
Itabirito e Rio Acima – A amea�a de contamina��o por rejeitos de atividades mineradoras � o pior impacto a que o Rio das Velhas est� sujeito na regi�o de Rio Acima, na Grande BH. S�o v�rios empreendimentos com barragens que amea�am chegar ao rio diretamente ou por meio de tribut�rios, segundo den�ncias do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas (CBH-Velhas), que ontem, no quarto dia da expedi��o “Rio das Velhas, te quero vivo”, vistoriou minas que amea�am contaminar as �guas do manancial. A pior situa��o � a da antiga Mundo Minera��o, uma mineradora que extra�a ouro e que encerrou suas atividades em 2011. A planta foi completamente abandonada e o conte�do da barragem, repleta de metais pesados, tem escorrido com as chuvas e pode atingir o leito, que corre a dois quil�metros do local, justamente no ponto onde a Copasa capta a �gua que abastece 60% de Belo Horizonte.
“Seria preciso que o poder p�blico assumisse a seguran�a desse empreendimento e garantisse a estabilidade da represa, pois nada tem sido feito para monitorar a solidez das barragens. Empresas como essa, que simplesmente encerram suas atividades, deveriam ter fundos para a manuten��o das estruturas que seguem contendo seus rejeitos”, disse Polignano. Segundo a t�cnica da secretaria de Meio Ambiente de Rio Acima, Z�lia Moreira de Sales, o espa�o da mineradora tem sido invadido e suas estruturas, saqueadas. “H� um grande perigo aqui, pois n�o sabemos que tipo de material est� estocado nos tanques da mineradora, e se isso pode vazar com a a��o dos ladr�es”, afirma.
A equipe do Estado de Minas acompanhou os ambientalistas do Projeto Manuelz�o, de defesa do Rio das Velhas, do CBH-Velhas e representantes do munic�pio na vistoria ao local da mineradora. Desde a �ltima segunda-feira, a expedi��o mostra impactos e cobra revitaliza��o do rio. Enquanto canoeiros descem em caiaques pelo curso h�drico, atores e ambientalistas promovem a��es de conscientiza��o nas comunidades que ficam no caminho.
Na antiga �rea de minera��o, o abandono � evidente. Os port�es de acesso da planta est�o no ch�o, permitindo a entrada de qualquer pessoa. V�rios tanques enferrujam sem manuten��o, em um espa�o que est� alagado pela �gua das chuvas. Carros e tratores foram completamente “depenados”, tendo motores e outros equipamentos mec�nicos levados. O dique das barragens est� repleto de valas de eros�o causada pela chuva e o mato cresce em moitas por todo lado, tomando o espa�o de antigos refeit�rios, armaz�ns e estruturas de controle da antiga empresa de extra��o mineral. O Estado de Minas tentou, sem sucesso, contato com representantes da Mundo Minera��o. At� onde se sabe, a empresa deixou de existir.
DESCREN�A Por�m, n�o � apenas a devasta��o pelas mineradoras que torna o Rio das Velhas polu�do, assoreado e com diversos ac�mulos de rejeitos nas margens e leito. Justamente em Rio Acima come�am os mais importantes despejos de esgoto da Grande BH. No Centro da cidade mesmo, quando o Rio Mingu encontra o Velhas, chegam diversas l�nguas de �gua cinzenta e malcheirosa proveniente dos esgotos da cidade. Manilhas e canos que trazem a �gua contaminada se multiplicam pelas margens, tendo como destino as �guas que mais adiante abastecer�o Belo Horizonte.
A situa��o do rio desanima a popula��o, que j� se mostra descrente de seu resgate, que � o objetivo maior da expedi��o. Iniciativas como as metas 2010 e 2014, que propunham despoluir o Velhas a ponto de suas �guas poderem abrigar peixes e permitir a navega��o e a nata��o acabaram falhando, ainda que avan�os tenham ocorrido, como a instala��o das esta��es de tratamento de esgoto dos ribeir�es Arrudas e do On�a. “Infelizmente, n�o acho que vou voltar a nadar no Rio das Velhas. Tanta coisa j� foi falada e muitas promessas feitas, mas basta andar por aqui, em Rio Acima, para ver esgoto caindo diretamente no rio. Coisas que, a uma altura dessas, n�o poderiam ocorrer de forma alguma”, disse o aposentado Florindo Ferreira, de 55 anos, morador de Rio Acima.
Pouco antes das bocas de esgoto, o Rio das Velhas ainda tem vigor e contracena nos vales �ngremes com a vitalidade da mata atl�ntica em regenera��o. O trecho sinuoso � povoado por p�ssaros que deixam as copas em revoadas. Um terreno que segue percorrido pelos remanescentes de uma antiga ferrovia desativada.