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Estado de Minas

Em tempos de jogo suicida, BH tem outra 'baleia' que salva

Em oposi��o ao game da morte 'Baleia Azul', hospital de BH que leva o nome do mesmo animal tem miss�o de oferecer acolhida e tratamento humanizado a milhares de pacientes


postado em 22/04/2017 06:00 / atualizado em 22/04/2017 08:59

Giulli Sanson acompanha o filho João Victor, em tratamento renal: 'Dos faxineiros aos médicos, todos são apaixonados por ele'(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)
Giulli Sanson acompanha o filho Jo�o Victor, em tratamento renal: 'Dos faxineiros aos m�dicos, todos s�o apaixonados por ele' (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A.Press)

Pelas salas de cirurgia, enfermarias e leitos de CTI de um dos mais antigos hospitais de Minas, o desafio � claro, e bem cumprido: lutar pela vida. Diferentemente do perverso jogo Baleia Azul, que tem induzindo crian�as e adolescentes, por meio de redes sociais, � automutila��o e ao suic�dio, o Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, acolhe, ampara, reverte quadros de dor e humaniza o atendimento m�dico em situa��es de sofrimento. Em comum, t�m como s�mbolo o mesmo animal marinho, mas mant�m jogos bem distintos. A institui��o, no Bairro Saudade, Leste de BH, soma 72 anos de filantropia na sa�de p�blica, com trabalho reconhecido por pacientes de 82% dos munic�pios de Minas e atestado por um p�blico de mais de 500 mil pessoas que circulam por suas depend�ncias a cada ano.


No caso do game, o nome, segundo a Pol�cia Federal, que investiga casos em todo o pa�s, teria rela��o com o comportamento suicida de baleias, que em certas circunst�ncias for�am o encalhe coletivo em praias. O jogo que se disseminou pelo mundo surgiu na R�ssia, em 2015, quando uma jovem de 15 anos se atirou de um edif�cio, o que deu sequ�ncia a outras mortes. Ao ligar os fatos, a pol�cia russa descobriu um grupo que participava de um desafio com 50 miss�es, sendo a �ltima delas acabar com a pr�pria vida. A partir da�, foram relatados cerca de 130 suic�dios naquele pa�s at� abril de 2016, quase todos atribu�dos a integrantes do mesmo grupo na internet.

No Hospital da Baleia, a realidade � bem diferente. Os respons�veis pelos desafios s�o outros: 800 funcion�rios, entre eles um corpo cl�nico de 250 m�dicos. As miss�es, tamb�m. No macabro Baleia Azul, os jogadores s�o selecionados para cumprir desafios cru�is, nos quais algu�m por tr�s da tela manipula o participante e d� ordens a serem cumpridas, entre elas automutila��o com l�minas, de forma a gerar uma sensa��o de medo e depress�o. No hospital de BH, pacientes s�o direcionados por profissionais treinados para tornar a luta pela sa�de mais leve e seguem regras de celebra��o da vida por meio de 25 diferentes especialidades. Entre elas, o Baleia � refer�ncia em Minas no tratamento de oncologia, nefrologia, ortopedia, cirurgia bari�trica, dermatologia e fissuras labiopalatais.

No caso do aposentado Alo�sio Ant�nio Costa da Silva, de 64 anos, o desafio da sa�de j� dura dois anos, e com resultados positivos. Alo�sio frequenta o Hospital da Baleia tr�s vezes por semana para se tratar de insufici�ncia renal cr�nica. Sem d�vida sobre a institui��o, ele afirma, com um sorriso no rosto: “Esta baleia � a que salva”. Na �ltima quinta-feira, quando terminava mais uma sess�o de hemodi�lise, ele detalhou sua hist�ria de dor e supera��o vivida na entidade. “Quando vim pra c�, estava em estado muito cr�tico. Gra�as � compet�ncia da equipe e ao carinho do pessoal, hoje tenho uma qualidade de vida muito melhor. Sobrevivo gra�as a eles”, contou.

Se no caso do jogo mortal a fragilidade emocional � ponto-chave para atrair novos adeptos, esse � tamb�m um quadro psicol�gico comum a pacientes e familiares que chegam ao Hospital da Baleia. Entretanto, as semelhan�as param por a�. Os caminhos no Baleia da vida s�o outros. L�, situa��es como a dor de diagn�stico, a lentid�o da cura e o sofrimento f�sico s�o tratados com zelo, aten��o e carinho. “Eles olham pra gente e sabem quando n�o estamos bem”, conta Alo�sio.

Ele, que j� viu muitas cenas em suas idas e vindas no setor de hemodi�lise do hospital, guarda uma na mem�ria. “Uma enfermeira foi ao corredor com um papel na m�o para procurar algu�m, quando viu uma senhora com aspecto de quem passava mal. A enfermeira, sem pensar duas vezes, a acolheu: ‘Voc� n�o est� bem aqui, n�o, vem comigo’”, relatou o aposentado. Ele lembrou ainda que o ato o impressionou pela bondade. “Achei uma atitude muito bonita, profissional e solid�ria”, refor�ou.

