A expedi��o � uma iniciativa do Comit� da Bacia Hidrogr�fica do Rio das Velhas (CBH-Velhas) e do Projeto Manuelz�o, de revitaliza��o do Velhas, com apoio das prefeituras do Alto Rio das Velhas. Ontem, quinto dia da jornada que � acompanhada pelo Estado de Minas, a paisagem que recepcionava os caiaques em Raposos j� mostrava como o rio � agredido na �rea que engloba a capital mineira. O assoreamento ali � grave. S�o tantos os bancos de areia e de min�rio vermelho acumulados pelo leito que a �gua � obrigada a correr por um estreito circuito, comprimida em uma sucess�o de curvas fechadas, em uma situa��o que se agrava com o desbarrancamento de encostas e deposi��o irregular de entulho nas margens.
O esgoto bruto lan�ado no rio bem no Centro da cidade de Raposos, entre as pontes e bem em frente a �reas de lazer, como playgrounds e espa�os para exerc�cios, tornam desagrad�vel aos cidad�os a pr�tica de atividades. “Vi que debaixo das pontes muitos aproveitam para lan�ar o esgoto pelas manilhas e conex�es irregulares. S�o tamb�m pontos onde muitas vezes as pessoas n�o conseguem enxergar, mas muito lixo acaba sendo jogado ou se acumulando. Quem passa pelo rio consegue ver nitidamente”, aponta o cano�sta Elias Gon�alves Nogueira, volunt�rio da expedi��o.
Mais adiante, a l�gica se inverte. Se antes afluentes e efluentes chegavam turvando o Rio das Velhas de contamina��o, a caminho de Sabar� o n�vel de polui��o no leito principal j� � t�o alto que, em vez de os c�rregos sujarem o Velhas, suas �guas s�o engolidas pela massa espessa e escura de �gua polu�da.
� que ocorre com c�rregos e ribeir�es ainda l�mpidos que descem de um outro local onde a press�o de ambientalistas por preserva��o � grande, o Aqu�fero do Gandarela, um parque federal na Grande BH que muitos consideram a reserva de �gua mais pura da regi�o. Das serras chega um l�quido cristalino, ainda trazendo respiro de oxig�nio ao Velhas. Alguns expedicion�rios aproveitaram, inclusive, para nadar em um dos c�rregos mais l�mpidos de todo o trajeto, o Ribeir�o dos Cristais, que vem do Gandarela completamente natural, passa por uma barragem de regulariza��o onde muita gente ainda se banha, apesar de metros adiante a mata ciliar ter sido dizimada e ocupa��es clandestinas espremerem as margens.
CALDO F�TIDO
Rio abaixo, o cheiro de esgoto � forte e agressivo, mesmo quando a natureza volta a abra�ar o Velhas com matas ciliares mais densas e aparecem diversos ranchos nas barrancas. Muitas invas�es trazem aterramentos clandestinos e despejo de lixo e entulho das comunidades. “N�o d� mais para disfar�ar, quem desce dentro do rio sente o esgoto exalando forte, � uma coisa triste que tinha esperan�a de que tivesse acabado ou reduzido, mas com a falta de �gua os esgotos parecem ainda mais concentrados”, observa o cano�sta e coordenador do subcomit� das nascentes do Rio das Velhas, Ronald Guerra, o “Roninho”.
Ap�s tantos percal�os, a expedi��o chegou a Sabar� desviando de mais descargas de esgotos, mas abra�ada pela popula��o, que aplaudiu os expedicion�rios, na esperan�a de que a presen�a deles signifique realmente revitaliza��o para um dos mais importantes rios mineiros. “Temos de entender que necessitamos do rio. O Velhas j� chegou a ser naveg�vel nesta regi�o e hoje mal nos abastece. Sem a vida neste rio, deixaremos de ter a vida na nossa sociedade como ela �”, alertou o presidente do CBH-Velhas, Marcus Vin�cius Polignano.