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Estado de Minas

Pelo 10� ano, ativistas abra�am a Serra da Moeda pela conserva��o da �rea

Manifesta��o no Topo do Mundo, no alto do maci�o, defende paisagem rica em nascentes e aqu�feros, essenciais para abastecer a popula��o da Grande BH


postado em 22/04/2017 06:00 / atualizado em 22/04/2017 07:31

(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
(foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)
A gravidez de sete meses traz muitas alegrias no presente, mas tamb�m um pouco de preocupa��o com o futuro. Ao lado do marido, Ronaldo Ribeiro de Morais, pedreiro, e do filho Victor, de 7 anos, a auxiliar de produ��o Rosana de Jesus Fernandes, de 40, quer um mundo saud�vel agora e inteiro para as pr�ximas gera��es. “Devemos preservar a natureza, principalmente a �gua, para que nossos filhos e netos tamb�m tenham direito a ela”, disse, no in�cio da tarde de ontem, a moradora da comunidade de Aranha, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. Ao meio-dia em ponto, junto da fam�lia e de cerca de 10 mil pessoas, conforme os organizadores, Rosana participou do ato p�blico Abrace a Serra da Moeda, realizado pela 10ª vez no local conhecido como Topo do Mundo, em Brumadinho, na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte.


Diante da cadeia de montanhas que atravessa oito munic�pios pr�ximos � capital, a advogada Beatriz Vignolo, da organiza��o n�o governamental (ONG) Abrace a Serra da Moeda, entidade promotora do ato p�blico, explicou que “o pior conflito na regi�o est� em Brumadinho, Itabirito e Nova Lima”. “A press�o vem das mineradoras e da especula��o imobili�ria. O fundamental � que esta �rea seja declarada, pelo estado, monumento natural, a exemplo do que j� ocorreu com o Monumento Natural Municipal M�e D’�gua, iniciativa de Brumadinho. � o �nico instrumento jur�dico efetivo para evitar a degrada��o completa e garantir prote��o”, alertou, lembrando que a cria��o do M�e D’�gua foi resultado da mobiliza��o na Serra da Moeda. E observou que apenas um lado do maci�o, na regi�o de conflito, est� hoje protegido.

Sempre realizado em 21 de abril, data da Inconfid�ncia Mineira, o ato p�blico desta vez fez um protesto para que a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustent�vel (Semad) tenha mais responsabilidade sobre a seguran�a h�drica da Grande BH, j� que “o �rg�o ambiental estadual vem se posicionando favoravelmente � viabilidade de empreendimentos que produzem significativos impactos na regi�o da serra, sem qualquer estudo conclusivo sobre a viabilidade h�drica dessas atividades”, segundo a advogada da ONG Abrace a Serra. Beatriz Vignolo destacou que, “embora a Semad solicite estudo de impacto ambiental na regi�o, esse se apresenta insuficiente para uma avalia��o mais profunda sobre a disponibilidade h�drica do aqu�fero, cen�rio de demanda atual e futura”.

SEM �GUA Uma den�ncia da ONG se refere ao esgotamento de algumas das nascentes que comp�em o Monumento Natural Municipal da M�e d’�gua, ap�s o in�cio das opera��es, em 2015, de uma f�brica de refrigerantes na regi�o. Conforme levantamento da Abrace a Serra da Moeda, a ind�stria, com capacidade para produzir 2,4 milh�es de litros da bebida por dia, fica na estrutura geol�gica conhecida como Sinclinal da Moeda e demanda grande quantidade de �gua a ser retirada do aqu�fero. “A nascente do Campinho, que abastecia cerca de 1 mil fam�lias, j� secou. Agora, elas dependem de quatro caminh�es-pipa”, disse Beatriz.
Famílias como a de Adriene (E) e Edmar Vieira deram apoio ao movimento na Moeda(foto: Edésio Ferreira/EM/DA Press)
Fam�lias como a de Adriene (E) e Edmar Vieira deram apoio ao movimento na Moeda (foto: Ed�sio Ferreira/EM/DA Press)

Em documento distribu�do � imprensa, o vice-presidente da Abrace a Serra da Moeda, �nio Ara�jo, relata a exist�ncia de v�rios empreendimentos previstos para a regi�o “sem estudos conclusivos que atestem se o len�ol fre�tico da Serra da Moeda suportar� a alta demanda de �gua quando todos atingirem o seu auge”. Ele adverte ainda que “mineradoras, empreendimentos imobili�rios, f�brica de refrigerantes e polos industriais poder�o consumir um volume de �gua muito superior � taxa de recarga do aqu�fero, o que poder� provocar a seca das nascentes da encosta da serra que abastecem diversas comunidades hist�ricas e servem de recarga para a regi�o metropolitana.”

