(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Ator denuncia agress�o por interpretar homossexual em pe�a de teatro

Durante uma partida de futebol entre conhecidos, homem xingou, deu socos e chutou um dos jogadores, que interpreta personagem gay em espet�culo


postado em 09/06/2017 06:00 / atualizado em 09/06/2017 09:25

Gerson Marques (D), em cena da peça 'Certos rapazes', que teria levado o agressor a confundir realidade e ficção e escancarando sua homofobia(foto: Divulgação da produção)
Gerson Marques (D), em cena da pe�a 'Certos rapazes', que teria levado o agressor a confundir realidade e fic��o e escancarando sua homofobia (foto: Divulga��o da produ��o)
A que ponto chega o preconceito? Num caso ocorrido anteontem � noite na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte, ele se traduz na intoler�ncia. Tamanha, que levou um homem a escancar a homofobia ao “confundir” fic��o com realidade, personagem com gente real. Durante uma partida de futebol entre conhecidos, xingou, deu socos e chutou um dos jogadores, por achar que ele � homossexual. A v�tima � heterossexual  e interpreta um personagem gay numa pe�a de teatro em cartaz na capital. A atitude do agressor escancarou a homofobia, a coniv�ncia de pessoas capazes de presenciar atos de covardia sem nada fazer para interromp�-los, e como o desrespeito � identidade de g�nero e orienta��o sexual est� entranhada na ignor�ncia.

 

“� aterrorizante, porque a gente n�o acredita como algu�m acha que voc� � gay, vem para cima e te ataca agressiva e fisicamente”, relata o ator Gerson Marques, de 23 anos, um heterossexual que sentiu na pele o que at� ent�o estava retratando apenas na fic��o. O futebol era sagrado �s quartas-feiras e, at� anteontem, nenhuma brincadeira de cunho preconceituoso jamais havia sido feita.

Gerson acredita que o agressor tenha visto numa rede social postagens sobre a pe�a Certos rapazes – o nosso amor a gente inventa, v�deos de entrevistas e depoimentos sobre o personagem Pedro Henrique. A pe�a, que tem ainda o ator Guilherme Neves, que d� vida a um outro Guilherme, conta a hist�ria de dois rapazes de vidas completamente diferentes, que se conhecem num aplicativo e t�m um relacionamento. “Cheguei e essa pessoa come�ou a me chamar de veado, bicha. Ignorei e continuei jogando bola. Ele estava l� para me provocar. Na cabe�a dele, acha que sou gay. Durante o jogo, percebi que ele estava me marcando demais, com voadoras, empurr�es, cotoveladas e fui me defendendo disso”, conta.

Ao receber uma voadora nas costas, que ainda lhe deixa o corpo dolorido, Gerson parou o lance. “Perguntei qual o problema dele com veado, se era homof�bico, se era machista, trazendo a discuss�o sobre o que ele estava falando, que era grave e imoral. Ele se sentiu ofendido por eu cham�-lo de homof�bico e machista. Come�ou a insinuar que eu estava encostando e relando nele, usando o futebol para me aproveitar”, acrescenta.

Depois de p�r em evid�ncia a gravidade da situa��o, o ator preferiu continuar o di�logo, mas o homem come�ou as agress�es f�sicas, lhe dando socos e chutes. A a��o durou cerca de 15 minutos. “Ningu�m se importou com a atitude dele nem separou. Estavam achando gra�a. Fui s� me defendendo, pois n�o queria brigar com ele”, afirma. Ao conseguir se desvencilhar do rapaz, Gerson foi embora discretamente, aproveitando que o futebol havia sido retomado pela turma. “Todo mundo estava conivente e sabia que ele estava me provocando, esperando apenas que eu revidasse para ir tamb�m para cima de mim. Sabia que estava em desvantagem. Eu consegui refletir sobre o que poderia ocorrer naquele momento e depois”, diz.

Segundo a v�tima, o fato deu ainda mais for�a para seguir com a pe�a. “Quando fazemos o espet�culo, trazemos o m�ximo de verdade. Apesar de fic��o, as pessoas se identificam, pois � o que a sociedade vive, o amor, a cumplicidade, os pesares, todos os preconceitos e opress�es, homofobia e racismo. A pe�a � uma mensagem de amor, de cumplicidade, de que toda forma de amor vale a pena.”

O ator diz que a agress�o leva a uma reflex�o sobre a situa��o de milhares de pessoas no pa�s. Dados divulgados no in�cio do ano pelo Grupo Gay da Bahia mostram que o ano de 2016 foi o mais violento desde 1970 contra pessoas LGBTs: foram registradas 343 mortes. Os n�meros fazem do Brasil o campe�o mundial de crimes contra as minorias sexuais. “A luta � contra o preconceito, a homofobia, tudo. Numa sociedade t�o evolu�da e avan�ada, ainda h� uma parte rasa que pensa baixo, que � muito ignorante”, diz. “Todo dia algu�m est� morrendo por causa desse preconceito. Sentir isso na pela � uma forma de se sentir encorajado a lutar ainda mais por esse movimento, que � a liberdade de ser.”

 

SERVI�O
Certos rapazes
o nosso amor a gente inventa

Local: Teatro Sesiminas (teatro de bolso). Rua Padre Marinho, 60, Santa Efig�nia.
Sextas e s�bados, �s 21h, e domingos, �s 19h
Ingressos: Posto do Sinparc ou pelo vaaoteatromg.com.br


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)