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Estado de Minas

Pesquisa da prefeitura mostra quem � a nova gera��o de ambulantes que invadiu BH

Os dados mostram que 20% t�m tradi��o informal, mas a maioria chegou �s bancas empurrada pelo desemprego


postado em 22/04/2017 06:00 / atualizado em 22/04/2017 07:26

O sonho dos ambulantes: quarteirões da Praça Sete, com movimento constante, são os mais visados, mas também os mais fiscalizados(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
O sonho dos ambulantes: quarteir�es da Pra�a Sete, com movimento constante, s�o os mais visados, mas tamb�m os mais fiscalizados (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)

Por tr�s da barulheira, bancas espalhadas pelas cal�adas e todo tipo de quinquilharia dos camel�s que voltaram a invadir as ruas da �rea central de Belo Horizonte h� um universo de diferentes hist�rias, que por sua vez comp�em uma esp�cie de mosaico da crise que assola o pa�s. � o que mostra levantamento feito pela Prefeitura de BH para apurar o total de ambulantes no Hipercentro, uma das etapas do plano de revitaliza��o da �rea, que inclui a retirada do com�rcio clandestino at� 27 de junho deste ano. A estat�stica parcial revelou a presen�a de 785 pessoas, das quais apenas 20% t�m tradi��o no mercado informal. A maioria (75%) teve carteira de trabalho assinada, mas come�ou a negociar mercadorias em cal�adas ou pra�as ap�s a perda do emprego.


E quem s�o esses novos camel�s da capital? Por raz�es diversas, eles preferem n�o revelar seus nomes, mas n�o escondem suas hist�rias. Um deles � Jos�, ex-trabalhador da constru��o civil, setor que funciona como uma esp�cie de term�metro da economia. A empresa em que ele trabalhava apostou muito dinheiro em projetos para a Copa do Mundo de 2014, sobretudo no segmento de hotelaria, mas n�o conseguiu deslanchar no mercado. A situa��o piorou com o agravamento da crise econ�mica.

A firma fechou as portas e Jos� foi para a rua. Literalmente. Agora, ganha a vida oferecendo �gua mineral e salgadinhos industrializados no entorno do Parque Municipal. Sai de casa depois do almo�o e retorna por volta das 21h. “Eu era fichado, mas a empresa quebrou por causa da crise e n�o consegui recoloca��o. Pai de fam�lia, estou aqui agora”, justificou.

Jos� mora em Belo Horizonte, como a maioria (70%) dos camel�s catalogados pela prefeitura. J� Jo�o sai todas as manh�s de Betim, na regi�o metropolitana, com esperan�a de negociar cigarros vindos do Paraguai no Hipercentro da capital. Baiano, ele trocou a vida de caseiro no litoral para ser oper�rio de uma ind�stria na Grande BH. Tamb�m perdeu o emprego por causa da crise.

Produtos industrializados têm venda restrita, embora seja fácil ver bancas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Produtos industrializados t�m venda restrita, embora seja f�cil ver bancas (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
A venda de cigarro rende a Jo�o de R$ 1 mil a R$ 2 mil por m�s. A quantia pode parecer alta para muita gente, mas a rotina � dura e o risco de perder a “mercadoria”, constante. Ele destaca que sempre precisa ficar com um olho na clientela e outro na fiscaliza��o. J� teve produtos levados “pelo pessoal da prefeitura”. O preju�zo, calcula, foi de mais ou menos R$ 300. “Foi no carnaval. Os fiscais tomaram cervejas, refrigerantes, �gua e catuaba.”

Ele n�o foi o �nico a ter problemas com a fiscaliza��o. Esta semana, o caixote de madeira que Marcos usava como suporte para venda de cigarros e �gua mineral foi destru�do pelos fiscais. Quebraram a madeira fina com os p�s. “Por sorte n�o levaram os produtos. A gente fica atento o tempo todo, mas nem sempre conseguimos escapar.”



ELDORADO

O vaiv�m da fiscaliza��o for�a migra��es tempor�rias dos camel�s. O desejo da maioria � ficar nos quarteir�es da Pra�a Sete, onde a quantidade di�ria de pedestres supera facilmente mais de uma vez o p�blico do Mineir�o em cl�ssicos entre Atl�tico e Cruzeiro. � como se fosse o Eldorado dos ambulantes.

L� h� pessoas que negociam desde livros antigos a chips de telefone celular. H� vendedores de v�rias idades, credos e ra�as. H� senhoras que vendem pares de brincos a R$ 1 cada e adesivos para unhas por R$ 2. H� senhores que oferecem quadros com imagens de artistas e jovens que exibem cofres em formato de porquinho.

Jos�, Jo�o e Marcos j� foram abordados pelos t�cnicos da prefeitura que catalogam os camel�s como uma das etapas do plano de revitaliza��o da �rea, anunciado com pompa pelo Executivo em 27 de mar�o. Naquela data, a prefeitura informou que retiraria todos os camel�s do Hipercentro em at� 60 dias, mas, a pedido do Minist�rio P�blico, o prazo foi estendido por mais um m�s (27 de junho).

Entre os materiais vendidos em calçadas há de água até contrabando(foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)
Entre os materiais vendidos em cal�adas h� de �gua at� contrabando (foto: Leandro Couri/EM/D.A.Press)


Artesanato

H� um grupo em torno de 80 pessoas, segundo levantamento da prefeitura, com autoriza��o para ganhar a vida vendendo objetos nas ruas do Hipercentro. Esse contingente n�o faz parte dos 758 ambulantes mapeados. Amparados por liminares, artes�os podem oferecer suas cria��es. Silv�nia Rodrigues, de 49 anos, � uma das beneficiadas. “L� se v�o tr�s d�cadas”, conta. Ela tem pulseiras, colares, an�is e outros objetos.

Por tr�s meses, conta, ela negociou sua produ��o em um shopping popular. N�o deu certo: “O p�blico � diferente. Em ambiente fechado, artesanato n�o sai. N�o consegui pagar o aluguel mensal, de R$ 400, e voltei para a rua”. Ind�genas tamb�m podem negociar sua produ��o artesanal.

 

Lojistas cobram mais fiscaliza��o

 

A C�mara de Dirigentes Lojistas da capital (CDL-BH) n�o concorda com a presen�a dos camel�s nas ruas da cidade. Em nota, a entidade afirma que “deve-se destacar que eles n�o pagam impostos, n�o cumprem leis trabalhistas, n�o t�m gastos com aluguel e nem IPTU”. “Por isso conseguem vender produtos a pre�os mais baixos. Por�m, apesar de mais baratos, esses produtos s�o de origem duvidosa e, por isso, n�o t�m garantia, tornando-se um risco para o consumidor”, prossegue o texto.

A entidade avalia que a prolifera��o dos ambulantes se deve mais a “falhas na fiscaliza��o do munic�pio do que � crise econ�mica”. E justifica: “Independentemente do desemprego, os camel�s estar�o sempre rondando se n�o houver uma fiscaliza��o intensa. Na vis�o de quem trabalha informalmente, � mais rent�vel ficar nas ruas do que ser assalariado”.

Entretanto, o levantamento da prefeitura indica que a maioria dos ambulantes tem interesse em migrar para o com�rcio formal. O trabalho apurou que 85% dos ambulantes do Hipercentro desejam fazer curso de capacita��o e 95% t�m interesse em trabalhar em shopping popular.


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