DEPOIMENTOS

"Devemos preservar a natureza, principalmente a �gua, para que nossos filhos e netos tamb�m tenham direito a ela" - Rosana de Jesus Fernandes, de 40 anos, moradora da comunidade de Aranha, em Brumadinho

"Venho aqui ao Topo do Mundo desde o in�cio do projeto. � uma iniciativa importante para conquistas ambientais e tamb�m informar a popula��o" - K�tia de Lima Pereira, de 25, estudante de pedagogia, ao lado da amiga Let�cia C�ssia Rodrigues, de 18, moraores de Palhano, em Brumadinho

"Temos que nos preocupar com a quest�o da �gua, pois ela est� escasseando na regi�o. No Campinho, a fonte j� secou" - Alexandre Gloor, professor, e Keila, projetista, residentes em um s�tio em Brumadinho

Mobiliza��o para todas as gera��es


Protegidos do sol forte com bon�s, chap�us e �s vezes com as pr�prias bandeiras com letras brancas e verdes, os manifestantes, em grupos, muitos formados por fam�lias inteiras, come�aram a subir a serra cedo – de �nibus, carro, moto, bicicleta ou a p�. “Sem �gua n�o tem vida”, disse o estudante Pedro Neto, de 12 anos, ao lado da m�e, a professora C�ssia Aparecida de Souza, ambos moradores de Moeda. De M�rio Campos, Merlyn Eynne Tavares foi passear no Topo do Mundo com a filha Lanna Stefany, de 5 anos, e familiares, e aproveitou para vestir a camisa do projeto. “Foi pura coincid�ncia estar aqui hoje, mas valeu muito, pois devemos conservar o meio ambiente”, afirmou, seguindo o cortejo inicial, antes do abra�o simb�lico, que teve � frente o grupo de congado Nossa Senhora do Ros�rio de Vargem de Santana, da vizinha cidade de Belo Vale.

Certas de que a uni�o � o melhor jeito de lutar pela preserva��o dos recursos naturais, duas fam�lias do distrito de Suzana, em Brumadinho, deram as m�os e depois abriram os bra�os diante da paisagem: estavam l�, de camisa branca e bandeiras, Edmar Vieira, sua mulher, Adriene, e, no colo da m�e, a pequena Emanuele, de apenas 3 meses; e tamb�m Ronei Vicente Pimenta e Marinete Ferreira Silva, com a filha Franciele, de 6 anos, e Davi, de 11, irm�o de Marinete. Perto dali, as amigas K�tia de Lima Pereira, de 25, estudante de pedagogia, e Let�cia de C�ssia Rodrigues, de 18, moradoras de Palhano, tamb�m em Brumadinho, aplaudiam a iniciativa. “Venho aqui desde o in�cio do projeto. � importante para conquistas e tamb�m para informar a popula��o”, disse K�tia.

MAIS VERDE Quem foi ao ato p�blico n�o saiu de m�os vazias, j� que houve distribui��o de mudas de esp�cies frut�feras e decorativas. O casal Alexandre Gloor, professor, e Keila, projetista, residente em um s�tio em Suzana, em Brumadinho, ganhou uma castanheira-do-maranh�o e um ip�-branco. “J� temos um rosa e um amarelo, agora ser� a vez de plantar este no quintal”, disse K�tia, que considera fundamental o uso racional da �gua para garantir o abastecimento da popula��o. “No Campinho, a fonte j� secou”, refor�ou Alexandre.

No meio do ato p�blico, o empres�rio L�cio Dantas, de Moeda, chamava a aten��o para a preserva��o dos rios Paraopeba e Velhas, que abastecem a regi�o metropolitana. “O foco do governo estadual deve ser a conserva��o das �guas nesta regi�o”, disse, ao lado da mulher, a professora Diana Murta.

AUTORIZA��O Em nota, a Semad informou que “todas as autoriza��es ambientais s�o analisadas de acordo com estudos de impacto ambiental (EIA/RIMA) apresentados pelo empreendedor e seguem o rigor estabelecido na legisla��o ambiental”. Segundo a secretaria, na �poca do licenciamento da f�brica de refrigerantes que preocupa ativistas, a Superintend�ncia Regional de Meio Ambiente Central Metropolitana solicitou � empresa um estudo com pesquisa hidrol�gica. “O objetivo do estudo era avaliar a disponibilidade h�drica subterr�nea na regi�o, bem como seus impactos”, diz a nota.

O documento informa ainda que a Serra da Moeda � protegida por diversas unidades de conserva��o, tais como o Monumento Natural da M�e D’�gua, o Monumento Natural Serra da Cal�ada, de Nova Lima, e o Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda, que abrange os munic�pios de Moeda e Itabirito. O Parque Estadual da Serra do Rola-Mo�a tamb�m protege uma parte do chamado Sinclinal Moeda. “A unidade de conserva��o estadual Monumento Natural Estadual da Serra da Moeda foi criada em 2010 e protege as riquezas naturais, arquitet�nicas, hist�ricas e arqueol�gicas do local e � administrada pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF)”.


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