V�TIMAS E RESGATES

O jogo da Baleia Azul j� fez v�timas em pelo menos em tr�s estados. Em Minas Gerais, h� suspeita de relacionamento com o game nas mortes de dois jovens – um por overdose de medicamentos e outro por enforcamento. No Mato Grosso, a morte de uma menina em uma represa � relacionada ao jogo e uma classe de alunos j� estaria em procedimentos de automutila��o, situa��o que se repete na Para�ba. “Fiquei sabendo desse jogo, um horror. Aqui, no Baleia, � o contr�rio. Somos uma fam�lia unida”, afirma Giulli Sanson, de 47, m�e do jovem Jo�o Victor Sanson, de 13.

O adolescente � acompanhado pela equipe do hospital h� oito anos, devido a um problema nos rins. “Desde os faxineiros aos m�dicos, todos s�o apaixonados por ele”, conta a m�e, com orgulho. Debilitado pela doen�a, Victor tem poucas express�es e movimentos. Mas, apesar de n�o responder, est� atento a tudo e presta aten��o aos dizeres da m�e. “Olha l�, ele est� rindo”, apontou ela. Giulli conta ainda que Victor se tornou querido no hospital. “Ele escuta musiquinha, bate palminha, todo mundo brinca com ele. A enfermeira canta m�sicas da Xuxa, ele fica bem alegre. � muito bem tratado”, contou.

E, enquanto as miss�es do game macabro terminam em autoexterm�nio, o pequeno Isaac, de 7 meses, mostra que os duelos da vida no Hospital da Baleia t�m outros desfechos. O beb� nasceu de 35 semanas, e logo depois foi diagnosticado com meningite. Em seguida, sofreu com cinco pneumonias, al�m de uma parada cardiorrespirat�ria. Depois de longas semanas no centro de terapia intensiva, os pais dele, Andreia Ferreira Duarte da Silva, de 32, e Leandro C�sar Duarte da Silva, de 34, comemoram a sa�da do setor de pacientes cr�nicos.

“A compet�ncia dos m�dicos e demais funcion�rios salvou a vida dele”, disse a m�e. Ela relembra, ainda com um tom de empolga��o, que no dia em que Isaac saiu do CTI, a equipe toda se emocionou: “Todo mundo chorou. Sempre que podem, os funcion�rios v�m aqui para visit�-lo”, conta Andreia, que se v�, ao lado da fam�lia, pronta para os novos desafios da vida.

 

Saiba mais

Doa��o desde as origens

A hist�ria do Hospital da Baleia teve in�cio em 4 de julho de 1944. A antiga Fazenda do Baleia – na mata que leva o mesmo nome, por ter o formato do animal quando vista de cima – foi cedida pelo ent�o governador de Minas Gerais  Benedito Valadares ao industrial mineiro Benjamin Ferreira Guimar�es. Junto do filho, Ant�nio Mour�o Guimar�es, e o m�dico e amigo Baeta Vianna, Benjamin viabilizou a cria��o do hospital, constru�do como parte da Cruzada Mineira contra a Tuberculose, com doa��o de 20 milh�es de cruzeiros. Com o tempo, o hospital se especializou no atendimento cir�rgico e ortop�dico. Gradativamente, ampliou sua atua��o, oferecendo v�rias especialidades m�dicas. A institui��o foi uma das primeiras de Belo Horizonte a estabelecer parceria com o poder p�blico, em 1987, passando a atender por meio do Sistema �nico de Sa�de (SUS), implantado no pa�s no ano seguinte.

 


raio-x de
um gigante

O Hospital da Baleia em n�meros

Institui��o filantr�pica com 72 anos

Atende moradores de 694 munic�pios


82% do total do estado

P�blico circulante: M�dia de 500 mil pessoas/ ano


25
especialidades m�dicas

» Centros de refer�ncia em oncologia, nefrologia, ortopedia, cirurgia bari�trica, dermatologia e fissuras labiopalatais

» Equipe multidisciplinar de aten��o � sa�de (psicologia, fonoaudiologia, nutri��o cl�nica, fisioterapia e servi�o social)


46.300
atendimentos ambulatoriais


24.300
atendimentos infantis


10.000
interna��es


11.600
cirurgias e procedimentos


45.000
sess�es de hemodi�lise


35.000
sess�es de quimioterapia


170
leitos de interna��o


800
funcion�rios, sendo 250 m�dicos


R$ 1,3 milh�o

� o d�ficit operacional mensal da institui��o


R$ 60 milh�es
� a atual d�vida do hospital

Fonte: Hospital da Baleia


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