo em n�meros absolutos de casos de suic�dio. Em 2014, foram registrados 10,6 mil �bitos por suic�dio no Sistema de Informa��o de Mortalidade, taxa m�dia de 5,2 por 100 mil habitantes, praticamente metade da m�dia mundial (11,4 por 100 mil). Na Argentina, a taxa � de 10,3 por 100 mil habitantes; Bol�via (12,2), Equador (9,2), Uruguai (12,1) e Chile (12,2). A Organiza��o Mundial de Sa�de define como meta global, at� 2020, a redu��o da taxa de suic�dio em 10%.

NOVO SERVI�O Mais uma linha para salvar vidas e reduzir o sofrimento, a ang�stia e o desespero. Um acordo de coopera��o t�cnica do Minist�rio da Sa�de com o CVV vai permitir o acesso gratuito ao servi�o telef�nico oferecido pela entidade. Pessoas que sofrem de ansiedade, depress�o ou at� mesmo aquelas com risco de suic�dio poder�o conversar com os volunt�rios da institui��o por meio de um novo n�mero. Com o acordo, o CVV vai alterar ou implantar em todos os estados brasileiros, at� abril de 2020, a liga��o gratuita por meio do n�mero 188. Atualmente, quem precisa do servi�o tem de pagar pela liga��o pelo n�mero 141, que n�o ser� mais usado t�o logo os estados implantem a chamada 188.

A ideia da liga��o gratuita come�ou a ser implantada em 2015 em Santa Maria (RS), por meio de projeto- piloto do CVV e do Minist�rio da Sa�de, ap�s o inc�ndio na Boate Kiss. Com o termo de coopera��o t�cnica, a oferta gratuita ser� expandida para todo o pa�s. Al�m do atendimento telef�nico, a entidade tamb�m presta assist�ncia pessoalmente, via e-mail ou chat. S�o feitos em torno de um milh�o de atendimentos por ano. Mais informa��es no endere�o eletr�nico [email protected].

Depoimentos


“J� se passaram alguns anos, mas n�o esque�o... nem que eu viva um s�culo. �ramos grandes amigos, os melhores amigos. Afinidade de outras vidas. Ele sempre foi uma figura inteligente, cara divertido, s� andava com as meninas. Na 4ª s�rie, n�s mudamos de col�gio, cada um foi para seu lado. A amizade se manteve, mas o tempo se encarregou de nos afastar. Aos 14 anos, ele estava com outro aspecto, com o ma�o de cigarros na m�o, blus�o xadrez na cintura, quilos acima do peso, bem diferente daquele menino que conheci. Foi assim que o vi, por acaso, num shopping. Sabia da sua fase dif�cil. N�o tive coragem de abord�-lo. Meses depois, o telefone toca. Ele havia pulado do 12° andar do pr�dio. A culpa de n�o ter estado mais presente me acompanha” Helena sobre o amigo Ulisses - (nomes fict�cios)

“Desde pequena eu j� era aquela garotinha diferente pelo fato de ser gordinha e, ainda, gostar de jogar futebol. Segundo as outras pessoas, isso era incomum, afinal, menina n�o podia jogar futebol. Puseram em mim aqueles apelidos, vistos como inocente pelas crian�as, como: Maria-homem e Bola flutuante. N�o era muito legal. At� que, finalmente, eu mudei de escola e fui com o pensamento de que tudo ia ser diferente. Por�m, n�o foi. Meus dentes eram bem para fora e fui obrigada a usar o aparelho ‘freio de burro’ e mais uma vez vieram as piadinhas. Dessa vez, eram um pouco piores, j� que � medida que as crian�as crescem, a maldade em piadinhas aumenta. Mudei de escola novamente, dessa vez j� estava no ensino m�dio. Foi ent�o que parece que as coisas pioraram, me chamavam de macaca e ainda diziam que eu deveria estar no zool�gico. Falavam que eu era insignificante naquele lugar e que ningu�m gostava de mim. Com tudo isso, fui tendo v�rios problemas at� chegar ao ponto de me automutilar e pior... J� tentei tirar minha vida tr�s vezes por causa das piadinhas que os outros faziam sobre mim.”
M.L.C.S, 17 anos

“Eu estava no 6° ano do fundamental, estudava no Instituto de Educa��o. Entrei l� e o ano letivo j� tinha come�ado. N�o conhecia ningu�m. No primeiro dia j� fui zoada por meu cabelo ser cacheado... Algumas meninas jogavam papel picado, escreviam bilhete me chamando de bruxa e deixavam no meu estojo, colavam papel em mim dizendo que eu fedia. As outras pessoas riam, sabe? Eu ficava muito nervosa, cheguei a chorar na sala. Eles estouravam meus lanches, sujavam minha cadeira, colocavam cola nos meus cadernos, escondiam minha mochila, e eu nunca tive coragem de contar para diretor ou professor algum. Teve uma vez que se juntaram v�rias pessoas na escada para quando eu passar cada um me dar um tapa. Nesse dia eu n�o consegui sair do lugar. A diretora teve que ir me socorrer. Eu tinha medo de ir para a escola, minhas notas baixaram muito, inventava desculpas para n�o ir, foi horr�vel”
V.A.S., 18 anos


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